Por que o custo da energia não para de subir
Foto: Bradley Ziffer (Unsplash)

Por que o custo da energia não para de subir

Foi anunciado no dia 28/09/18, pela Aneel, a manutenção da bandeira tarifária vermelha patamar 2. Isso significa que a energia elétrica ficará R$5,00 mais cara a cada 100 kWh. Esse é o 5º mês seguido que a Aneel estabelece essa bandeira tarifária.

Além disso, as distribuidoras de energia reajustam os valores das tarifas anualmente e, no Espírito Santo, esse reajuste foi de 15,87%, aprovado pela Resolução Homologatória nº 2.432 de 07/08/2018 . Portanto, para os próximos 12 meses, a tarifa de energia elétrica em baixa tensão para consumidores residenciais no ES será de R$0,562/kWh. O ES ocupa apenas a 30ª posição, segundo o Ranking das Tarifas da Aneel. A tarifa mais cara do país é a da Ceres, do RJ, com o valor de R$0,765/kWh.

É importante frisar que esses valores ainda não levam em consideração o ICMS, PIS/PASEP e Cofins, Taxa de Iluminação Pública e a Bandeira Tarifária.

Segundo a Aneel, a bandeira continuará no patamar mais alto porque o cenário hidrológico foi desfavorável e não se vislumbrou melhora significativa do risco hidrológico. Ou seja, não choveu o suficiente para melhorar os níveis dos reservatórios.

Veja abaixo como funciona o sistema de bandeiras tarifárias.

Por que dependemos tanto da chuva para produzir energia elétrica?

Basicamente, porque quase 70% da matriz energética do Sistema Interligado Nacional (SIN) é composta por Hidrelétricas, conforme gráfico abaixo. Isso faz com que sejamos reféns das chuvas, que estão cada vez mais intensas em períodos curtos e menos frequentes.

Por isso é importante investir na diversificação da matriz energética, principalmente com participação maior das fontes renováveis. Segundo dados da ONS referentes ao mês de Agosto de 2018, menos de 10% de toda a capacidade instalada no país provém de energia eólica e solar. Enquanto as usinas térmicas, cuja energia é mais cara (apesar de terem sua importância em situações de emergência), representavam 21,8% da capacidade.

No Brasil, algumas medidas realizadas recentemente em diversos pontos do território nacional indicam a existência de um imenso potencial eólico ainda não explorado.

A energia do futuro

Energias renováveis como a eólica e a solar possuem grande potencial no Brasil. Além do benefício de serem fontes de energia limpa, são mais baratas e ajudam a gerar empregos em regiões diversas.

Segundo a ONS, existem atualmente mais de 30.000 turbinas eólicas de grande porte em operação no mundo, com capacidade instalada da ordem de 13.500 MW.

No Brasil, algumas medidas realizadas recentemente em diversos pontos do território nacional indicam a existência de um imenso potencial eólico ainda não explorado. Considerando esse potencial, é possível produzir eletricidade a custos competitivos com centrais termelétricas, nucleares e hidroelétricas.

A capacidade instalada no Brasil, segundo a ABEEólica, é de 13,30 GW distribuída entre as 530 usinas eólicas instaladas. Além disso, existem dezenas de turbinas eólicas de pequeno porte funcionando em locais isolados da rede convencional para aplicações diversas — bombeamento, carregamento de baterias, telecomunicações e eletrificação rural.

Esses números representam uma redução na emissão de 23 milhões de toneladas/ano de CO2, além dos benefícios ilustrados abaixo.

Já a energia solar, mais comum em residências, caminha a passos um pouco mais curtos, representando apenas 0,8% da capacidade instalada. No entanto, estima-se que, até 2024, 886,7 mil unidades consumidoras irão receber créditos dessa energia e, assim, totalizar uma potência instalada por volta de 3,2 gigawatt, segundo a Aneel.

O Brasil tem um enorme potencial para geração de energia solar, já que possui mais incidência solar do que países como Alemanha, China e Estados Unidos da América, muito mais avançados no uso dessa fonte. São 5,4 quilowatt-hora por metro quadrado de potencial de geração, segundo a ABSOLAR.

Conclusão

O Brasil é um dos países com maior potencial para geração de energia renovável no mundo (aproximadamente 75% de fontes renováveis na oferta de energia elétrica), mas ainda não usufrui de todo esse potencial.

Precisamos que nossos políticos se esforcem mais nessa matéria, criando políticas de incentivo e redução de impostos. E cabe a nós cobrar isso deles.

Felipe Petarli

Engenheiro Eletricista

Marcos Baldigen

Especialista Seguro Garantia na GemAway Seguros | Desenvolvimento Estratégico de Negócios, Gestão de Seguros

5 m

Thanks for sharing!

João Sewaybricker

Gerente de Construção e Projetos | Engenharia de Transportes | Aeroportos e Aeródromos

5 a

Ótimo artigo! O país parece que sempre deixa pra se planejar pro futuro quando já é passado. Há anos que se fala do potencial brasileiro para energias renováveis, infelizmente a classe política não tem essa visão.

Boa noite, Felipe É uma pena que nosso potencial não seja melhor explorado. Parabéns pelo artigo. 

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