Por que o disruptivo sobreviverá à crise?

Por que o disruptivo sobreviverá à crise?

Já nos acostumamos ao termo na área de startups e empreendedorismo: disruptivo. Grosso modo, a chamada inovação disruptiva, que vem sendo comemorada há alguns anos, é o ato de romper um mercado com a inserção de um novo conceito, ideia, padrão ou prática. Bem, no Brasil atual, não é mais preciso “quebrar” mercados – já o fizeram por você. Contudo, o disruptivo será, uma vez mais, o diferencial que vai manter seu negócio vivo: seja ele uma barraca de hot-dog ou uma grande corporação.

Um colega outro dia, acreditem ou não, que vende pastéis com a família em feiras, resolveu ousar: passaram a atuar em dias de folga e durante a noite em condomínios enormes dos arrabaldes de São Paulo, servindo pastéis na hora. Um grande sucesso. À priori, dirão os “puristas” do meio startups, não há nada de disruptivo em vender pastéis de feira.

Sim, mas vendê-los dentro de um grande condomínio durante a noite é completamente disruptivo. Famílias de classe A e B, com rendas mais achatadas por dívidas e pela crise, substituíram jantares e saídas para comer por alguns simples pastéis de R$ 5,00. Atuando em um mercado inexistente para feirantes, esse rapaz não apenas escalou seu negócio, mas também atacou frontalmente “concorrentes” que nem sabem até hoje que ele sequer existe, entre eles lanchonetes multinacionais, como McDonald’s e Burger King.

Seis efeitos

E todo mundo continua falando em inovação disruptiva – sem saber que na simplicidade é que ela se encontra, e pode ser a grande saída da crise. A inovação disruptiva será a salvação para alguns, e motivo de naufrágio ainda mais desastroso para outros. Ela causará, enquanto novos empresários e visionários criam novas formas de implementar modelos, efeitos que agravarão a crise em alguns segmentos, incidindo diretamente:

  • Nos preços
  • Na velocidade de atendimento e produção
  • Na qualidade
  • No grau de eficiência
  • Na durabilidade
  • Na conveniência

Qualquer ideia ou conceito poderá chamar-se de disruptivo quando for capaz de criar boa parte desses efeitos de forma simultânea em um mercado. Voltando ao pastel, podemos dizer que certamente os patamares de preço foram alterados. Pizzarias dessas regiões terão de vender mais barato, e lanchonetes terão de realizar mais promoções. Quanto à velocidade – bem, um pastel é frito em dois ou três minutos, e atualmente perdemos 10-15 minutos em filas e balcões, mesmo em lojas de fast-food.

Quanto à qualidade, o pastel parece ter sido um sucesso. Outras lojas de lanches e salgados na região terão de usar de muita qualidade para convencer os consumidores a desistir do pastel. Quanto à eficiência, os feirantes mostraram que são capazes não apenas de fritar pastel, mas também de fechar grandes parcerias com empresas e condomínios. O pastel não é durável, mas até aí, qualquer concorrente no mercado de food service também envolve consumo imediato – é um atributo indiferente.

Em relação à conveniência… bem, levaram a feira para dentro do seu condomínio…. não há o que falar.

Quebrar para sobreviver

Muitos mercados “quebram” ou são praticamente destruídos ou reinventados durante uma crise das proporções da atual. Com menos “opções” na mão, o mercado, seja aquele formado por consumidores ou por empresários, busca respostas novas e diferentes para problemas que, em outros carnavais, eram corriqueiros. Essa clientela que os “seis efeitos” em seu negócio: pagar menos, ser atendidos mais rápido, obter melhor qualidade, encontrar respostas mais convenientes, soluções que durem mais.

Alguns paradigmas e, principalmente, alguns modelos de negócio, simplesmente não conseguem oferecer tudo isso a toque de caixa. É difícil se reinventar quando algo “dava certo” por anos, ou décadas. Segmentos inteiros irão “quebrar” segundo alguns – quando na verdade apenas irão ceder espaço a uma nova gama de empresários, capazes de reinventar sua dinâmica e o modo com que opera. Sobreviver, nessa circunstância, significa quebrar. Ser disruptivo.

  • Quebrar paradigmas
  • Quebrar tabus
  • Quebrar tradições
  • Quebrar modelos de negócio
  • Quebrar concorrentes ineficazes
  • Quebrar contratos, quando necessário

Se você não pretendia QUEBRAR, talvez seja hora de se preocupar menos com as consequências e mais com a insustentabilidade da situação. Afinal, quem não quebra por conta própria, acabará quebrado mais cedo ou mais tarde.

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