POR QUE SUA EMPRESA NÃO CRESCE?
Este tema tem muitas vertentes para se discutir, são vários os problemas envolvidos que fazem com que uma empresa não saia do lugar ou quando pensa que sai, na verdade está totalmente desorganizada e com risco de falência.
Quero me ater apenas em dois fatores relevantes que prejudicam tanto organizações quanto seus colaboradores.
EMPREGADOR
Uma empresa não cresce por que o empregador não entende que seus colaboradores fazem parte de um plano de expansão da sua empresa.
Essa mentalidade de que cada um deve fazer seu papel e cumprir suas obrigações não ajuda muito. Uma empresa precisa passar uma visão de cooperativismo para os colaboradores. Eles devem saber que fazem parte de um plano de expansão, de um projeto de crescimento em que eles estão engajados e são importantes para atingirem as metas da empresa. A empresa deve passar a sua visão e missão colocando os colaboradores como coadjuvantes, que terão suas recompensas conforme a política de reconhecimento ou valorização da empresa. Essa forma de administrar vai trazer benefícios para todos, pois o colaborador saberá que tem o seu valor para a empresa, que está ali por uma causa, um projeto, por uma missão, uma parceria. Ele não vai pensar que está perdendo seu tempo naquela empresa, que deveria estar trabalhando para si mesmo, que poderia estar produzindo algo de bom para a sociedade, sendo que na verdade está, mas não sabe, não foi avisado pela empresa, não se sente parte de um projeto maior.
Obviamente que a seleção para contratação deve ser bem feita, identificando o perfil para a vaga para não ser surpreendido por achar o colaborador incompetente, sendo que na verdade está exercendo uma função incorreta.
Vejo empresas contratando gestores que deveriam trabalhar analisando os números, alinhados com a política e objetivos da empresa, acompanhando o clima organizacional, mas de fato esses profissionais acabam atrás de uma mesa fazendo trabalhos de assistentes, porque a alta gestão, quando despreparada, acaba achando que se um colaborador não tem papéis em cima da mesa, este não está trabalhando.
O empregador perde por não ter uma política clara de inclusão do colaborador, onde não existe uma visão de parceria e valorização. Isso não tem a ver apenas com um plano de carreira, mas de alinhamento com a visão e missão da empresa.
Quando o colaborador pensa que é uma peça de reposição, a empresa perde sutilmente em todos os sentidos. A empresa pensa que está indo bem, mas na verdade está tudo errado, é um crescimento maquiado, enganoso, falso. Ainda existe um agravante quando o colaborador faz parte de uma equipe que pensa como ele, aí tudo piora.
Reuniões com a liderança deveriam ser mais frequentes, não apenas para apresentação de indicadores, mas de reconhecimento pelo bom trabalho do colaborador, pois este quando se sente valorizado tem prazer em trabalhar, consequentemente produz mais e melhor.
Existe um conceito organizacional pouco explorado de parceria entre empresa e colaborador, possivelmente pela falta de experiência da alta gestão. Quando essa gestão não se evolui, nada vai mudar, o colaborador continuará trabalhando por dinheiro, sem perspectivas e sem direção, levando a vida e o empregador continuará apagando incêndios na sua empresa, preocupado com os números e ansioso pela falta de indicadores de resultado, tratando mal seus colaboradores com um falso controle das “rédeas curtas”, “chicoteando” os “maus colaboradores” e dizendo que se este não quer trabalhar, tem muita gente desempregada que aceitaria um salário até menor que o dele.
COLABORADOR
O colaborador precisa entender que o empregador tem um plano de expansão do qual ele faz parte. Ele não deve pensar que está ali pelo simples emprego, que precisa trabalhar e que precisa apenas de um salário. A empresa precisa deixar isso claro.
Em contrapartida, o colaborador deve buscar mais conhecimento, inclusive até solicitar a empresa uma ajuda de custo para ele fazer cursos que o ajudarão na sua função. Caso a empresa não possa ajudar, o que acho difícil (será que uma empresa não poderia pagar 50% de um curso de 200,00?), o próprio colaborador deve se preocupar em nunca parar de estudar. Nunca!
Digo isso porque o mercado de trabalho ficará ainda mais competitivo. As qualificações atuais não serão suficientes para conseguir um bom emprego, pois sempre terão pessoas mais capacitadas e essas conseguirão as melhores vagas. Você já fala inglês?
MINHA DICA
PARA O EMPREGADOR
A alta gestão e a liderança precisam evoluir, acompanhar as tendências de gestão de pessoas, fazer cursos e oferecer bolsa para seus colaboradores.
Se a empresa não tem uma política de reconhecimento, precisa elaborar uma com urgência, mesmo que a empresa seja pequena. Contrate um profissional ou empresa para organizar isso. Não será uma despesa, mas um investimento necessário que dará retorno tangível e intangível.
Se um gestor quer que sua empresa cresça de verdade, sem que os pequenos problemas se tornem grandes entraves, deve organizar suas bases, começando com a uma visão, uma missão e políticas de inclusão dos funcionários (não apenas escrito em quadros ou camisetas, mas praticando).
PARA O COLABORADOR
Verifique se a empresa tem uma política e se ela está de acordo com as suas expectativas. Bons profissionais de RH não vão te desclassificar na entrevista por você perguntar isso, pois na verdade essa preocupação demonstra bom senso e preocupação com o crescimento mútuo.
Se a empresa não tiver uma política, saiba que você terá um desafio se for contratado, pois terá que se adaptar ao caos. E claro, poderá sugerir melhorias. Possivelmente você continuará procurando empresas que atendam às suas expectativas, pelo menos se você se garantir, ou seja, se é uma pessoa que se preocupa com os estudos, com a evolução constante, que não vive reclamando, mas buscando soluções, que deseja realmente fazer parte de um projeto de crescimento.
Espero que eu tenha sido claro e despertado o desejo de evolução, tanto na consciência da alta gestão, da liderança e dos colaboradores.
Abraço
Adriano Heringer