“Por que tantos profissionais de RH estão deixando suas empresas?”

No mínimo reflexiva a frase “Tem vários RHs saindo de empresas por problemas de liderança e gestão de pessoas”. Parece contraditório que os profissionais responsáveis por criar ambientes saudáveis e produtivos sejam os mesmos que enfrentam dificuldades a ponto de optar por partir. Mas será que é realmente surpreendente?

Os profissionais de RH vivem um paradoxo. Eles estão no epicentro das decisões que moldam a cultura organizacional e, ao mesmo tempo, são impactados diretamente pelas lideranças e pela própria cultura que ajudam a construir. Quando a liderança não valoriza ou implementa práticas que promovam bem-estar, escuta ativa e respeito, o RH não só percebe isso antes dos outros, como sente o impacto de forma amplificada.

Algumas reflexões sobre este tema que decidi abordar e nos cafés com os amigos vou poder relatar experiências não tão boas assim.

O RH como guardião, mas não salvador - O RH pode desenhar processos, programas e iniciativas brilhantes, mas não é capaz de compensar sozinho a ausência de uma liderança efetiva. Sem o apoio genuíno das lideranças, o RH se torna uma figura de “fachada” em vez de ser um agente real de transformação. Isso gera frustração e desalinhamento.

Liderança tóxica não escolhe setor - A insatisfação com lideranças é um dos principais fatores de turnover em qualquer área. No caso do RH, isso é ainda mais grave, já que a área trabalha diretamente com temas de gestão de pessoas. Quando o RH vive na prática o oposto do que prega, a desconexão com a organização se torna inevitável.

O peso de carregar a mudança sozinho - Muitos RHs deixam suas empresas porque enfrentam resistência interna em promover mudanças. As lideranças que pedem para “transformar a cultura” nem sempre estão dispostas a mudar seus próprios comportamentos. É exaustivo para um profissional de RH lutar por melhorias quando as ações de cima para baixo não acompanham a visão que ele tenta implementar.

O que podemos aprender com isso?

Se empresas desejam reter seus talentos de RH, precisam enxergá-los como parceiros estratégicos e não como executores. É essencial que a alta liderança esteja comprometida em criar um ambiente onde o discurso e a prática estejam alinhados. Caso contrário, os primeiros a notar — e sair — serão justamente aqueles que mais entendem de pessoas.

Finalizo com uma provocação: sua empresa está escutando seu RH, ou ele está apenas apagando incêndios?