Por trás de todo algoritmo, há pessoas. Vamos falar sobre isso?
By Paula Orlandi- Especialista em Desenvolvimento Humano no Ecossistema de Tecnologia
Vivemos em um mundo onde os algoritmos moldam cada vez mais o nosso dia a dia. Eles decidem o que vemos nas redes sociais, o que compramos online, e até mesmo o caminho mais rápido para chegar ao trabalho. Parece que as máquinas têm controle total, mas há algo fundamental que muitas vezes esquecemos: por trás de todo algoritmo, há pessoas.
Essas pessoas são engenheiros, desenvolvedores, cientistas de dados, psicólogos e designers, que, ao criar tecnologias avançadas, colocam suas intenções, valores e perspectivas no código que executam. Os algoritmos, por mais sofisticados que sejam, não nascem do nada. Eles são reflexos diretos das escolhas e do contexto humano por trás de sua criação.
Quando um algoritmo é desenvolvido, ele é programado para resolver problemas ou atingir metas específicas. Mas quem define essas metas? Quem decide o que é "certo" ou "errado" em termos de resultados? São pessoas. E, como seres humanos, somos influenciados por nossas crenças, experiências e até mesmo preconceitos inconscientes.
Um exemplo é o uso de algoritmos em processos de recrutamento. Já ouvimos falar de sistemas de inteligência artificial que reproduzem preconceitos ao avaliar currículos, simplesmente porque foram treinados com dados históricos enviesados. Isso mostra que, embora o algoritmo execute a tarefa, ele carrega consigo as limitações e os valores das pessoas que o criaram.
Aqui entra a psicologia, um campo fundamental para ajudar a equilibrar a relação entre tecnologia e humanidade. Ao trabalhar no design de produtos e na criação de algoritmos, psicólogos podem trazer à tona questões éticas e emocionais que muitas vezes passam despercebidas em um ambiente puramente técnico.
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Por exemplo, quando pensamos em algoritmos de recomendação — como os que nos sugerem filmes, músicas ou conteúdos nas redes sociais —, a psicologia ajuda a entender como esses sistemas podem impactar nossa saúde mental. O design de uma experiência digital que respeite os limites emocionais do usuário é uma tarefa que exige mais do que conhecimento técnico; ela precisa de empatia.
A grande pergunta é: como podemos garantir que a tecnologia seja desenvolvida de maneira mais humana? O primeiro passo é reconhecer que tecnologia e humanidade não são polos opostos. Pelo contrário, a tecnologia deve ser uma extensão dos valores e necessidades humanas, e não uma substituição deles.
Isso significa envolver equipes multidisciplinares no desenvolvimento de sistemas. Cientistas de dados e engenheiros devem trabalhar lado a lado com psicólogos, sociólogos e especialistas em ética para garantir que os algoritmos sejam justos, inclusivos e realmente úteis para as pessoas.
Além disso, é essencial promover a diversidade nas equipes de tecnologia. Quanto mais diversos os criadores de algoritmos, mais chances temos de criar soluções que atendam a um público global e evitem vieses.
O avanço tecnológico é inevitável e maravilhoso, mas ele não deve nos afastar de nossa essência humana. Ao lembrar que pessoas são a base de todo desenvolvimento, temos a oportunidade de criar um mundo mais equilibrado, onde tecnologia e humanidade coexistam de maneira harmoniosa.
Porque, no fim do dia, a verdadeira revolução tecnológica só acontece quando priorizamos as pessoas por trás das máquinas. Concorda?