PORQUE PRECISAMOS DE UMA CRIATIVIDADE LIVRE NO TURISMO

Expressões como “temos de nos reinventar” ou “temos de ser autênticos”, deixam-me um pouco desnorteada. Reinventar o quê? A roda? Já vários tentaram e tem mesmo de ser redonda. E o que é ser autêntico? Quando criamos uma empresa ou um projeto estamos apenas a copiar? Sabemos sequer o propósito na nossa empresa, independentemente da posição que ocupamos? Aquilo que somos tem de ser genuíno. Aquilo que temos apenas é a realidade do hoje, do agora, com o qual temos de aprender a lidar. Nada mais. E só existem duas coisas que nos fazem evoluir: criatividade e inovação!

Seja num cenário VUCA, MUVUCA ou BANI, como que lhe queiramos chamar, temos tido tempos desafiantes no Turismo: pandemia, alterações climatéricas, recursos humanos, aumento dos custos,... os tempos de hoje são desafiantes no Turismo. Carregados de incertezas, de fatores externos incontroláveis e imprevisíveis, inseridos numa economia global que começa novamente a fragilizar. A incapacidade de decidirmos.

Mas mais do que sabermos a resposta, temos de perceber quais as perguntas. Precisamos de sair do nosso ego-sistema, no qual a empresa estava habituada a ditar as regras para o mercado, para um ecossistema, onde teremos de ouvir o que o mercado e os clientes nos dizem, para, sim, podermos responder.

Em conjunto, de forma global. Precisamos mudar a nossa forma de pensar, destituirmo-nos de todos os preconceitos e assumirmos que nada sabemos, que assimilamos numa constante aprendizagem em movimento.

E o que liga tudo isto? A CRIATIVIDADE!

Não precisamos de nos reinventarmos, mas sim de nos recriarmos. Precisamos de ir à essência do Turismo e recuperá-la de forma criativa. Sem destruir nada. Recriando com imaginação.

As questões a que temos de responder agora, tais como, que modelos de negócio, como nos posicionarmos no mercado, como nos tornarmos mais eficientes e sustentáveis com disponibilidade financeira reduzida, são de índole complexa. Remetem-nos aos “wicked problems” definidos nos anos 70 por Horst Rittel. São problemas com muitos fatores interdependentes que os fazem parecer impossíveis de resolver. Como os fatores são frequentemente incompletos, em fluxo e difíceis de definir, a sua resolução requer uma compreensão profunda de todos os stakeholders envolvidos, e uma abordagem inovadora proporcionada pelo pensamento criativo.

A criatividade é assim fundamental atualmente. Não precisamos de ser “inventores” ou “artistas”. Precisamos, sim, de desenvolver o nosso pensamento analítico e aplicar uma Resolução Criativa de Problemas. Um método comprovado para abordar um problema ou um desafio de uma forma imaginativa e inovadora. É uma ferramenta que nos ajuda a redefinir os desafios que enfrentamos, buscando ideias inovadoras e, atuando sobre as mesmas.

Criatividade para cada destino, integrar os turistas na comunidade que visitam, num processo reconstrutivo.

Criatividade para definirmos novos modelos de negócio com uma distribuição equitativa dos seus rendimentos por todos os stakeholders.

Criatividade para colocarmos as Pessoas no centro das decisões como parte da solução e não como o problema.

Criatividade para a sustentabilidade e a regeneração sejam os modelos de negócio a adotar para um crescimento sustentável, protegendo ambiente e ecossistemas.

Criatividade para assumir uma Liderança empática com um Impacto, com um propósito. Assumindo fragilidades, mas desafiando os riscos.

Criatividade para aceitarmos que a INOVAÇÃO tem de estar sempre presente na nossa evolução, adaptada à nossa realidade.

Nómadas digitais, trabalho remoto, comunidades, sustentabilidade, novas ofertas de alojamento, contact less, Inteligência Artificial, automação, inovação, chatboots,… tudo chega a uma velocidade alucinante.

Está preparado para potenciar a sua Criatividade?

Mais do pensarmos fora da caixa, teremos mesmo de deitar a caixa fora.