Porque somos os mais desmotivados dentro das empresas
Não me surpreende ver no estudo publicado pela Mackinsey sobre Índice de Saúde Organizacional que a “motivação é o indicador da cultura organizacional que mais deixa a desejar no país” e que hoje os "chefes são menos confiáveis que os robôs." Quem nunca teve uma experiência difícil com chefes, pares, ou motivos para estar sem ânimo para acordar e trabalhar? O fato é que o clima dentro das empresas tradicionais vem se tornado cada vez mais tóxico e difícil de conviver.
No ambiente de escassez, característico da "velha economia", onde o comando e controle reina, pouco se permite que as pessoas tenham autonomia para pensar e agir, acertar ou errar, serem elas mesmas. Não há espaço para que a colaboração e o senso de pertencimento sejam preponderantes. Além disso, a crise econômica prolongada e as altas expectativas de resultado sobre equipes cada vez mais enxutas, ampliaram o medo de perder o emprego, a falta de parceria, o instinto de competição predatória entre as pessoas, o que corroborou para o aumento do esgotamento dos que, como"sobreviventes", permanecem dentro das empresas.
A alta liderança precisa urgentemente dar atenção a esse sintoma, que advém da falta de amorosidade e de empatia que tomou conta dos ambientes internos das organizações. Há que se ter coragem para agir na causa, no resgate dos valores primordiais que regem as relações, para que seja possível promover a transformação da cultura organizacional que de fato privilegie a colaboração e desenvolvimento das pessoas.
Uma das maneiras de serem quebrados os silos organizacionais que ainda existem e isolam as áreas em caixinhas de conhecimento estanque, seria a empresa ampliar a parceria com as startups que já tem em seu DNA o mindset da nova economia. Assim é possível que o ambiente interno seja arejado com os ventos do crescimento exponencial, que traz consigo o sentimento de abundância -"onde cada um tem o seu lugar e que tem oportunidade para todo mundo", o que certamente abrirá novas perspectivas para as pessoas, maior sentimento de pertencimento, criatividade e, por consequência, motivação.
Estimular um espaço de aprendizagem constante e a cultura do erro seria a melhor saída para as empresas ampliarem a motivação dos funcionários, fator que hoje vem sendo cada vez mais valorizado pelas organizações mais modernas e admiradas e apontado como fator decisivo para a retenção de funcionários e manutenção da competitividade.
Caso contrário, será cada vez mais difícil manter os talentos e reduzir a perda contínua de pessoas egressas do mundo corporativo nos pequenos negócios, que segundo o Sebrae geraram 75% dos empregos no mês de setembro. Esse é o indicativo mais claro do esgotamento das pessoas no ambiente das grandes organizações, mas sobretudo, que está havendo uma mudança de paradigma: cada vez mais pessoas buscam construir carreiras solo e marcas pessoais, independentes do mundo corporativo. Sinal de que o jogo está virando e que a nova economia veio para ficar.
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* Marina Barbosa é mentora de empreendedores e consultora de cultura e branding na Organica, onde apoia startups e empresas a entrar na nova economia. Mestre em Antropologia pela PUC-SP, com MBA e graduação pela EAESP-FGV, atuou como executiva em multinacionais como Unilever e Nestlé.