Porque ter resiliência é ter saúde mental
Primeiro dia de férias, resolvi fazer algo diferente: finalmente escrever um “artigo” no LinkedIn (ou, em outras palavras, misto de “nerdice” com pandemia).
Seja lá como for, cansei de esperar o dia em que vou achar que está perfeito pra dizer o que penso. Até porque, deste ano eu levo, dentre tanto, que “feito é melhor do que perfeito”. Nota a quem interessar possa: mal feito vai ser sempre inaceitável.
Como tema: minhas breves reflexões sobre resiliência, o assunto da moda. E que este texto seja breve também. Porque, pra ser longo, há que ser inédito ou profundo e eu não tou aqui pra uma ousadia destas.
Objetivamente, o meu ponto é: resiliência é sobre como você se recarrega e não sobre como (e se) você resiste.
Todo mundo já sabe que “pegamos o termo emprestado” da física e que, originalmente, resiliência designa a capacidade de alguns materiais de absorver o impacto e retornar à forma original. Pra quem gosta de imagens, uma mola de aço ilustra perfeitamente.
Mas... nos apropriamos mal de um vocábulo que trazia uma sutileza embutida na sua definição: não somos seres inanimados para, após um impacto, voltar ao formato original.
A boa notícia? Quando entendemos que superamos os impactos (e, sim, SUPERAMOS!), temos uma incrível capacidade de aprender com eles e nos tornarmos ainda melhores.
Portanto, resiliência NÃO é sobre SOBREVIVER na pandemia, ATURAR um trabalho em que você não vê propósito, AGUENTAR assédios e afins e voltar ao estado anterior.
Resiliência é sobre ADAPTAR-SE, FORTALECER-SE, SER FLEXÍVEL. E SAIR MELHOR.
Dito isso, fica claro que resiliência é uma das principais competências pra vida.
(Nota: desde 1800 e lá vai bolinha, Darwin, que eu considero o “precursor da resiliência”, já tinha cantado a pedra sobre a supremacia da adaptação dentre tantas virtudes...)
Sendo assim, a base da resiliência é trabalhar a inteligência emocional, cujos fatores principais eu tomei a pretensa liberdade de classificar desta forma pra facilitar o entendimento:
a) Minha relação com o outro:
- como construo relações que serão minha rede de apoio nos momentos de crise;
- como “leio” o ambiente, me preparando para situações de maior risco e conflito.
b) Minha “relação comigo mesmo”:
- como reajo diante do inesperado e me mantenho (ou não, né?) serena diante das adversidades. Em outras palavras, meu autocontrole;
- minha autoconfiança e capacidade de buscar e aplicar soluções diante do inusitado;
- meu otimismo, que é a capacidade de acreditar que tudo pode melhorar, mesmo diante de uma frustração. (Neste ponto, um grande parênteses para dois alertas: a) NÃO se trata de não se frustrar, mas sim de cair, levantar e seguir, mesmo que haja dor. b) NÃO se trata de esperar, sendo otimista - sejamos claros, porque as pessoas costumam se confundir - é sobre agir efetivamente, se reinventar e se mexer, acreditando no - e não aguardando o - melhor).
A psicologia, obviamente, já percebeu tudo isso há muito tempo. Mas meu objetivo é que, de fato, todos reflitam. Porque tenho visto textos numa paradoxal “campanha antirresiliência”, como se ser resiliente significasse suportar qualquer coisa a qualquer preço. E, em paralelo, vejo pessoas tentando parecer resilientes, quando, na verdade, estão sobrevivendo com a ajuda de aparelhos, sem investirem em um processo sério de autoconhecimento.
Por fim, há quem diga que o conceito de resiliência está ultrapassado e que precisamos ser “antifrágeis” - neologismo de Nassim Taleb - que, em livre leitura, quer dizer “procurar” o caos e o risco e aprender com eles. Na minha humilde opinião, o autor veio aprofundar - não anular - o que já estava implícito desde os estudos da psicologia ou, em última instância, desde Darwin.
Mas isso é assunto pra 2021... Por hora, vou cuidar de conhecer a mim mesma.
Gerente de Projetos | Gerente de Produtos | Especialista em Inovação | Agilidade | Automação
3 aMuito boa a reflexão. Bem vinda.
Gerente de RH e Desenvolvimento de Talentos | Gestão de Talentos | Operações de RH | Mobilidade Internacional | Pessoas & Cultura | Diversidade | Saúde Ocupacional
3 aGostei muito, Paulinha! Muito objetivo e com um tom que torna a leitura fácil e fluida. Espero que seja o primeiro de muitos! Beijos
Consultor
3 aExcelente o artigo, contudo o conceito de resiliência nos materiais e na vida só faz sentido quando conhecemos os limites da fase “elástica”.
Assessor Técnico Comercial - Sindicombustíveis - PR
3 aPaula parabéns pelo artigo! Vc foi cirúrgica em seus comentários. Um Feliz 2021 !
Digital | Marketing | Comunicação
3 aParabéns pelo artigo e obrigado por compartilhar suas ideias. Só complemento um ponto à sua reflexão. Além do “como vc se recarrega”, acho que resiliência tem a ver com objetivo, foco e sentido pras coisas que fazemos. Escutei uma música do Emicida, com uma frase do Belchior, que pode ser bem aplicada à ideia de resiliência: “Ano passado eu morri, Mas esse ano eu não morro”