Pré-época
O meu filho joga futebol desde os 4 anos - atualmente prestes a completar 13 anos de vida. E desde os 8 está em escalão de competição.
Sempre notei que nos jogos de pré-época, onde não há arbitragem, acontece uma espécie de "vale-tudo" onde faltas e agressividade não contam - e por vezes, os miúdos dão azo aos piores instintos e algumas situações violentas acabam por ocorrer.
Em mais de uma vez questionei alguns treinadores - chegando até mesmo a ameaçar não permitir mais que meu filho estivesse nessas partidas - mas nunca resultou e em toda pré-época, sentia-me muito aflito por vê-lo a jogar em terrra de ninguém; Muito menos pelo medo de dano físico - real e bem palpável - mais pelo medo de lhe estar a ser incutida a insensibilidade, falta de empatia e o famoso instinto de que "para ganhar vale tudo".
Um dia, um determinado treinador disse-me, depois de eu reclamar do "reino de ninguém" que são as pré-épocas, uma grande pérola:
"O Futebol é assim"
Mas ele também ouviu:
"Não, mister, o futebol é assim porque pessoas como o senhor que estão aqui na linha de frente da formação, deviam educar os miúdos e não deixar os instintos assassinos sobressaírem ao civismo; Enquanto não o fizerem, o futebol, será sim, assim!"
Ele olhou para mim como se estivesse a encarar um marciano e com toda a certeza não compreendeu nada do que eu disse.
Nem todos são assim.
Quando coloquei meu filho a jogar pelo AD Amadora; Um projecto interessantíssimo do Mister Tony Correia, na pré época 2023/2024 fizeram um jogo. Não vou nomear o adversário.
Cá estava o Pai aflito por ver o filho entrar na terra de ninguém.
Durante o Jogo, logo após o intervalo, o clima esquentou e os miúdos começaram a estranhar-se e a escalar a agressividade, com trocas de empurrões e um comportamento mais "aceso".
O que é não é raro acontecer em meninos na idade do despertar da Testosterona, mas que sem um arbitro para mediar e controlar, rapidamente pode descambar. Só para citar que a partir dos Iniciados (13 anos), a Polícia é presença obrigatória nos jogos.
E aí fiquei maravilhado...
Mister Tony parou o jogo, diante dos olhos espantados dos treinadores do adversário, colocou todos os miúdos sentados e deu-lhes um bom sermão (quem o conhece sabe como é) e acalmou os ânimos.
Eu delirei !!! Em 8 anos de futebol nunca tinha visto nada assim...
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Essa atitude sintetizou todas as minhas preocupações e a fé de que um dia o futebol não seja mais assim...
Infelizmente meu filho não pôde lá continuar - mas mudamo-nos para um clube que também tem uma direção de futebol comprometida com a formação de seres "Humanos".
Mas o AD Amadora e o Mister Tony ficaram no rol dos grandes momentos de nossas vidas.
O futebol sempre será assim enquanto os Diretores de Formação, Treinadores, Pais e Praticantes o permitam e perpetuem;
Ganhar não é tudo; Alias, não é nada;
Merece muito a pena que o trabalho do AD Amadora e do Mister Tony Correia seja divulgado, conhecido e reconhecido.
É uma zona complicada, com crianças que podiam facilmente descambar mas que o desporto está literalmente a ajudar a salvar vidas.
Ajudem por favor a divulgar !
Complexo Municipal Monte da Galega