Precisamos criar novos homens
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Precisamos criar novos homens

Precisamos criar novos homens. Sim, o título desse artigo é exatamente o que você leu e eu tenho um ótimo argumento para isso.

Como mãe de dois meninos, vivo o constante pensamento “meu desejo é criar homens que carreguem dentro da sua masculinidade a vontade de serem verdadeiros parceiros do outro.”

E por que digo isso? Porque já vi muitos homens (e ainda vejo) que não são parceiros entre si, então podemos imaginar das mulheres. Aqueles que ainda acreditam que as funções domésticas são pautas executadas apenas pelo ser feminino e ai dela se for: solteira, autônoma, morar e viajar sozinha.

Definitivamente não é esse olhar que eu desejo que meus meninos tenham! E esse é um assunto tratado com bastante constância nessa casa.

Mas, de fato, esse texto veio após eu ouvir um diálogo entre o meu esposo e meu filho mais velho que tem apenas 4 anos.

Para entenderem o contexto: era sábado e eu estava no banho, meu marido foi lavar a louça e meu filho perguntou:

  • Papai por que você vai lavar a louça? Vem brincar!
  • O papai vai deixar organizado pra podermos sair.
  • Mas papai, deixa isso…é a mamãe que lava louça aqui em casa.
  • Claro que não filho. O papai também lava louça, faz comida e arruma a casa e você também já pode ajudar nas coisas da casa. Todo mundo mora aqui e todo mundo quer ver a casa limpa.
  • Tá, quando eu crescer um pouco mais eu lavo. Agora eu só arrumo.

Fim!

Só sai do banheiro quando o diálogo acabou. Eu ri, porque imaginei que se fosse outra pessoa (às vezes até o meu pai, mesmo fazendo tudo isso também) o contexto poderia ser outro e assim o Benjamin cresceria com o olhar de que essa função é única da figura feminina.

Mas meu marido se saiu bem e mostrou como é importante que todos colaborem, independente da função e do sexo, para que o ambiente em que vivemos esteja bom para todo mundo.

Eu penso que existe um chamado sutil, mas poderoso, ecoando por entre os murmúrios do tempo: precisamos criar novos homens. Homens que não se definam apenas por estereótipos antiquados de virilidade, mas sim por uma essência mais profunda, mais autêntica.

Nossa era é um convite à reflexão, à redefinição do que significa ser homem. Não se trata apenas de assumir responsabilidades ou demonstrar força física, mas sim de cultivar valores como empatia, gentileza e respeito. São qualidades que não enfraquecem, mas fortalecem, que não diminuem, mas enaltecem.

Como mãe de meninos, acredito que os novos homens que estamos chamando a existir não têm medo de expressar suas emoções, de serem vulneráveis. Eles entendem que a coragem não está apenas na resistência física, mas também na disposição de enfrentar seus próprios medos, inseguranças e fracassos. Eles abraçam suas imperfeições, reconhecendo que é através delas que encontram sua verdadeira força.

Esses homens não se veem como superiores, mas como parceiros igualitários em todas as esferas da vida. Eles apoiam e incentivam o crescimento das mulheres ao seu redor, reconhecendo que a verdadeira grandeza reside na capacidade de elevar os outros.

É uma jornada que exige coragem, determinação e autenticidade. Mas é também uma jornada recompensadora, pois ao criar novos homens, estamos construindo um mundo mais compassivo, mais justo e mais humano. Um mundo onde todos têm permissão para serem quem são, sem o peso de expectativas irrealistas ou limitações impostas pelo passado.

Portanto, que possamos abraçar essa missão com fervor e comprometimento. Que possamos desafiar as noções pré-concebidas de masculinidade e abrir espaço para uma definição mais ampla, mais inclusiva, mais verdadeira. Pois no fim das contas, a verdadeira grandeza de um homem não está em sua força física ou em sua bravura superficial, mas sim em sua capacidade de amar, de cuidar e de se conectar com o mundo ao seu redor. Que possamos criar novos homens que personifiquem essa grandeza em todas as suas formas.

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Postado originalmente em Mami Office!

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