Precisamos falar de Suicídio

Precisamos falar de Suicídio

Introdução

No dia 10 de setembro, o mundo se une para lembrar o Dia Internacional de Prevenção ao Suicídio, uma data que destaca a importância de cuidarmos da nossa saúde mental e estarmos atentos às pessoas ao nosso redor. O suicídio é uma questão de saúde pública e uma realidade global que afeta milhões de vidas. Falar sobre isso não deve ser um tabu, mas sim uma forma de salvar vidas.

No Brasil, o Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização que busca alertar sobre a necessidade de tratar a saúde mental com seriedade, oferecendo apoio e informação a quem precisa. O objetivo é claro: prevenir o suicídio e promover a vida.

O Suicídio: Um Problema Global

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, o que representa uma morte a cada 40 segundos. O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, e no Brasil, a cada 45 minutos, uma pessoa tira a própria vida. Esses números demonstram que o problema é urgente e demanda nossa atenção coletiva.

O suicídio não resulta de uma única causa. Ele é o desfecho de uma série de fatores que envolvem questões psicológicas, sociais e biológicas. Depressão, transtornos de ansiedade, abuso de substâncias, traumas emocionais e desestrutura familiar estão entre os principais fatores de risco. Esses fatores, associados ao estigma e à falta de apoio adequado, tornam o cenário ainda mais preocupante.

O Papel da Saúde Mental na Prevenção ao Suicídio

Como expresso pela OMS, “não há saúde sem saúde mental”. Cuidar do bem-estar psicológico é essencial para viver uma vida equilibrada e saudável. Infelizmente, no Brasil e em outros países, a saúde mental ainda não recebe a devida atenção. Problemas como depressão e ansiedade afetam milhões de pessoas, mas apenas uma parte delas recebe o tratamento necessário.

A precariedade na oferta de cuidados psicológicos e psiquiátricos é uma realidade que contribui para o aumento das taxas de suicídio. Por isso, é vital que políticas públicas, profissionais de saúde e a sociedade em geral atuem em conjunto para garantir que a saúde mental seja vista como uma prioridade.

Fatores de Risco e Sinais de Alerta

Saber identificar os sinais de alerta pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Algumas manifestações de quem está passando por um momento de crise incluem:

  • Isolamento social e perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas.
  • Mudanças bruscas de comportamento, como irritabilidade, tristeza profunda ou agressividade.
  • Falas sobre morte ou desesperança, como “eu preferia estar morto” ou “não vejo saída”.
  • Despedidas incomuns, quando a pessoa começa a dar pertences pessoais ou a se afastar de todos.

Esses sinais não devem ser ignorados. Muitas vezes, quem pensa em suicídio não quer necessariamente morrer, mas deseja que sua dor acabe. Por isso, é fundamental estarmos atentos e oferecer ajuda o quanto antes.

Como Ajudar?

Se você perceber que alguém ao seu redor está demonstrando esses sinais, há algumas atitudes que podem fazer toda a diferença:

  1. Escute sem julgamentos – Muitas vezes, o que a pessoa mais precisa é de alguém que ouça seus sentimentos sem interrupções ou conselhos imediatos. Seja um ouvinte atento e empático.
  2. Incentive a buscar ajuda profissional – Psicólogos e psiquiatras são essenciais no tratamento de transtornos mentais e crises emocionais. Se a pessoa estiver relutante em buscar ajuda, ofereça-se para acompanhá-la, caso se sinta confortável.
  3. Esteja presente – Mostre que a pessoa não está sozinha. A sensação de pertencimento e apoio é um fator protetivo contra o suicídio.
  4. Evite minimizar a dor – Comentários como “isso é bobagem” ou “tem gente em situação pior” não ajudam e podem fazer com que a pessoa se sinta ainda mais incompreendida.

Se alguém está em uma crise imediata, não hesite em procurar ajuda urgente em hospitais, pronto-socorros ou serviços de emergência como o SAMU (192).

O Papel das Campanhas de Prevenção

O Setembro Amarelo, organizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), tem sido uma campanha de grande sucesso no Brasil, aumentando a conscientização sobre a saúde mental e a prevenção ao suicídio. A cada ano, mais pessoas e organizações se unem para difundir a mensagem de que falar é a melhor solução.

Além disso, há serviços como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia, pelo telefone 188, chat e e-mail. O CVV é uma ferramenta crucial no combate ao suicídio, pois muitas vezes a escuta atenta pode salvar vidas.

Prevenção ao Suicídio é uma Responsabilidade Coletiva

Prevenir o suicídio não é uma tarefa que deve ser realizada apenas por profissionais de saúde. Todos nós podemos ser agentes de transformação, desde amigos, familiares e colegas de trabalho até instituições governamentais e não-governamentais. A chave está em quebrar o silêncio e abrir espaço para o diálogo, sem tabus ou preconceitos.

Lembre-se: falar sobre suicídio não aumenta o risco, pelo contrário, pode ser o primeiro passo para salvar uma vida. O Setembro Amarelo é um convite para que todos façamos parte dessa corrente de apoio e conscientização.

Conclusão

O Dia Internacional de Prevenção ao Suicídio nos lembra que a vida é o bem mais precioso que temos. Cuidar da nossa saúde mental e prestar atenção aos sinais ao nosso redor são formas de valorizar e preservar essa vida.

Se você está passando por um momento difícil ou conhece alguém que está, não hesite em buscar ajuda. A vida pode ser desafiadora, mas sempre há uma saída, e há pessoas dispostas a ajudar.

Ligue para o CVV no 188 ou procure apoio nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou Unidades Básicas de Saúde (UBS). A ajuda está mais próxima do que você imagina.

Setembro Amarelo: Juntos, podemos salvar vidas.

Referência Bibliográfica

PRUDENTE, Neemias Moretti. Direitos Humanos, Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio. In: SANTIAGO, Antonio Charles; PRUDENTE, Neemias Moretti (Orgs.). Direitos Humanos. Londrina: Sorian, 2024. p. 103-114. Coleção Direito & Filosofia. V. 2.

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