Precisamos falar sobre equidade de gênero nas startups
A paridade salarial entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções nas empresas é, sem dúvida, um importante tema a ser debatido neste Dia Internacional da Mulher. A equidade de gênero e a ascensão das mulheres a cargos de liderança seguem como barreiras a serem vencidas no mercado de trabalho, inclusive no ambiente de inovação.
Dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) confirmam a sub-representação feminina nas empresas de tecnologia brasileiras. Segundo o Mapeamento do Ecossistema de Startups, realizado em 2022, as mulheres representam 41,9% dos colaboradores e são apenas 19,7% dos fundadores de startups no país.
De acordo com o Relatório Global sobre Diferença de Gênero 2022, realizado pelo Fórum Mundial, o Brasil ocupa a 117ª posição entre 143 países em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem trabalhos semelhantes. Os dados do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) corroboram essa realidade e apontam que mesmo as mulheres tendo em média mais anos de estudo do que os homens, em geral elas recebem 80% dos salários pagos a eles, diferença que aumenta em cargos de nível superior, chegando a 71% da remuneração masculina
Para tentar solucionar este problema, muitas empresas passaram a adotar políticas internas para alcançar a paridade de gênero. Em outras, a ascensão feminina a postos de comando faz parte do DNA da corporação e o protagonismo feminino ocorre de forma natural. Na Deep Legal, uma startup do segmento Jurídico (Lawtech) a qual é especializada em inteligência de dados e gestão preditiva, por exemplo, as mulheres estão presentes em toda a pirâmide hierárquica e representam 50% do time de colaboradores, inclusive nos cargos de liderança – cinco dos oito departamentos são geridos por elas e a paridade salarial está presente em todas as funções.
A equidade de gênero é um compromisso que assumimos. As ações afirmativas para este público fazem parte do nosso dia a dia e estão presentes nas práticas, políticas e códigos de conduta da empresa. Por meio de ações práticas, treinamentos e e-learnings sobre gênero, buscamos incentivar cada vez mais a participação feminina nos espaços de decisão. Isso porque acreditamos que é necessário acelerar a transformação do ecossistema das startups, para que seja um ambiente mais inclusivo, diverso e inovador.
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E este movimento não ocorre apenas internamente, pois fomentamos essa conduta na nossa cadeia de suprimentos. Devido a essas iniciativas recentemente tivemos o reconhecimento da We Impact, com o Selo MathIT Igualdade de Gênero, que é relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) 2030 da ONU.
É claro que este é apenas um exemplo, mas poderia citar aqui outros casos de startups que também seguiram por este caminho, em busca da equidade de gênero, tema cada vez mais presente no debate público e alinhado às práticas ESG tão almejadas pelas empresas e que tem muito da atenção da Deep Legal para 2023.
O fato é que a equidade de gênero se trata de uma questão de justiça social, de valorizar a capacidade profissional, independentemente de gênero. Trata-se de oferecer as mesmas oportunidades para homens e mulheres, sem distinção. Trata-se de reduzir diferenças salariais. Para uma empresa ser inclusiva de fato não basta alcançar a paridade em números de colaboradores. É preciso ter um olhar atento para o desenvolvimento profissional das mulheres. É necessário ter escuta ativa sobre escolha e decisões, para que as oportunidades possam ser igualitárias.
*Vanessa Louzada é advogada, cofundadora e CEO da Deep Legal, empreendedora e investidora-anjo de startups femininas.