Preciso entender esse negócio de ESG
Calma! ESG (Environmental, Social & Governance) é a Sustentabilidade Empresarial. Aquela mesma causa amplamente difundida desde os tempos do triple bottom line, de John Elkington. O que mudou foi que o mundo das finanças resolveu endereçar mais firmemente os temas ambientais, sociais e de governança em 2020. Daí resgatou a sigla que já existe desde os anos 1970 para marcar esse momento de estabelecer-se. Os grandes fundos de investimento fundamentalistas ou disruptivos, os bancos e outros detentores de capital financeiro decidiram que riscos e oportunidades ambientais, sociais e de governança estão na pauta deles definitivamente. Pode pesquisar no Google a quantidade de manifestos apresentados desde janeiro, como a carta aos CEOs da BlackRock, o posicionamento do Goldman Sachs sobre obrigatoriedade de mulheres em conselhos nas empresas que fazem IPO com eles, a criação de fundos ESG, enfim, não vão faltar exemplos.
E como essa galera informa-se sobre esses riscos e oportunidades nas empresas? Além do contato direto com as áreas de relacionamento com investidores, basicamente, pelos relatórios anuais, de sustentabilidade, ou integrados, e pelos reportes socioambientais das demonstrações financeiras. Quem não tem, está correndo atrás – capital aberto ou não. Até as startups que não apegam-se a processos estabelecidos estão mexendo-se. É uma corrida por relatórios ESG.
Essa é ótima notícia para mim. Sou uma apaixonada pelos processos pelos quais as empresas passam para fazer seus relatórios de desempenho socioambientais. É um mergulho profundo na gestão empresarial aperfeiçoando a visão ambiental, social e de governança de tudo o que ela faz. Cada discussão de indicador é uma mentoria. Cada pergunta é uma reflexão. As pessoas crescem. Em consequência, as empresas melhoram. Em algumas, imediatamente. Em outras, a passos não tão largos assim.
O importante é que sempre há desafios às lideranças. Equivalentes aos apresentados pelos resultados das Demonstrações Financeiras, só que olhando para outros capitais (ambientais, de relacionamento, sociais, intelectuais, entre outros). Eles são tão relevantes para demonstrar o valor de uma empresa quanto o seu balanço. E quando as pessoas que estão nas empresas se dão conta disso, o caminho nas práticas ESG é irreversível.
O que muda nessa nova era é o entendimento sobre importância da transparência que os indicadores ambientais, sociais e de governança passam a ter para os donos dos dinheiros. Até agora, os reportes são voluntários. Mas o Reino Unido acaba de declarar que vai exigir das empresas de capital aberto reportes atendendo às recomendações da TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures) até 2025, algumas delas já em 2023. Esse movimento deve chegar aqui rapidamente.
Para quem já faz relatórios utilizando as metodologias comparáveis mais reconhecidas, tais como GRI, IIRC, SASB, entre outras, já tem mais de 90% do caminho andado. Os elementos centrais da TCFD, que são governança, estratégia, gestão de riscos, métricas e metas estão contemplados. Eles apresentam ainda as principais características das recomendações da força-tarefa, já que podem ser adotadas por todas as organizações, incluídas nos relatórios financeiros, projetadas para reunir informações úteis e prospectivas sobre impactos financeiros, além de ser fortemente concentradas nos riscos e oportunidades relacionados à transição para a economia de baixo carbono.
O que pode e deve ser aprimorado é a adesão às divulgações e a melhoria qualidade das informações que estão sendo divulgadas. A TCFD foi construída considerando as metodologias existentes que já demandam essas melhorias. Os princípios da TCFD são uma motivação a mais para que as divulgações tragam informações relevantes, específicas e completas, claras, equilibradas e compreensíveis, consistentes ao longo do tempo, comparáveis entre empresas de um setor, uma indústria ou uma carteira, confiáveis, auditáveis e objetivas e realizadas dentro dos prazosA boa notícia é que a TCFD já foi traduzida para o português. As normas da Global Reporting Initiative (GRI) também.
Faço relatórios ESG há quase duas décadas, com a mesma empolgação de quando fiz o primeiro. Adoro conversar sobre o assunto. Se quiser me mandar uma mensagem, fique à vontade. Tenho o maior prazer em ajudar.