Preservando a ludicidade na vida adulta

Preservando a ludicidade na vida adulta

Em nossa jornada como pais e educadores, frequentemente nos vemos imersos em uma cultura que valoriza a aceleração da infância. Incentivamos nossas crianças a comerem mais rápido, a se tornarem autônomas antes do tempo, a resolverem problemas sozinhas e a estudarem de maneira independente. Essa tendência de apressar as crianças, propor inúmeras atividades e “prepará-las para o mundo”  pode parecer inofensiva, mas, na verdade, estamos antecipando uma adultez que muitas vezes se torna nostálgica e saudosa da infância perdida.

Recentemente, em uma palestra sobre jogos de tabuleiro no contexto da saúde mental, refleti sobre como essa aceleração  impacta os adultos que somos hoje. Muitos de nós, ao longo da vida, nos tornamos "adultos saudosos", que desejam reviver momentos de brincadeira que deixamos para trás. O que deveria ser uma expressão natural da ludicidade se transforma em um fardo: nos policiamos constantemente para sermos maduros, racionais e sérios.

A diversão não é algo exclusivo da infância; é uma necessidade humana que deve ser preservada ao longo da vida.

A ludicidade é uma ferramenta poderosa para lidarmos com as pressões do cotidiano — o trabalho, as responsabilidades financeiras e as demandas da vida adulta. Quando nos permitimos rir de coisas bobas e viver momentos de relaxamento e lazer, não apenas aliviamos a tensão do dia a dia, mas também enriquecemos nossas experiências e relações. No ambiente de trabalho, esse conceito se torna ainda mais relevante.

A formalidade excessiva e a seriedade constante não beneficiam ninguém. Ao contrário, elas podem gerar um ambiente opressivo e estressante, onde a criatividade e a colaboração se tornam escassas. Ao integrar momentos de brincadeira e descontração, podemos criar um espaço de trabalho mais saudável e produtivo.

É fundamental que pais, educadores e profissionais de diferentes áreas reflitam sobre a importância de manter viva a brincadeira em nossas vidas. Devemos valorizar a ludicidade não apenas como um passatempo, mas como uma parte essencial do nosso desenvolvimento emocional e social. Permitir-se brincar e se divertir é uma ferramenta de cuidado com a saúde mental, aliviando a pressão das infinitas demandas da vida adulta e um passo em direção a uma vida mais equilibrada e plena.

Vamos, juntos, redescobrir o valor do brincar — não apenas para as crianças, mas para todos nós.

Beatriz Maestá

Sustentabilidade | HSEQ | Analista Ambiental | ISO 14.001 | QSMS | Engenheiro ambiental

3 sem

Talvez eu tenha um viés um pouco conservador sobre o assunto. Fora do âmbito profissional, sempre achei importante a pessoa ter uma vida. Ter um hobby, uma atividade física, um clube do livro, uma aula ou grupo de dança/ceramica/pintura/viagem/musica/jogos, sozinho ou com a família. Mas uma prática, fora do trabalho, que não seja com o objetivo de monetizar, e sim de se divertir e explorar a sua pluralidade, sabe? Pra gente lembrar, como diz o Michel Alcoforado , que temos que tirar o crachá. Acho que isso nos deixa mentalmente mais saudáveis e nos aprofunda nas relações com nós mesmos. Porém, no ambiente de trabalho, por mais que eu concorde que as relações não devem ser engessadas, que devemos ter algo mais fluido, natural, descontraído, um ambiente seguro para comunicação. Até para nos sentirmos mais livres em trocar honestamente, e sim, termos momentos de descontração para estimular a criatividade e criar conexão, ainda acho que é importante que seja lembrado que ali, é um ambiente profissional com tempo finito. Acho que às vezes, isso pode gerar confusões. Requer muito bom senso; também das empresas, de entender que um bom lugar para se trabalhar não se resume à espaços de jogos, diversão e descanso.

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