A prioridade é de Higeia
Estudei anos em instituições públicas. Foram muitas as greves que paralisaram o ensino por meses. Reposição? Variou ao longo dos anos. Mas o ponto é: sobrevivi, segui a vida e continuei com minha formação, que nunca parou. Amém!
Escolas públicas e privadas, profissionais da educação, famílias e estudantes estão todos pressionados pelo contexto atual e as respostas não parecem ser as melhores.
Ensino à ou a distância, entendendo-o como método, não é o que tem sido praticado pela maioria das instituições. Parte significativa das escolas não domina o método; professoras e professores não possuem formação e condições adequadas de trabalho; diversas famílias não têm estrutura material, intelectual e emocional para o que se tem praticado. Tudo muito atabalhoado, no susto, no desespero!
Com louváveis exceções, o resultado tem sido ansiedade, estresse e busca de culpados. O saldo é positivo? O esforço tem sido compensado?
Não faço aqui defesa da ignorância. Não sou contrário à inovação! Não esboço resistência incondicional à incorporação de métodos capazes de amenizar as perdas provocadas pela pandemia. Para tudo isso, no entanto, há necessidade de preparo, de formação, investimento e tempo.
No contexto atual, creio ser válida a apresentação de uma diferença básica entre aprendizagem e educação, apresentada por Sir Ken Robinson (gosto muito dele e cito sempre que posso).
Aprendizagem é o processo de adquirir novos conhecimentos e habilidades. Humanos são aprendizes altamente curiosos. Desde que nascem, as crianças pequenas têm apetite voraz por aprender. Para muitos, esse apetite começa a desaparecer quando entram na escola.
Programas organizados de aprendizagem constituem o que entendemos por educação. O pressuposto da educação formal é que os jovens precisam aprender, entender e ser capazes de fazer coisas que não fariam se fossem deixados sozinhos com seus próprios recursos.
Não diminuamos o apetite de nossas crianças e adolescentes. Que eles sejam capazes de cultivar o gosto pelo aprendizado, mesmo que as escolas, circunstancialmente, não sejam capazes de educar. É temporário. Terminará!
O momento pede muito bom senso. Se a saúde está no topo de nossas prioridades, contraditório será jogar profissionais e famílias no sacrifício insano para tentar preencher espaços que não poderão ser preenchidos. Higeia cobrará!
Toda época sempre será de aprendizado.
"Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém."
Coordenador-assistente e editor na FGV - CPDOC (prestação de serviço)
4 aAvaliação de pura sensatez e equilíbrio. Abração!
Consultor Pedagógico | Gestor Educacional | Professor
4 aExcelente o texto e inquietante a oportunidade de reflexão. Penso, que a corrida de muitas instituições de implantar o Regime Especial Domiciliar via recursos digitais e plataformas se dar, na esfera privada pelo fato de a primeira coisa em época de crise que as pessoas cortam ou seja reduz do orçamento é o investimento em em educação. Nesta lógica estar parado seris um estímulo ao fato mencionado. Já no âmbito público é urgente cumprir os 200 dias letivos de aula, ou seja, manter a legalidade e burocracia acima de tudo e todos.