Prioridades de Gestão para um CEO – Insights dos Principais Executivos do Brasil
Por recomendação do consultor empresarial Fabio Villares , fiz a leitura das Cartas Dynamo Administração de Recursos 119 e 120, publicadas no segundo semestre de 2023, que trataram da visão do papel do CEO e dos Conselhos de Administração, a partir da visão de CEOs de grandes empresas brasileiras. Foram eles:
Quatro pontos foram apontados de forma mais convergente entre os entrevistados: a gestão das políticas de pessoas, a construção e consolidação da cultura empresarial, a gestão da alocação de capital e do caixa e a visualização e execução da estratégia da organização.
Com relação à gestão das políticas de pessoas, o papel do CEO traduz-se em atrair, formar e reter pessoas, trazendo a competência, motivação, potencial e perfil necessários para o presente e futuro da organização. Isso requer assegurar que as pessoas certas estejam nos lugares certos, especialmente nos times gerenciais.
Ao mesmo tempo, também demanda garantir um bom planejamento da força de trabalho, de forma coerente com os objetivos estratégicos da empresa, tendo inclusive um plano de sucessão adequado a esses objetivos de futuro, pensando em construir a equipe necessária para esse futuro pretendido de modo planejado e intencional.
Já no que diz respeito à cultura empresarial, o CEO deve ser capaz de estabelecer claramente os princípios da cultura e de criar mecanismos de dar escala a ela, garantindo que seja preservada e enraizada nas pessoas, áreas e unidades de negócio. Isso passa pelas suas qualidades de comunicação e pela disciplina em ser um exemplo fortíssimo dos valores da organização.
Observa-se claramente para essas duas responsabilidades, o importante e estratégico papel que a área de recursos humanos (pessoas, gente e gestão etc) deve ter no apoio e assessoria ao CEO. E, por isso mesmo, é essencial ter uma avaliação rigorosa quanto às competências e ao alinhamento cultural do time de RH.
No que se refere à gestão da alocação de capital, a alta gestão precisa enxergar o tema considerando os estudos de viabilidade e taxas de retorno de projetos, decisões sobre investimentos em tecnologia, branding e expansão, composição do endividamento, acesso a capital a custos competitivos e a otimização da geração de caixa. Além desses aspectos mais “tradicionais”, também entender alocação de capital como decisões importantes em pessoas, desenvolvimento da gestão e serviço ao cliente.
Isso tudo observando que estamos inseridos num ambiente com turbulências, volatilidade, incertezas, inovações e ambiguidade e que, por isso, são necessários atenção e monitoramento constantes às variáveis do macroambiente concorrencial, econômico, político e legal.
Já sobre a elaboração e execução da estratégia, o papel do CEO é propor e trabalhar de forma conjunta a estratégia com seu Conselho de Administração (pautando e extraindo o máximo desse conselho). Uma vez que haja um alinhamento sobre os objetivos e rumos a perseguir, garantir a execução dessa estratégia, inspirando e engajando gestores e equipes na perseguição desses objetivos.
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Dois fatores são muito importantes, nesse sentido: (i) a capacidade de comunicação da liderança, promovendo uma análise crítica, orientando expectativas e trazendo à tona as “verdades” que precisam ser ditas sobre a organização e (ii) deixar clara a autoridade e responsabilização das pessoas, de forma associada a sistemas de metas e de recompensa.
Além disso, a gestão executiva deve desenvolver ativos e competências na organização de modo a ampliar suas possibilidades de sucesso. Isso deve ser feito com uma visão crítica e sempre atualizada, com atenção constante às oportunidades de crescimento, riscos e gargalos internos da organização.
Isso tudo só é possível de alcançar de forma sustentável se o CEO estiver e se mantiver bem enquanto ser humano (da mesma forma que você não vai querer estar num avião se o piloto não estiver bem). As lideranças empresariais precisam cuidar (e ser exemplo de cuidado) da saúde física e mental, essa última tanto numa perspectiva individual quanto num olhar dos vínculos afetivos e sociais, com família e amigos.
Certamente podem existir exceções a esta última recomendação, mas é preciso se libertar do paradigma de que o sucesso profissional exige “perder” em alguns campos para “vencer” em outros.
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