Programador "raiz" !
A década de 1980 ficou conhecida como a “era da informática”, não foi por acaso. É inegável que a internet impulsionou a informática na década de 1990, derrubando fronteiras e criando um mundo conectado, mas a década de 1980 foi marcada pelo início da disseminação dos computadores pessoais, que já apresentavam recursos tecnológicos que permitiam a manifestação do pensamento através de redes públicas de informação, como Cirandão, Videotexto e Aruanda.
Em plena reserva de mercado no Brasil, equipamentos nacionais como o Unitron, compatível com o Apple II, eram comercializados com placas de rede. O Unitron vinha com uma interface RS232C incorporada. Até mesmo os micros portáteis, como o Tandy 102, fabricado no Japão pela Kyocera e compatível com a linha TRS-80 (mesma dos famosos micros CP 500 da Prológica Acima na foto), vinha com um modem incorporado que atingia a velocidade de 300 baud(incrivel), ínfima se comparada as atuais que podem ultrapassar os 100 Mbps, mas suficiente para trocar mensagens e acessar serviços. Naquela época já existiam salas de bate papo, espaços onde as pessoas se comunicavam e manifestavam livremente seus pensamentos e idéias sobre o mundo.
Além das redes públicas de informação acima citadas, existiam as BBS (Bulletin Board System). Este sistema, acessado por um computador com modem conectado a uma linha telefônica, tal qual fazíamos no princípio ao se conectar a internet, ou seja, por uma ligação telefônica discada, analógica, possibilitava desde a troca de arquivos até o envio de mensagens privadas, como fazemos hoje ao enviar um e-mail, com a diferença de que o envio não era instantâneo. Com o advento da internet e do protocolo HTTP (FTP, entre outros), que possibilitou uma navegação com texto, imagem e som, além de outros inúmeros fatores da conjuntura tecnológica e econômica da década de 1990, as BBS perderam o sentido, tornaram-se obsoletas.
Neste computador( o meu primeiro ) na escola ETEIT – Governador Valadares, onde tive o orgulho de ser também professor do curso técnico, programava-se em COBOL, com troca de discos 5 ¼, da DataLogic, você não tinha como “debugar” como hoje, tinha que imprimir e achar o erro lendo o código, o que gerou em mim uma visão analítica do código que serviu e ainda server muito para o desenvolvimento de sistemas, complexos e orientados a objetos e serviços e eventos.
Hoje com o advento da internet e as facilidades de se codificar clicando e arrastando componentes prontos, estamos formando uma geração de programadores “burros” gente que não sabe porque aquilo está lá, só sabem “usar” gente que não conseguiria desenvolver uma aplicação “do zero” em C++, Java ou C#, me espanta a quantidade de formandos nos milhares de cursos milagrosos de TI que existem, gente que não sabe implementar rotinas simples, que dirá das complexas.
Sou de um tempo em que para se achar ajuda de outros programadores você tinha que se conectar em uma BBS na madrugada e “baixar” rezando pra conexão não cair, manuais que eram xerox de livros em inglês. Hoje você entrega uma tarefa simples e o “engenheiro”, “arquiteto” e sei lá mais o que se denomina esta turminha do eu não dou conta disto, sou do front-end ou eu não dou conta disto sou do back-end. Cara, quanta moleza e preguiça, tudo está ali a um click do google.
Programador “raiz” é o que nos falta, ou vamos continuar formando uma mão de obra de “papagaios-de-pirata” que repetem mantras de ctrl-C e ctrl-V ( aliás o cara que inventou isto nos deixou, um UP para ele).
A todos que resistem e que como eu são desta maravilhosa década de 80/90 um salve!
Aos verdadeiros ninjas do código. Porque programar é falar com o código. Um brinde aos loucos por códigos, que ainda resistem a este fantástico mundo do arrastar e colar.
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4 aEu aprendi em um desses !!!