A Psicologia do Tênis aplicada ao Mundo Corporativo
Muito se fala sobre a correlação entre a experiência esportiva com o desempenho e atitudes no âmbito profissional/executivo. Claro que, por vários motivos que poderiam ser discorridos durante uma extensa leitura. No entanto, gostaria de ser mais específico e falar sobre algo que conheço um pouco melhor dentro do esporte.
O tênis sempre fez e sempre fará parte da minha vida, porém só percebi sua relação com o mundo corporativo a partir do momento que comecei a vivenciar este último. Errar no mundo corporativo não deve ser uma prática comum. Dar seu melhor, em termos de dedicação principalmente, é essencial. No tênis, não é diferente. Não à toa, quando você bate uma bola errada para o outro lado em um jogo, ela raramente voltará, ou seja, você é condicionado a estar sempre fazendo as escolhas certas e acertando essa bola para dar continuidade ao processo/jogo. Posso dizer que muitas pessoas aprendem esse esporte de uma forma convencional específica, que aliás, foi como eu aprendi. Como? Te ensinam os movimentos básicos do tênis, como eles devem ser executados para garantir maior eficiência e o colocam para treiná-los constantemente. Esse treino, na maioria das vezes, consiste em um carrinho cheio de bolas (aproximadamente umas 70) para que você rebata à vontade e possa errar o quanto quiser. No entanto, não é assim que o tênis funciona.
Há alguns anos atrás, em conversas com um técnico de tênis de São Paulo que admiro muito (seu nome é Albers Bernardes), cheguei à conclusão que os iniciantes na prática são condicionados a errar constantemente e por isso, na hora do jogo eles tendem a não aproveitar o jogo e trocar um número baixíssimo de bolas durante os pontos (digo 1 ou até nenhuma). De que adianta o golpe perfeito na hora do treino (ou o currículo perfeito), se você não foi condicionado a batalhar e permanecer no jogo? Já te digo, nada. Diante isso, atualmente o conceito metodológico de Play+Stay está sendo difundido mundialmente (há bastante tempo) e muitos técnicos no Brasil já o adotaram. O que é? Fazer com que o aluno jogue desde o primeiro contato dele com o esporte. Fazer com que haja rally. É mostrar para ele como funciona o jogo. É dar valor nas oportunidades. Em cada bola. E principalmente na pessoa que está com você, compartilhando dessa mesma bola (o que não deve ser diferente no seu ambiente de trabalho).
No tênis aprendi que não existe bola perdida. A persistência é a chave para alcançar seus objetivos. Tanto no esporte como em sua carreira profissional vão haver dias difíceis, onde você se vê correndo atrás da bola sem fim. Calma. Por que estou fazendo isso? Será que algo está errado? Nesse ponto, entra outra capacidade que o tênis é muito capaz de ensinar. Análise rápida do jogo. O que eu estou fazendo (ou não estou fazendo) para que meu adversário esteja me dando uma surra? Ou seja, por que o trabalho está tão árduo e difícil? Como faço para melhorar essa situação? A resposta é simples. A análise do jogo te permite entender o que fazer para vencer aquele adversário específico. Cada jogo é um jogo. Cada tarefa é única.
No entanto, você nunca conseguirá tirar essas conclusões sozinho se não tiver certo nível de interpretação e concentração no jogo. Os detalhes são importantes sim. É necessário manter-se focado enquanto joga-se tênis. Todos que praticam sabem disso, pois somente com um alto nível de foco no que está acontecendo ali, naquele momento, você conseguirá acertar o tempo da bola, bater no sweetspot, ser eficiente e capaz de prever os movimentos do seu adversário para se preparar e tomar a decisão da próxima jogada. Não vejo diferença quando essa concentração é aplicada ao trabalho. Vale a reflexão: estou realmente focado, prestando atenção aos detalhes, sendo eficiente e capaz de prever o que pode acontecer e me preparar?
As semelhanças e ensinamentos que o tênis deixa para a nossa vida e a forma com que ele muda nosso jeito de pensar e agir em certas situações é extremamente vantajoso e benéfico. Sem falar nas amizades. Sem falar do networking. Sem falar do prazer que esse esporte tão complexo, de evolução contínua e infinita nos traz. Evoluir a cada dia faz parte do tênis e tenho certeza que você vai querer que faça parte da sua vida/carreira.
Engenheiro de Produção | Especialista em Eletrônica | Soluções Estratégicas em Engenharia e Gestão Industrial.
6 aMuito bacana interessante e faz todo sentido fiquei mais de 10 anos sem práticar esse esporte e qualquer outro mas graças a Deus voltei a jogar e competir e o frio na barriga em competições é o mesmo de antes porém hj eu sei lidar melhor e posso transmitir para os mais jovens uma ideia do meu aprendizado e faz uns 8meses que voltei a jogar e é muito mais prazeroso jogar hj por hobby divertido doque por qualquer outra coisa...vlw abraço
professor de tênis
7 aMuitobom Gustavo, esta é a abordagem correta.
Diretor Executivo - El Topador
7 aDaniel Libeskind Rosenbaum texto que escrevi há um tempinho atrás! Obrigado pelos ensinamentos em quadra no último final de semana!!!
UX Researcher | Strategic Consulting | Workshop Facilitator
7 aMuito bom Gustavo! Meu pai é professor de tênis desde que me entendo por gente, mas somente de três anos pra cá que jogo. Assino embaixo no seu artigo! As semelhanças e analogias que o tênis nos traz são para vida! No jogo ou no treino, olho na bola e não na quadra. Respiração e foco no momento presente. Adorei! Abraços, Ale