A psicopatia e o Direito
Texto originalmente publicado hoje, sexta-feira dia 30/09, na minha coluna Direito com Paulo no Jornal Jurid. Acesse ou leia por aqui!
Olá leitores, tudo bem? Com o advento da nova série da Netflix acerca do psicopata Jeffrey Dahmer os olhos da audiência voltam-se novamente para a figura do psicopata que comete crimes violentos. Mas dessa premissa eu indago: todo psicopata comete crimes violentos? Será que é possível que o psicopata consiga viver socialmente dentro das balizas legais?
Na coluna dessa semana pretendo abordar o tema de uma maneira a tentar não cair em uma falácia de lugar-comum. Quero no entanto, antes de prosseguir com o texto, agradecer pelo suporte da pesquisadora Olívia Alvarez Briones e de seu orientador Gabriel Monteiro que gentilmente forneceram material de apoio para a escrita dessa coluna. Inclusive, a ideia de escrever essa coluna surgiu justamente após um evento científico no qual o acaso nos brindou com um encontro.
Enfim, ao pensarmos em psicopatia, já pensamos logo em assassinos, estupradores, em suma, criminosos das mais variadas espécies. Ocorre que a psicopatia não se resume a apenas esse prisma enfocado pelas produções televisivas de sucesso. Pensar isso seria, de fato, muito reducionista.
Não quero negar o óbvio caro leitor. Sim, de fato psicopatas podem possuir tendências impulsivas e de fato podem ser perigosos. Todavia esse transtorno não está circunscrito apenas a indivíduos em conflito com a lei. Existem diversos psicopatas que vivem razoavelmente bem em sociedade, pelo menos no que tange a questões jurídicas.
Claro, por normalmente não sentirem empatia, os psicopatas via de regra não conseguem criar fortes vínculos emocionais. No entanto, faço uma pergunta: no mundo atual, quem consegue? Ou melhor, como distinguir aquele que consegue daquele que não? A linha é tênue e, se posso dizer, pontilhada.
Um ponto pouco abordado acerca da personalidade do psicopata é o fato de que a agressividade não necessariamente faz parte dos traços psicopáticos, sendo apenas uma das possíveis características desse transtorno. Muito mais comum é a tendência para obter os benefícios pessoais e o lucro em geral sem que se meçam as devidas consequências. Seria como se esses indivíduos tivessem vindo sem um filtro para regular suas ações.
A fim de obter o narrado sucesso (seja ele percebido como prazer por realizar atrocidades, ou meramente benefícios financeiros), o psicopata passa grande parte da vida se escondendo, tentando se passar como uma pessoal “normal”. É justamente nesse diapasão que Hervey Cleckley (por muitos conhecido como o “pai da psicopatia”) cunhou o termo “máscara de sanidade". O termo fazia referência ao fato de os psicopatas possuírem uma complexa capacidade de se camuflar perante a sociedade. Tal capacidade é escorada pelo fato de os psicopatas conseguirem imitar e reproduzir emoções e experiências de maneira convincente.
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Não por outra razão é tão difícil para nós, leigos no assunto, conseguirmos identificar os reais psicopatas ao nosso redor. Mas não se sinta mal leitor, existem profissionais treinados para isso.
O grande ponto nodal da coluna dessa semana, bem como do trabalho de Olívia Alvarez Briones é que não necessariamente o psicopata vai possuir essa tendência de crimes ligados à violência. Inclusive, do quanto dito acima pode ficar insinuada uma inclinação a crimes econômicos, uma vez que podem gerar benefícios para o indivíduo do ponto de vista monetário.
Por fim, e aliando-se essa nova perspectiva de que não necessariamente o psicopata é perpetrador de crimes violentos, bem como que as habilidades do psicopata em esconder a psicopatia são fortes, fica clara a dificuldade que nós temos em “julgar” as pessoas. Não quero ser alarmista, mas o psicopata pode estar ao seu lado, ainda que seja para tirar vantagem de você financeiramente.
Autor pode ser contatado na seguinte página:
Íntegra da matéria no veículo original:
Empreendedor Social | Fundador Schwartzman Advogados; Arbitrivm; MP Sports; Isapay e SoftDent e JurisTrilha | Formado e Mestre pela USP | Editor Brasil Debate | Colunista | Coord. GESIDH | Escritor | Mentor
2 aQue bom que gostou do texto!
Head of Pharmaceutical Business Unit
2 aTexto muito interessante, o qual de certa forma "desmistifica" ideias e imagens que nos são impostas. Lembrei me também do "poderoso fator desencadeante".