Psicoterapia Reichiana
Reinaldo Müller
Colunista do Portal de Educação. Professor. Gestor. Professor de filosofia, história e pedagogia. Pedagogo. Psicopedagogo. Psicólogo infantil. Transtornos do Desenvolvimento.
Havia uma criança de 6 anos de idade. Um menino que estava deprimido. Não queria ir à escola -- não queria comer -- brincar -- estava apático, etc. As crianças que têm problemas na escola, consequentemente, reproduzem um meio doméstico-familiar empobrecido, ou ameaçador, violento, afetivamente frio, conflituoso, etc, etc.
Sob o viés psicanalítico em minhas reflexões teóricas e práticas vejo limitações, dado que a psicanálise, atua, fortemente, no quesito identidade, (O complexo de Édipo, é uma construção, identitária) e na questão da autoestima, a psicanálise leva tempo demasiado em se tratando de crianças, vez que o processo, ainda, que privilegie a Ludicidade não deixa de ser uma via dialética, o que para o universo infantil é um caminhar lento.
Em minhas abstrações, elegi um caminho psicoterápico que entendo ser de maior eficácia clínica (para crianças), e que produz resultados, tangíveis, em menos tempo.
A escrita psicanalítica, permaneceria como base teórica indutiva-dedutiva da psicopatologia. Entrementes, a ação terapêutica -- a conduta clínica -- a meu ver (em se tratando de crianças) mais diretiva, é a linha Reichiana.
Explicando, melhor. Reich sem desmerecer a base teórica da psicanálise, entendeu que a Psicoterapia é uma abordagem terapêutica psicossomática, que atua a nível psicológico, corporal e bioenergético.
Pela sua diversidade de recursos terapêuticos, a psicoterapia reichiana, é eficaz tanto no tratamento de distúrbios psicológicos (tais como depressão, ansiedade, fobias, dificuldades de relacionamento humano e afetivo) bem como, de muitos distúrbios orgânicos (como dores de cabeça, hipertensão, asma, distúrbios menstruais, colite, gastrite e obesidade, por exemplo).
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Na visão reichiana o ser humano é uma unidade psicossomática, na qual corpo e mente formam um sistema integrado.
Em suas pesquisas clínicas e experimentais, Reich descobriu que os distúrbios psico-emocionais estão sempre associados a distúrbios corporais (anatômico-fisiológicos), como consequência daquilo que não teve significação psíquica e foi reprimido e se alojou, fisiologicamente, em áreas corporais...
A esse conjunto de distúrbios corporais ele denominou couraça, devido à sua função de contenção emocional. A formação da couraça (encouraçamento) inclui alterações musculares (tensão ou flacidez), viscerais, respiratórias, sensoriais, circulatórias e hormonais. Reich descobriu ainda que a couraça se organiza no corpo em conjuntos funcionais, aos quais denominou segmentos: ocular, oral, cervical, torácico, diafragmático, abdominal e pélvico.
Foi em busca de melhores resultados terapêuticos que Reich propôs que ao trabalho verbal, dialético, essencial, no processo psicoterapêutico, pudessem somar-se os trabalhos corporais, que visam a dissolução da couraça (desencouraçamento), acompanhada da liberação de impulsos e emoções reprimidas, e da reelaboração dos conteúdos psíquicos associados.
A couraça, que resulta na contenção de impulsos e emoções, promove, também, um bloqueio nos fluxos de energia. Isto faz surgir no organismo regiões com deficiência de energia. Os trabalhos de desencouraçamento promovem a regularização destes fluxos de energia (catexes) e, consequentemente, a restauração da saúde emocional.
A Psicoterapia Reichiana utiliza várias técnicas de desencouraçamento que são sempre associadas aos trabalhos verbais psicodinâmicos. Estes se fundamentam na teoria psicanalítica freudiana e na Análise do Caráter desenvolvida por Reich, incluindo, o manejo clínico do fenômeno da transferência.
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