A PUBLICIDADE E O DESPERTAR DAS MEMÓRIAS AFETIVAS
Quais produtos e marcas despertam em você lembranças boas?
Eu tenho um carinho muito especial pelo chocolate em pó da caixinha com os monges: quando chegava em casa depois da escola e via esse produto pela cozinha, sabia que ia ter algo bem gostoso pra comer. E de fato, logo o cheiro do bolo de chocolate assando no forno recendia pela casa inteira - prova olfativa de que eu não estava errado.
Hoje, mesmo depois de tantos anos, quando eu vejo uma caixa desse produto, que não é algo tão comum de se encontrar conforme o supermercado que você frequenta, logo me emociono e a memória viaja direto aos sabores do passado. E a compra então, é inevitável.
Desde que a sociedade de consumo se estabeleceu após as revoluções industriais, a briga para conquistar o consumidor vem se tornando cada vez mais cheia de nuances criativas. Numa visão geral, os produtos nem sempre são assim tão diferentes um do outro - o que leva, por exemplo, um consumidor a escolher entre um sabão em pó de uma marca ou de outra que oferecem benefícios semelhantes? Por que escolher a caixa de chocolate em pó dos monges e não outra, até mesmo mais barata?
Falar que a resposta que leva a uma escolha de compra é somente o preço torna essa escolha um tanto quanto superficial e muito racional. Por trás desse momento decisivo, apropriadamente denominado pelos estrategistas de marketing como "Hora da verdade'', há aspectos afetivos e sensoriais, poucas vezes conscientes, que fundamentam a decisão num nível mais profundo. E aqui entra a publicidade e sua capacidade de ajudar a elaborar e, posteriormente, despertar memórias afetivas.
Quem nunca sentiu um calorzinho no coração quando viu que seu produto preferido na infância voltou a ser fabricado depois de anos ausente das prateleiras dos supermercados? Ou ao contrário, quem nunca ficou triste ao ser impactado pela notícia de que um produto de sua marca preferida deixou de existir?
Esse amor às marcas que todos temos é construído de forma planejada e bem executada pela publicidade - mais que uma ferramenta, uma ciência da comunicação que investiga o comportamento do consumidor e o imaginário social para estabelecer vínculos entre marcas e pessoas. E nesse caminho, gera identificação com as pessoas, refletindo valores vigentes numa determinada época.
E agora, com o crescente acesso às redes sociais, todo esse processo se tornou ainda mais potente, com sua força ampliada pela possibilidade da criação de efetivos canais de diálogo com os consumidores.
O mercado está se reinventando a cada segundo, forçando mudanças profissionais. Para acompanhar tudo isso (ou pelo menos, tentar acompanhar), a gente, que é do setor, não pode tirar o olho das inovações tecnológicas e de como elas afetam a vida de todos nós.
Mas, não importa quais sejam as mudanças no suporte tecnológico ou no acesso cada vez mais facilitado ao meio digital: a publicidade continuará mantendo sua relevância e usando do artifício de nos conectar com saudosos momentos do nosso passado. Um produto cujo apelo comercial traz à tona boas lembranças não será facilmente deixado na prateleira do supermercado.
E você, que produtos e comerciais te conectam a boas lembranças?