Quais as causas e soluções para a violência?...
Muitas pessoas acham que a causa principal da violência é a falta de atividades culturais, escolarização ou a pobreza... Embora essas coisas ajudem na socialização e desenvolvimento da personalidade das pessoas, isto não é verdade porque a educação familiar tem mais relevância para a cabeça das crianças e adolescentes em formação (caráter, personalidade e comportamentos) do que a educação escolar, por causa da importância da relação de autoridade, dependência, afetividade e exemplo existente entre pais e filhos e porque a educação escolar atualmente serve mais para transmitir conhecimentos científicos sobre as realidades, preparar os cidadãos para exercer a cidadania e capacitar os estudantes para o mercado de trabalho. Sendo assim, a violência está diretamente ligada à incompetência dos pais em educar seus filhos e ao fato do Estado não combater, não punir e nem recuperar criminosos. Para piorar o problema, atualmente "pega mal", na nossa cultura cristã conservadora, alguém culpar os pais por erros cometidos pelos filhos ou por má formação de sua personalidade, preferindo os “especialistas” em educação e segurança pública culpar o Estado ou a falta de educação escolar pela violência. No nível em que a violência se encontra apenas medidas duras urgentes seriam eficazes, pois investimentos em educação, atividades culturais, melhorias nas condições econômicas dos cidadãos ou educação familiar não surtiriam efeitos para criminosos já adultos que não pretendem deixar a criminalidade. No Brasil a violência virou uma cultura, ou seja, algo enraizado, “normal”, “aceito”, automático e que já faz parte do inconsciente coletivo, e quando isso acontece fica muito mais difícil do problema ser resolvido. Criminosos não podem ser tratados como “pessoas comuns” para que isso não incentive outras pessoas a praticarem os mesmos delitos, nem haja reincidência por parte dos criminosos.
Front/Back-end & Mobile
5 aDiscordo do seu texto, em especial ao trecho "Sendo assim, a violência está diretamente ligada à incompetência dos pais em educar seus filhos e ao fato do Estado não combater, não punir e nem recuperar criminosos". Não tem como culpar apenas os pais, uma garota de 19 anos sem qualquer instrução sabe a forma correta de instruir e educar os filhos dela, sendo que nem ela teve isso? Tomás Morus (1478–1535), humanista e jurista inglês, foi chanceler do reino da Inglaterra e um dos pensadores mais destacados de seu tempo. A formação de Tomás Morus foi basicamente por ter viajado o mundo durante o século XV como embaixador da Inglaterra, o que lhe permitiu ter conhecido inúmeras culturas e politicas diferentes. Em certa ocasião, quando retornou para a Inglaterra, Tomás Morus teve a oportunidade de estar presente em uma conversa com um membro do Estado, e um cardeal da igreja católica. Nessa ocasião, Tomás Morus aproveitou para questiona-los sobre uma cena que viu quando chegou a Inglaterra: vários ladrões estavam na forca, condenados a morte. Havia até certo consenso de que a forca era uma punição exagerada para um roubo, porém, a sociedade inglesa daquela época, entendia que era bom esse tipo de punição para desencorajar outras pessoas que cometerem roubos. Essa discussão se deu da seguinte forma: Eu me encontrava por acaso à sua mesa no dia em que lá estava, também um leigo muito aferrado ao direito inglês, o qual, a propósito de não sei que assunto, pôs-se a enaltecer com vigor a inflexível justiça que se exercia entre vocês, naquela época, contra ladrões, ele dizia que se podia ver, aqui e acolá, uns vinte deles enforcados na mesma cruz. E ele se perguntava com muito espanto, considerando que poucos escapavam ao suplício, que má sorte fazia com que houvesse ainda tantos ladrões pelas ruas. Eu disse então, pois ousava falar livremente na presença do cardeal: - Não há nada de surpreendente nisso. Com efeito, esse castigo vai além do direito sem na verdade servir ao interesse público. Ele é ao mesmo tempo demasiado cruel para punir o roubo e importante para impedi-lo. Um roubo simples não é um crime tão grande que deva ser pago com a vida. Por outro lado, nenhum castigo conseguirá impedir o roubo por parte daqueles que não tem nenhum outro meio de sobrevivência. Seu povo e a maior parte dos outros me parecem agir, nesse ponto, como aqueles maus professores que se ocupam em bater em seus alunos em vez de instruí-los. Decretam-se contra o ladrão apenas penas duras e terríveis quando o melhor seria providenciar-lhe meios de viver, a fim de que ninguém se veja na cruel necessidade de roubar primeiro e ser enforcado depois. - Mas — disse o outro — providências suficientes foram tomadas. Há indústrias, há agricultura, eles poderiam ganhar a vida dessa forma, se não preferissem ser desonestos. - Você não escapará assim — respondi — Não falarei sequer dos que frequentemente voltam mutilados das guerras civis e estrangeiras, como foi o caso entre vocês da insurreição da Cornualha e, pouco antes, da campanha da França, e que perderam seus braços e pernas defendendo o Estado o rei. Sua fraqueza não mais lhe permite exercer a antiga profissão; sua idade não lhes permite aprender outra. Deixemos esses de lado, já que as guerras só surgem por intervalos. Detenhamo-nos no que acontece todos os dias. Há uma quantidade de nobres que passam a vida sem fazer nada, zangões nutridos do trabalho alheio, e que, além disso, para aumentar seus rendimentos, tosquiam até a carne viva os meeiros de suas terras. Não concebem outra maneira de fazer economias, pródigos em relação a todo o resto, até se reduzirem eles próprios à mendicidade. E ainda por cima arrastam consigo um cortejo de preguiçosos que jamais aprenderam um oficio capaz de lhes dar o pão. Essa gente, seu seu mestre vem a morrer ou se eles próprios adoecem, é imediatamente posta na rua. Pois aceita-se mais facilmente alimentar desocupados que doentes, sem contar que muitas vezes o herdeiro de um domínio não tem de imediato condições de manter a gente da casa defunto. Com isso, os pobres-diabos são vigorosamente privados de comida, a menos que roubem vigorosamente. Que outra coisa poderiam fazer? Quando, à força de vagarem por aqui e ali, gastaram aos poucos as roupas e a saúde, quando estão degradados pela doença e cobertos de andrajos, os nobres não consentem mais abrir-lhes a porta; tampouco os camponeses se arriscam a isso, sabendo muito bem que quem foi educado indolentemente no luxo e na abundância, quem sabe manejar apenas o sabre e o escudo, quem olha os outros com desprezo do alto de suas maneiras distintas, jamais será capaz de servir fielmente um pobre homem, com a pá e a enxada, em troca de um magro salário e uma ração avaramente medida.