Quais as regras, limites e autonomia a impor a uma criança?
Da autoria das psicólogas Ana Margarida Santos e Ana Mafalda Loureiro

Quais as regras, limites e autonomia a impor a uma criança?

Limites e regras

Estabelecer regras é importante para trabalhar a autodisciplina e ajudar as crianças a distinguir o certo e o errado. As regras e limites oferecem diretrizes que ajudam as crianças a lidar com diferentes tipos de situações, e é através destas que as crianças percebem o que é esperado delas em casa, com os pares e na escola.

Os limites permitem que a criança se sinta segura, ao mesmo tempo que lhe são ensinadas competências que serão úteis em diversas áreas da sua vida. Todas as crianças testam os limites, o que é normal e faz parte do desenvolvimento. No entanto, é importante que os pais continuem a definir os limites e que ajudem a criança a aceitá-los e a desafiá-los de uma forma saudável e equilibrada.

Seguem-se agora algumas das razões pelas quais é importante definir limites e regras para a criança, durante o seu crescimento:

  • Trabalha a autodisciplina;
  • Ensina como se podem manter em segurança;
  • Mantém a criança saudável;
  • Ajuda a lidar com sentimentos e emoções que causam desconforto;
  • Demonstra preocupação por parte dos pais e educadores.


Autonomia

No entanto, embora os limites e regras sejam importantes, também é importante reconhecer que as crianças e adolescentes precisam da sua autonomia. A necessidade de autonomia manifesta-se sobretudo em duas fases: na infância, entre os 2/3 anos, e na adolescência, acabando por se tornar mais evidente nesta última fase.

É importante os adolescentes desenvolverem a sua autonomia, de modo a tornarem-se adultos autónomos, que não são controlados por outras pessoas ou forças externas. Para isso a autonomia deve ser desenvolvida em três níveis:

  • Emocional - está relacionado com os sentimentos e emoções nas relações com os outros. Adolescentes que são emocionalmente autónomos, são capazes de procurar soluções quando surge um problema, em vez de estarem dependentes dos pais ou dos pares;
  • Comportamental - refere-se à capacidade de tomar decisões e cumprir as ações, sem serem influenciados e seguirem as decisões dos pais ou dos amigos;
  • Valores - refere-se à tomada de decisão baseada nos valores pessoais. Permite que o adolescente tome decisões e chegue a conclusões de forma independente, acerca dos seus próprios valores.

Desenvolver a autonomia ajuda as crianças e adolescentes a tomar decisões e a prepará-los para a vida adulta. No entanto, esta é uma fase que pode causar tensões entre os pais e filhos.

É difícil para os pais verem as suas crianças e adolescentes a crescerem, e reconhecerem esta necessidade de independência. Na adolescência, a procura pela autonomia pode verificar-se através do questionamento, da transgressão das regras e maiores conflitos no seio familiar.


De que forma os pais podem ajudar?

  • Definir regras - pode ser importante definir regras e limites consistentes relativamente à hora de recolher, aos namoros e às saídas com os amigos. No entanto, também é importante ter em mente que as regras podem ter que ser ajustadas e redefinidas, à medida que os adolescentes crescem e as suas necessidades evoluem;
  • Trabalhar a comunicação - comuniquem acerca das regras estabelecias e o porquê das mesmas. Permitam que os adolescentes vocalizem os seus pensamentos e sentimentos acerca destas mesmas regras. É importante ser firme, mas também justo em elação às regras estabelecidas, bem como definir as consequências para o incumprimento das mesmas;
  • Não desvalorize o grupo de pares - é importante não descartar as opiniões e a importância que o grupo de amigos do adolescente tem nesta fase, porque os pares são uma das bases principais para a tomada de decisões do adolescente;
  • Permita que participem e contribuam - ofereça oportunidades para a criança ou adolescente praticar a sua autonomia e contribuir para a própria dinâmica familiar. Deixe-o tomar decisões sobre como se vestir, pentear ou decorar o quarto, bem como participar nas tomadas de decisão da família, permitindo assim que o adolescente ou criança vocalize a sua opinião.

Para além de tudo isto, caso sinta necessidade de recorrer a um técnico especializado, lembre-se que estamos disponíveis para o ajudar a qualquer momento.

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