Qual é a Hora H?
Tem filmes que a gente assiste por um motivo e acabam mesmo nos levando por caminhos bem diferentes do esperado né? Foi o que aconteceu comigo com "Milk - A Voz da Igualdade".
Bom, por questões meio óbvias, alguns temas são os mais focados e comentados, como militância gay e desempenho do Sean Penn na comissão de frente. Mas, não é disso que quero falar aqui, porque teve uma coisa em especial que me chamou a atenção: De certa forma, a vida do cara, o Harvey Milk, durou exatos oito anos. É, o filme meio que diz isso, algo como "a vida que valeu a pena, então essa é que vamos mostrar". Não estou falando como crítica negativa, mas como um fato bem curioso e que me leva a reflexões sempre muito presentes:
Afinal, qual é a hora de começar?
Explicando, pra você que ainda não assistiu. A primeira vez que o personagem aparece é numa situação paquera, na véspera de completar 40 anos. A virada pros enta seria à meia noite daquele dia. De quebra, é o momento em que ele conhece aquele que se tornaria seu companheiro de vida. Então, já juntinhos, na vibe de namoro, Milk revela ser um cara "no armário", um vendedor de seguros que temia por emprego, família, amigos, um blablabla desesperançado e sem muitos horizontes. Aí o lindão do namorado (James Franco, também em ótima atuação) fala que talvez estivesse na hora dele pensar numa mudança, que em resumo incluía como destaque a saída do armário.
Dali com um corte, a cena vai direto pro Castro, bairro de identidade gay em São Francisco, onde Harvey começa finalmente a virar “Milk”. Torna-se o militante que, em apenas oito anos, promoveu uma mudança tal que justificou seu nome encravado na história política contemporânea e a motivação pra uma produção cinematográfica.
Dá procê? À meia noite ele declara completar 40 anos sem ter feito nada na vida. Em OITO ANOS, tudo muda de maneira, podemos dizer grandiosa.
O tema aqui não tem a ver com os objetivos que ele alcançou. Poderia falar não de um ativista, mas de um cientista, um empreendedor, um artista, enfim, alguém que tivesse conquistas marcantes começando “atrasado”.
O legal é isso, ele não começou aos 15, ou 17. O cara viveu até os 40 anos sem saber quem era ou o que queria. Tá, tem muita gente que acontece isso, só ser reconhecido mais tarde. Mas, na maioria das vezes, são pessoas que demoraram a colher o que já vinham plantando há tempos. Ele não, sua primeira sementinha foi assim, meia idade mesmo.
A conclusão mega positiva é que: quem não fez aos 30, calma lá, que ainda virão os 40. Se também essa fase já passou e a comparação for com os 40 anos do Milk, é bom lembrar que a história dele foi lá nos anos 70. Agora, no século 21, os 60 é que são os novos 40.
Então é isso, a tal da hora H pode ser agora, ou, quem sabe, no seu próximo aniversário.
Se joga!