Qual é a lógica do que você faz?

Qual é a lógica do que você faz?

E já pergunto de novo: essa lógica funciona pra todo mundo?

[pausa dramática]

Qual é a lógica da coisa? - essa é uma pergunta que passa pela minha cabeça sempre que estou conhecendo alguma coisa nova.

Quando era molecão e mergulhei no mundo do Dungeons & Dragons (D&D), antes de jogar um mesão, de fato, eu folheei todos os livros - do jogador, do mestre e dos monstros para entender qual era a lógica desse mundo fascinante que chamou a minha atenção.

No mercado de trabalho, igual. Plataformas de gestão substituíram os livros ilustrados. Teclado e mouse substituíram os dados d10, d20, e as histórias contadas e registradas são reais (a maioria).

Então, desde o início, além de me preocupar com a evolução técnica, sempre tive muito atento a como funciona o bizness. Qual o valor do meu trabalho, como a agência vende o meu trabalho, quais outros serviços são vendidos - e quanto eles custam...

São mais de 10 anos trabalhando com comunicação. São várias cidades, vários colegas, várias contas, várias histórias, vários erros, vários acertos, todos os cargos possíveis de estagiário a head e algumas empresas no currículo.

Por todo esse tempo aprimorando texto, criatividade, conhecimento técnico, mas, também, percebendo melhor como é o negócio da comunicação.

Até assumir uma posição de gestão - que é quase um reset. Tudo o que sei de comunicação não vale muita coisa se não souber demandar, motivar, liderar, entre outros verbos de ação que envolvem engajar pessoas.

E além disso, fazer o negócio girar.

Uma verdade incoveniente: poucas pessoas desse mercado conseguem equilibrar bem as medidas entre um super profissional e um super gestor. Geralmente é um, ou outro. Às vezes, nenhum dos dois.

E eu pensava que se as coisas não andassem bem nessa trinca técnica - gestão - negócio a culpa era somente minha - ou de outros gestores que vi comentarem em planilhas de agência, na mesa do bar, ou até na cadeira ao lado.

Até chegar à conclusão de que isso é mais estrutural que pessoal. Explico:

O mercado de comunicação mudou logo na minha vez. A comunicação digital, as redes sociais e tudo que está associado ao nome veio como uma avalanche no início dos anos 10.

E as empresas de PR (assessoria de imprensa), líderes do mercado, abraçaram e enveloparam essa nova disciplina.

No início, foi quase uma adoção. Depois, elas precisaram abrir mão da hierarquia das áreas e se conformar que o digital é gigante e tão importante quanto o PR. Um não é chefe do outro - são complementares. E o trabalho de um pode ter complexidades diferentes que do outro.

Não é à toa que surgiram nomes como prigital, comunicação 360, comunicação integrada, analista multimídia, entre outros. Ser digital não é só um bônus - é o básico.

E assim, marcas e taglines foram se modificando para se mostrarem mais modernas ao mercado.

Pra fora, tudo bem. E pra dentro?

Pra dentro, a lógica é: poucas pessoas com horas divididas para atender o maior número de clientes. Quanto mais generalista for o profissional, melhor. E quanto mais contas couberem com uma pessoa, menor o preço final da proposta e maior a competitividade - ou a margem pra crescer a conta no futuro (via fee ou upsell).

Na matemática, faz super sentido. O mercado está sobrevivendo assim por anos.

Mas o que acham as pessoas que fazer parte desse ciclo?

Colocar o cliente acima de tudo automaticamente coloca o time abaixo. Num momento em que a saúde mental ganha os holofotes por conta do forte crescimento de doenças como ansiedade e depressão, me soa estranho a luz não estar verdadeiramente nas pessoas, que são os responsáveis pela estrutura funcionar.

Na prática, o processo criativo é ignorado, ou maquiado. Quanto mais responsabilidade, mais contas, mais ansiedade. Um alto volume de demandas para poucas pessoas. E o resultado depende de quem enfeitar o relatório.

E você, gestor, que tá no meio disso tudo: como motiva essa galera? Como equilibrar os pratos se as varetas estão tortas?

A verdade é que muita gente aceita porque precisa. Mas isso tá mudando drasticamente.

Nós, millenials, fomos covardes. Diferentemente da Geração Z, que são muito mais corajosos.

Só a gente achava divertido os professores contando na faculdade sobre as vezes que pediram pizza para passar a noite numa agência de publicidade, ou numa redação – e sabia que em algum momento passaria por isso. Ou romantizar ter 32 clientes da carteira. Ou trabalhar 10 horas por dia. E ver a vida passar porque está cansado demais pra participar dela.

É raso interpretar essa reflexão como uma queixa ou uma crítica. Não é sobre mim ou minha experiência. Eu estou replicando o que se fala por aí, nos corredores, no Whatsapp, nos bares. É o que dizem os números, os resultados.

Pior: é o que diz o turnover nas empresas.


Esse texto sai depois de dois anos refletindo, conversando, pensando, lembrando, projetando.

E se eu te contar que depois de falar tudo isso ainda decidi abrir uma agência! - que a gente diz que não é uma agência.

Queria que conhecessem o Carcará - Coletivo Digital . Se vai dar certo, só o tempo vai dizer. Mas a gente tá tentando.

Começando pelo começo: mudar as premissas.

O foco não é no cliente – é no projeto.

Com processos, fluxos e estratégia bem definidos, a gente sabe bem o que é urgência e o que não é. O horário de cada um, de cada coisa. O foco é - de verdade - no resultado.

O respeito é a moeda de troca. E tenho a sorte de ter bons clientes. Todos entendem que valorizar as pessoas que trabalham no projeto é abrir espaço para aumentar as métricas de sucesso.

A gente entra com o respeito, com o interesse, com o conhecimento técnico, com processos e fluxos validados, com o compromisso, com a responsabilidade, com a criatividade, com soluções para além do digital, com atenção e cuidado. A gente leva muito a sério cada projeto.

E em troca a gente pede o mesmo respeito e munição pra trabalhar. Tem funcionado muito bem.

[em off]: já aconteceu do respeito não ter sido recíproco do outro lado - hoje a gente felizmente chama de ex-cliente.

Um computador e acesso à internet.

O mundo mudou! Duas pessoas que estão comigo saíram de empregos presenciais sem acréscimo salarial. Só para não precisar perder duas, três horas da vida em trânsito, ou deslocamento.

O Carcará é anywhere office. Cada um sabe o horário que precisa estar disponível. O local, pouco importa.

Não que eu tenha envergadura profissional para aconselhar alguém, mas as novas cabeças do mercado de trabalho não parecem estarem dispostas a negociar isso. O caminho mais inteligente me parece ser dos gestores aprenderem sobre gestão remota – pensando em cultura e clima organizacional, que obrigar a turma a voltar pro presencial sem motivo.

Quem é bom mesmo começa a escolher. E trabalhar de casa parece ser uma das cláusulas indiscutíveis.

Antes de tudo: processo e fluxo.

Tudo é processo e fluxo! Tudo, tudo, tudo! Aqui a gente define qual é a lógica da coisa.

Não é só um processo, ou um fluxo, mas camadas customizadas e integradas que fazem a estrutura funcionar sem precisar ficar explicando toda hora. É quase intuitivo como os celulares da Apple.

É fundamental criar processos com fonecedores, time e clientes. Parece óbvio, mas muitas vezes não é a realidade das empresas.

Se tivesse um signo, o Carcará seria virginiano, com ascendente em Asana, lua em Google Drive e vênus em modelo de briefing - que eu sou o único que (ainda) esquece de seguir no dia a dia #mybad.

Time dedicado

Para mim, seria terrível se alguém trabalhasse de fato as oito horas por dia como é contabilizado no hora/homem. Tipo... oito horas sem parar digitando, em reunião, fazendo arte, tudo em sequência.

É exatamente no ócio criativo, no deslizar do feed de uma rede social, que nasce uma ideia, um caminho, uma solução. E cada time sabendo que atende um cliente só, vira quase um relacionamento monogâmico (e agora, gen Z?). 

É um projeto. Ao invés de ter que fazer associações e criar soluções para quatro, cinco, seis coisas diferentes – é pensar pra um. É mais fácil. E não tem nenhum demérito em querer as coisas mais fáceis de vez em quando.

Mas a conta fecha? Fecha! O fee é competitivo e – pelo que dizem os relatórios – o resultado é mais efetivo.

Só tem lógica se funcionar pra todo mundo!

Agências, coletivos e empresas são feitos de pessoas! É importante NPS para entender como podemos melhorar para os nossos clientes. É importante avaliação 360 para entender como todos os profissionais se percebem no ambiente de trabalho. É importante que o time também possa avaliar as lideranças sem medo. É importante criar aprendizagem contínua com modelos de gamificação para engajar a turma a estudar, aprender mais e participar das atividades propostas.

Não precisamos completar os 20 profissionais contratados para contar com a essencial ajuda de um RH.

Precisa ter pista.

A estrutura do Carcará é de rede. Eu, fundador e estrategista, limitei o meu núcleo a quatro contas. É o que consigo atender com excelência, dando a atenção necessária e estratégica, com um gerente e um time dedicado em cada projeto.

Quando um gerente captar um cliente e abrir seu próprio núcleo, a rede se expande e existe a progressão interna do time.

A minha ideia não é só formar novos profissionais, mas criar toda a esteira para que possam, se quiserem, passar a vida toda atendendo pelo Carcará – de estagiário a criar um próprio núcleo de clientes.

E o design, que ficava diminuído dentro de squads de conteúdo, virou uma unidade de negócio separada – sempre com o meu compromisso de que a cada cliente que entrar, entra um profissional também. Mas livre para escolher quais outros projetos quer pegar ou não. E com progressão de carreira.

Rede interna e rede externa.

Além dos núcleos digitais e de design, pensando a comunicação como 360, começamos a firmar parcerias com outras empresas que atacam disciplinas importantes, como assessoria de imprensa, produção de vídeo, artigo para porta-vozes, publicidade, entre outros, para fecharem projetos com o selo Carcará e entregar tudo agrupado num lugar só.

Temos dois parceiros fechados e o coração aberto para novas conversas (tô aceitando convites para cafés).


Atualmente estamos em três grandes mercados brasileiros - Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. E, no momento, sem espaço para novos projetos.

Vida longa ao Carcará!

Raquel Magalhães Cabral

FCT Research Fellow | Universidade de Aveiro & Universitat Autónoma de Barcelona

8 m

Maaaaaaaaaaisssssss que lindeza amigo! Eu tô acostumada com tuas coisas serem belas e incríveis! Mas tu subiu o nível!!! Doug, sou sua fã!!! 💕👑

Camila Cynara Lima de Almeida

Professora de Línguas Adicionais | Gestão de Projetos

8 m

Gostei tanto que quero trabalhar com vocês 😛

Marília Neves

Analista de Dados | Business Intelligence

8 m

Você é foda demais, amigo! Tenho certeza que vem MAIS sucesso por aí.

Vitória Baruzzi

PR & Comms Specialist | Content | Social Media | Influence Marketing

8 m

Que lindo, Doug! Tenho certeza de que vai ser só sucesso daqui pra frente. Que o Carcará seja fonte de inspiração pro mercado se transformar. ✨

Você brilha! Muito sucesso ♥

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