Qual é o futuro da Educação?
Você já parou para pensar qual é o futuro da Educação?
Muitas vezes me pergunto isso, dado que venho estudando conceitos de Indústria 4.0, Era Cognitiva e habilidades do século XXI, especialmente as soft skills, das quais procuro explorar nas aulas de empreendedorismo que facilito.
Na minha opinião e seguindo projeções de organizações exponenciais (ExOs, em inglês), o futuro da Educação será também disruptivo e exponencial e atenderá o modelo 6D, que segundo Peter Diamandis, da Singularity University, possui 6 principais componentes:
Digitization (Digitalizado): alguma coisa se torna uma ciência da informação, o que nos permite usar computadores para gerenciá-las;
Deception (Enganador): Este é o estágio inicial do crescimento exponencial que é difícil de detectar. A tecnologia está avançando, mas ainda não está sendo amplamente utilizada;
Disruption (Disruptivo): Quando um avanço tecnológico atinge um ponto crítico, ele começa a ter efeitos dramáticos, superando o paradigma anterior tanto em eficácia quanto em custo. É aqui que o ponto de escalabilidade atinge o ponto da linearidade, cruzando os modelos mentais e ações usuais e indo para os ciclos mais avançados;
Dematerialization (Desmaterialização): Itens que antes eram grandes e difíceis de manejar agora podem se encaixar facilmente em nossos bolsos ou na nuvem, exemplos: smartphones que fazem tarefas que antes a calculadora, máquina fotográfica, calendário, caderno de anotações, entre outros itens fazem, só que em um único aparelho, menor e mais inteligente. Sintetizando, produtos físicos se tornando digitais e sendo distribuídos como "bytes";
Demonetization (Desmonetização): O custo de produção e replicação de software é drasticamente mais barato do que criar a versão física dele, e as economias de escala associadas aos sensores permitem que eles se tornem eminentemente acessíveis; redução de custos e agregação de valores que antes não eram observáveis e praticáveis. Assim surge lugar para modelos de negócios inovadores: AirBnB desfragmentando redes hoteleiras, Craiglist com anúncios classificados, Amazon com livrarias, Spotify com gravadoras, Netflix com antigas locadoras e com canais pagos de TV, e assim por diante;
Democratization (Democratização): Produtos, serviços e informações que estavam disponíveis apenas para nações ricas, laboratórios de pesquisa ou empresas estão se tornando acessíveis por uma porcentagem cada vez maior da população global. Alguns exemplos: 1) competências ilimitadas (crowdsourcing), 2) educação para todos (modelos freemium ou gratuitos de plataformas MOOCs para todos que quiserem cursar qualquer curso disponível de universidades de excelência - tema que iremos abordar adiante), 3) poder computacional e de armazenamento de dados (cloud computing, ou computação na nuvem), 4) comunicações (WeChat, WhatsApp, etc), entre outros.
Segundo Statista (2018), temos mais de 3,5 bilhões de usuários de internet em todo o mundo, cerca de 30% aumentando em 12 anos, de 2005 a 2017, e é por esse e outros motivos que vivemos em um momento que temos que usar a tecnologia a nosso favor, para otimizar nossas tarefas, mas nunca esquecendo que somos seres sociais e que também temos que ter ciência de fomentar uma vida social offline e em contato com a natureza, como era nos primórdios da humanidade.
Todavia, vamos voltar em um ponto que a Educação do futuro tem instituído aos poucos em nossas vidas, a desmaterialização da sala de aula, ou seja, a criação de plataformas online onde é possível aprender e ensinar sem estar em um ambiente físico a todo momento. Estes são os MOOCs!
Os cursos online massivos (MOOCS, massive online open courses, em inglês) já possuem cerca de 81 milhões de estudantes, mais de 800 universidades e instituições de ensino cadastradas e cerca de 9,4 mil cursos disponibilizados online, somente ano passado, segundo Class Central (2018).
Para você ter ideia, somente em 2017, foram somados cerca de 23 milhões de novos estudantes que se cadastraram nos MOOCs. Em análise comparativa, seria quase toda a população de Taiwan (23,5 milhões), o 56º país* mais populoso do mundo. Se contar com o total de 81 milhões de estudantes matriculados nos MOOCs, seria próximo a ter uma população como a da Turquia (19º país mais populoso, segundo World Population) cadastradas em cursos online.
"Mais pessoas se inscreveram nos cursos online de Harvard em um ano, do que em todos os 377 anos da sua história" (Richard & Daniel Susskind, The Future of the Professions, 2015)
Existem diversas plataformas de ensino online, cada qual focando em determinadas áreas do conhecimento, ou tendo amplas áreas do conhecimento, dependendo das universidades e instituições de ensino cadastradas.
Por exemplo, o Coursera, a primeira plataforma no ranking de quantidade de alunos registrados, possui segmentos diversos de cursos e mais de 160 especializações, sendo que cerca de 40% dos cursos contemplam áreas de Gestão e Negócios, Ciência da Computação e Ciência de Dados. Ademais, cerca de 147 instituições parceiras de 29 países oferecem cursos na plataforma, inclusive parceiros corporativos como IBM e PwC (Class Central, 2018).
E é por isso que eu decidi por não fazer um MBA de uma instituição específica, mas sim por focar em MOOCs, pois tenho diversos cursos de diversas instituições de ensino dado minha necessidade de aprender. (aqui não privilegio o networking de alto nível, no qual posso explorar aqui mesmo no LinkedIn, com vocês caros leitores!)
Voltando as análises dos MOOCs, confira as 6 plataformas de cursos online que contemplam a maior base de dados de alunos cadastrados:
- Coursera: 30 milhões
- Udemy: 20 milhões
- edX: 14 milhões
- XuetangX: 9.3 milhões
- Udacity: 8 milhões
- FutureLearn: 7.1 milhões
Sem contar outras plataformas como Udacity, Kadenze, NovoEd, Eduk, Veduca, MiríadaX, EduOpen, dentre tantas outras.
"Eu projeto que em 2030 a maior empresa da Internet será uma empresa de educação, da qual nós nem ouvimos falar ainda" (Thomas Frey, DaVinci Institute 2017, no Fórum Econômico Mundial)
Interessante notar que tecnologia vem tendo uma adesão significativa no cotidiano das pessoas, e que oportunidades de utilizá-la para otimizar seu tempo, dinheiro e aprendizado faz com que cada vez mais as EdTechs (startups e empresas de tecnologia que utilizam tecnologia sob a forma de produtos, aplicativos e ferramentas para melhorar a aprendizagem) estejam presentes no mercado.
Mas, por que devemos fomentar estudos e discussões acerca da 4º Revolução Industrial e em especial o que tange mercado de trabalho e Educação?
Veja na área de Educação, por exemplo, que segundo projeções do Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças entrando no primário hoje irão trabalhar em empregos que ainda não existem.
Una isso as tendências mundiais de devices e metodologias que estão transformando a maneira que nós aprendemos: espaços maker, ensino híbrido, realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e realidade mista (MR), Big Data e Inteligência Artificial, robótica, gamification, micro-educação, educação modular, sala de aula invertida (ver também aprendizado combinado), aprendizagem baseada em cenário, algoritmos de aprendizagem adaptativa, mídias sociais em sala de aula, portfólios digitais, sala de aula invertida, entre outros (Teach Though, 2017).
Mas será que somente as hard skills merecem destaque?
Obviamente, as soft skills são tão importante quanto as hard skills e segundo as top 10 habilidades listadas segundo o Fórum Econômico Mundial (2017), a grande maioria são de fato soft skills!
E como podemos balancear as soft skills e as hard skills** para que as competências tenham um foco relevante e equilibrado para o desenvolvimento do aprendizado dos alunos?
Segundo o Institute for the Future, até 2030, aproximadamente 85% das profissões serão novas e em 25 anos, 47% dos empregos terão desaparecido. Ou seja, um futuro com menos emprego e novas competências?
Fato é que temos que fomentar esforços maciços para otimizar as maneiras com que os professores ensinam, desmaterializar os ambientes fechados e criar espaços inovadores e disruptivos, como fazem com maestria escolas finlandesas; criar oportunidade para o professor não ser mais o dono da verdade, mas sim o facilitador do aprendizado do aluno, como faz Escola da Ponte; otimizar o uso de tecnologias na sala de aula para que os alunos possam aprender do seu jeito (vídeos, áudios, leituras, etc), como a Geekie faz em território nacional; ceder oportunidades para aulas de inteligência emocional, empreendedorismo e educação financeira, fomentando metodologias de aprendizado baseado em projetos (project based learning, PBL); desenvolver oportunidades de interação para alunos estarem em contato direto com a natureza e aprenderem ao ar livre sobre sustentabilidade, biologia, etc, como faz a Greenschool na Indonésia; e muitas outras iniciativas que já estão sendo colocadas em prática e que poderiam ser adaptadas para um contexto socioeconômico e cultural relevante tanto no Brasil quanto em qualquer outro país que realmente necessite deste fomento de acesso a Educação de Qualidade e inclusiva, principalmente para os povos menos abastados que vivem em zonas com limitações a acesso a itens necessários para uma vida digna, seja porque não tem capital necessário, seja por estarem em zonas de conflito, ou outros entraves geopolíticos, socioeconômicos ou naturais.
"A Educação é a ferramenta mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo" (Nelson Mandela)
Resumindo, para mim, o futuro da Educação estará atrelado as convergências do espaço virtual (ciberespaço) e o espaço físico (espaço real). Estamos e estaremos vivendo em uma era da informação onde uma enorme quantidade de dados emitidos de sensores no espaço físico serão acumulada no ciberespaço.
Não teremos como retroceder indo contra a inovação, pois iremos fracassar assim como Ned Ludd fracassou ao tentar realizar represálias contra a adoção de máquinas de cartões perfurados nas tecelagens britânicas, com o movimento Ludista, época que marca a adoção inicial da automatização das indústrias em larga escala.
Temos sim que dar apoio a sinergia do convívio entre homem e máquina, mas não esquecer de estipular limites entre o que queremos e como queremos com a adoção da tecnologia. Ademais, sempre salientar que somos seres sociais e que devemos sim apoiar atividades que continuem a nos colocar desafios constantes e em contato com a natureza, pois somos uma coisa só.
O futuro da Educação para mim é tecnológico, inovador, mas acima de tudo mais humano, onde empatia e trabalho em equipe atuando com criatividade e afinco farão a diferença no entendimento de sistemas complexos e desafios globais para solução destes, seja a nível local ou global.
*Taiwan eu considero pessoalmente como um país, muito embora os Chineses considerem como parte da China como Taipei Chinesa. Deixamos as questões geopolíticas de lado e figuramos neste momento apenas as análises demográficas.
**Hard Skills/ "Habilidades físicas" são habilidades específicas, ensináveis que podem ser definidas e medidas, tais como digitação, escrita, matemática, leitura e a capacidade de usar programas de software. Em contrapartida, as soft skills/ habilidades sociais são menos tangíveis e difíceis de quantificar, como empatia, escuta ativa, trabalho em grupo, liderança, comunicação, etc (Wikipedia, 2018).
Referências: Class Central, Worldometers, Teach Tought, Fórum Econômico Mundial e Governo do Japão - Cabit Office.
MATHEUS PINHEIRO DE OLIVEIRA E SILVA
Despertando potenciais em Meraki Group
Fundador e escritor no blog inRoutes
Estratégia de comunicação I Planejamento l Comunicação Internacional l Estratégia de Marketing | Comunicação Interna l Branding l Comunicação corporativa l Cultura organizacional l Gestão de mudança
6 aMatheus Pinheiro de Oliveira e Silva, já ouviu falar em Educomunicação? 😉
Supply Chain Enthusiast | Escritor | Fundador do Prosa com Bertaglia | Professor | Mentor | Palestrante | Advisor
6 aExcelente artigo Matheus Pinheiro de Oliveira e Silva. Parabéns.
Diretor Administrativo - Colégio PGD
6 aThais Sadami Morimoto Bruna Lye Miya Schmidt Ana Luísa Bastos Vezozzo
Psicóloga Clínica na Flavia Mariano Psicologia | EMDR
6 aExcelente artigo!!
DevOps Engineer (DevSecOps)| Cyber Security, Cloud Services | AWS | Kubernetes | Terraform |SAST/DAST | NSE 3
6 aExcelente! Tema muito oportuno!