Qual é o seu talento?
Como de costume não vou ficar aqui citando filósofos e teorias para embasar o que penso.
Como ainda acontece na maioria das empresas, os talentos das pessoas só são levados em consideração se os mesmos se encaixam na pequena caixa criada pelas teorias da administração chamada CARGO ou FUNÇÃO.
A receita é mais ou menos assim:
1 - Pegue um jovem cheio de sonhos e diga que ele tem que ser empreendedor para conseguir a vaga;
2 - Diga à ele o que fazer e o que não fazer, inclusive adestre-o com um manual da empresa onde está escrito como ele deve se portar, se vestir e agir;
3 - Faça com que ele acredite que sua personalidade deve ser exatamente o que o cargo que está em seu crachá exige;
4 - Ignore todas as habilidades que ele tem e que à princípio não tem a ver com o business da empresa, afinal a empresa não precisa de alguém com habilidades que não consta no Business Plan, mas sim com a habilidade de conseguir entender e fazer exatamente o que o chefe e o cargo pedem;
5 - Não avalie e nem ajude ele à se desenvolver na organização, afinal os gestores precisam focar no seu trabalho e em suas metas e não ficar perdendo tempo com subordinados.
6 - Não pergunte à ele como está sua vida, quais são seus sonhos, medos e anseios. Isso é problema dele!
Pronto, você conseguiu a mistura perfeita para criar um imbecíl.
E se ele for embora? Pois é, vai para a estatística de turn-over que pensando bem até que não está tão alta esse mês.
Nessa visão de muitas empresas, os talentos que mais importam são:
* Resiliência: Capacidade de falar sim para tudo sucessivamente sem ir contra a opinião da outra pessoa, mesmo que ela esteja errada. Ainda mais quando a outra pessoa exerce um cargo de poder.
* Comprometimento: Comprometer-se com uma organização diariamente, mesmo que ela não informe ao funcionário nada sobre o negócio, projeções de crescimento e planos futuros para ele.
* Inovação: Capacidade de criar novos conceitos e processos desde que eles estejam de acordo com o que os gestores pensam e mesmo que seja uma ideia genial deve passar por aprovação dos superiores.
* Empreendedorismo: Capacidade de trabalhar horas à fio imaginando que algo é seu e esse algo não ser seu.
* Mão na massa: Trabalhar muito e não se preocupar muito com qualidade de vida, final de semana junto com os filhos e eventuais festinhas deles na escola.
Depois de tudo isso, você já parou para pensar se realmente estamos ajudando a desenvolver os verdadeiros talentos de cada um na organização ou ainda estamos presos à processos que insistem em padronizar tudo e todos.
E você, qual o seu verdadeiro talento?
Francisco Dalsenter - Trabalha como empoderador de pessoas na Umanni, tem uma filha linda, gosta de escrever e falar o que pensa e pensa que as empresas deveriam descobrir quais os verdadeiros talentos e sonhos de cada um em que nela trabalha.