Qual é a personalidade da sua empresa? Como assumir o tipo psicológico do seu CNPJ pode impulsionar voos muito mais altos para o seu negócio.
“Buscas a perfeição? Não sejas vulgar. A autenticidade é muito mais difícil.”
Mario Quintana
Conta-se que, certa vez, um publicitário saiu para jantar com uma mulher e passou a noite inteira tentando impressioná-la com discursos sobre as campanhas que havia criado, os prêmios que havia conquistado, as palestras que havia ministrado... No fim da noite, notando a expressão entediada da ouvinte, ele interrompe sua narrativa e diz: “Bem, chega de falar sobre mim… Agora fale você um pouco… Sobre mim.”
Quantas propagandas você já viu com celebridades ou especialistas exaltando as qualidades, o maquinário, as certificações, os ISOs adquiridos... A preocupação em transmitir uma imagem de perfeição é tanta que, muitas vezes, o principal ponto para o consumidor acaba esquecido: quem é a sua empresa e como ela pode resolver o meu problema? Nada contra as mensagens exibindo a sofisticação e a força da sua marca, mas frequentemente tudo que o cliente deseja é ir direto ao assunto e saber, por exemplo, se o sabão anunciado consegue, com um bom preço e fácil acesso, tirar as manchas de tinta dos uniformes escolares dos filhos.
De acordo com um recente estudo da Hibou, 43% dos brasileiros seguem marcas apenas para acompanhar promoções, em um sentido meramente transacional (Hibou, 2023). Somente 20% afirmam se identificar com a comunicação da marca, e 19% não seguem nenhuma marca.
Esses resultados explicitam a necessidade de criar um diálogo mais evoluído e direto com o cliente, investindo em autenticidade e empatia para mostrar, com sinceridade, como o seu negócio pode – e, em alguns casos, não pode - melhorar a vida daquela pessoa.
Sua empresa pode investir rios de dinheiro em pesquisas de mercado, análises estratégicas, melhorias de operações internas, benchmarking e publicidade, mas todos esses esforços serão em vão se não forem precedidos por um essencial processo de autoconhecimento corporativo.
Um dos principais modelos de originalidade em negócios na atualidade é a Ryanair, uma companhia aérea irlandesa low cost – ela chega a comercializar passagens de voos internacionais por 15 euros ida e volta. Ela é a maior companhia aérea da Europa e uma das maiores do mundo, mas nem sempre foi assim; na verdade, em seus primórdios, a Ryanair parecia muito diferente.
Fundada em 1984 por um grupo de empresários irlandeses, a Ryanair começou a voar entre Waterford e o Aeroporto de Gatwick para competir com a British Airways e a Aer Lingus, adicionando a rota Dublin-Luton em 1986. Embora possa parecer difícil de acreditar, na época a Ryanair lançou assentos de classe executiva em seus jatos, repletos de serviços para o alto conforto e entretenimento dos passageiros.
No final dos anos 80, porém, a companhia aérea teve um prejuízo de £ 20 milhões, o que exigiu vários aportes extras da Família Ryan para salvar a empresa. À beira da falência devido à concorrência direta com gigantes aéreas consagradas no mercado, foi aí que teve início o processo de autoconhecimento e autenticidade de marca que deu origem à Ryanair que conhecemos hoje.
Liderada pelo polêmico CEO Michael O'Leary, a Ryanair se relançou como a primeira aérea de baixíssimas tarifas da Europa. Mas com um importante aviso: não espere conforto, nem sossego. O interior do avião é apertado e o corredor é barulhento, com comissários vendendo de tudo. Também não há qualquer flexibilidade: caso a bagagem ultrapasse minimamente o peso permitido, será cobrada uma taxa várias vezes mais cara do que as passagens.
O que a Ryanair faz nas redes sociais é assumir com muito humor ácido a personalidade da marca, promovendo o que a companhia é na sua essência. Desde então, a Ryanair vem quebrando recordes de vendas e segue liderando o mercado europeu de companhias aéreas em 2024.
É necessária, sem dúvidas, muita coragem para chamar de cafona o cliente que aplaude quando o piloto pousa o avião, ou para reconhecer que o próprio café servido nos voos é péssimo. No entanto, a Ryanair conhece profundamente seu valor – e seus pontos fracos - e faz ótimo uso disso. Errado seria tentar vender um conforto inexistente e um refinamento ilusório.
Um dos recentes casos emblemáticos da empresa ocorreu quando um casal de recém-casados voou em uma fileira sem janela. O marido escreveu que estavam em lua de mel, voando para Ibiza pela primeira vez e loucos para admirar a vista no trajeto. Na sequência, ele escreve "Oh, espere..." na legenda da foto dentro do avião.
A Ryanair respondeu: "Vendemos assentos, não janelas. Ela está se arrependendo de se casar com alguém que não consegue ler as letras miúdas"…
Toda empresa é um CNPJ, porém todo CNPJ nada mais é do que uma grande soma de CPFs; negócios são negócios, mas todo negócio é feito por, com e para pessoas. A falta de autoconhecimento é um obstáculo maior do que a falta de competência para a imensa maioria das pessoas - e empresas.
Eu não sei o segredo do sucesso, mas o segredo do fracasso é tentar agradar todo mundo, já falava (sério) o comediante Bill Cosby. Buscar agradar aos outros a todo custo é um traço de personalidade conhecido como sociotropia, e esse comportamento também pode contaminar a esfera corporativa.
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“O sapato que se ajusta a um homem aperta o outro; não há nada para a vida que funcione em todos os casos.”
Carl G. Jung
Tentar vender tudo para todo mundo é o caminho mais rápido para não vender nada para ninguém.
A Emirates é conhecida pelo seu luxo e serviço inigualável, sintetizando a opulência em viagens aéreas. A Ryanair, por outro lado, com sua abordagem sem frescuras e tarifas econômicas, dominou uma enorme fatia do mercado de viagens. Quem tem razão? Ambas!
Quando compramos um produto ou serviço, implicitamente celebramos um contrato tácito com o fornecedor. Trocamos nosso suado dinheiro por um certo nível de valor proporcional ao preço pago. É aqui que surge a distinção crucial entre a Emirates e a Ryanair.
A Emirates atende a um cliente que busca exclusividade, conforto e serviços personalizados. Um bilhete de £ 4000 em classe executiva representa não apenas um meio de transporte, mas uma experiência, na verdade uma indulgência no luxo que transcende a mera viagem. Se ela não consegue entregar essa experiência, falhou com o cliente e, sem dúvida, falhou como negócio.
A Ryanair, por sua vez, opera com uma premissa oposta. Seu modelo de negócios se fundamenta em eficiência, custo-benefício e acessibilidade. Um bilhete de £15,00 com a Ryanair não inclui luxo e, o que é mais importante, não promete fazê-lo. Em vez disso, oferece praticidade, acessibilidade e a oportunidade de ir do ponto A ao B gastando bem pouco. O espaço para as pernas será limitado e talvez sequer ofereçam refeições a bordo, mas a Ryanair entrega exatamente o que diz na lata, certo?
O sucesso da Ryanair reside na sua clareza e lealdade em torno do que é, do que representa e do que faz. Empresas que abraçam seu tipo psicológico não temem “demitir clientes”; de fato, elas sabem que vender para o cliente errado é um “tiro no pé” que gera mais dor de cabeça e prejuízos a médio e longo prazo – reclamações, propaganda negativa etc. Muitos empreendedores, porém, não compreendem essa necessidade e acabam, sem notar, corrompendo a essência de seus modelos de negócios e fazendo concessões para não “perder” nenhuma venda.
Lei de Pareto: 80% do seu faturamento com vendas provém de apenas 20% dos seus clientes.
Então, você acha que a Ryanair oferece um mau serviço ou é simplesmente um negócio diferente? Ao reconhecer e abraçar as características – boas e não tão boas – de nós mesmos e de nossas empresas, abrimos as portas para melhores serviços, clientes mais satisfeitos e negócios mais prósperos.
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REFERÊNCIAS
Wellington
4 mSensacional!!!
Sou uma profissional jovem mas com grande experiência em prospecção B2B com características de uma venda complexa
4 mAdriana, obrigada por compartilhar.... Eu gosto muito dos seus conteúdos e aprendo muito com você....
Gerente de Gente e Gestão | Recursos Humanos, Relações Trabalhistas
5 mMelhor sonhar a verdade que a amar a mentira . Muito bom Adriana Fellipelli ! Show!!!
Diretor de Unidade de Negócio | Vendas e Marketing B2B
5 mÓtimo destaque Adriana Fellipelli: "Toda empresa é um CNPJ, porém todo CNPJ nada mais é do que uma grande soma de CPFs; negócios são negócios, mas todo negócio é feito por, com e para pessoas". Empresas não deveriam perder esse foco quando colocam seu "propósito" em prática. Sem gente no centro de tudo, não há razão de ser.
Helping global organizations simplify the complexity associated with transforming their leaders, helping them thrive through the super-power of self-discovery
5 mMuy buen articulo, Adriana!