Qual o custo da inovação? ... poucos conhecem, e muitos não querem que se saiba.
O desenvolvimento de um medicamento é um processo lento, arriscado e caro. Em média, os novos medicamentos levam 12 a 15 anos a chegar à prateleira da farmácia. Isto inclui cerca de sete anos de ensaios clínicos. Consoante a área terapêutica, o período de ensaios clínicos varia entre os 6 anos e os nove anos, por exemplo no caso dos medicamentos que se destinam a doenças neurodegenerativas e distúrbios psiquiátricos.
A probabilidade de sucesso nos ensaios clínicos com humanos é inferior a 12% ou, dito por outras palavras, 88% dos candidatos que começam os ensaios não chegam a colocar o medicamento no mercado. O custo total para se desenvolver um medicamento, incluindo as falhas, foi recentemente estimado pelo grupo Tufts Center for the Study of Drug Development em 2,6 mil milhões de dólares.
As farmacêuticas são muitas vezes acusadas de cobrarem pequenas fortunas pelos medicamentos. Porquê?
Os preços que alguns laboratórios farmacêuticos estão a cobrar por novos medicamentos têm gerado um debate considerável sobre o que representa um preço “justo”. É muito difícil responder a esta questão sem olhar para todos os custos que se tem para tratar certas doenças e sem perceber se o preço desse medicamento pode, em última linha, permitir poupanças, evitando complicações associadas à doença, ou internamentos prolongados nos hospitais. Por exemplo, seria míope olhar apenas para o preço de um medicamento que cura a hepatite C, sem considerar o custo de não tratar a doença. Para lidar com esta questão, é importante avaliar seriamente o custo global do tratamento de uma doença e não simplesmente o preço do medicamento de forma isolada. Estas avaliações como sabemos não são fáceis de fazer, de entender, e não resolvem os problemas financeiros de curto prazo.
O preço dos medicamentos reflete a avaliação que a empresa farmacêutica faz ao valor que aquele medicamento tem para o doente, ao cenário competitivo e ao que os governos/ seguros vão reembolsar. As receitas geradas pelas vendas de medicamentos também devem cobrir o custo do desenvolvimento de medicamentos actuais e obviamente os futuros. Porque muitos dos novos medicamentos representam terapias inovadoras e porque o custo de futuras investigações é alto, os medicamentos tendem a ser dispendiosos, mas este é o custo da qualidade de vida que conhecemos no mundo ocidental.
O valor da inovação em saúde é algo inquestionável. Em apenas 1 século, a esperança média de vida em Portugal, por exemplo, aumentou mais de 40 anos.
Das fortes poupanças anunciadas e conseguidas pela introdução de genéricos, aliada ao consistente corte no preço médio dos medicamentos ao longo dos últimos 10 anos, qual a % desta poupança que foi reinvestida na inovação e progressão da melhoria da nossa qualidade de vida?
MSS
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