Qual o futuro do home office na pós-pandemia?

O home office salvou negócios e protegeu vidas durante a pandemia. Com o avanço da vacinação da população adulta, uma das principais questões que as organizações terão de ponderar é sobre o futuro do trabalho remoto. Este modelo permanecerá em alta na pós-pandemia ou será diluído no fim das restrições sociais?

Para analisarmos o futuro do trabalho a distância, primeiro precisamos ter em mente que ele já era uma tendência no mundo organizacional, mas que sofria certa resistência em nosso país. Empresas inovadoras já tinham incorporado este modelo em sua cultura organizacional. A Dell no Brasil, por exemplo, introduziu a opção de trabalho remoto há 10 anos. Desse modo, antes da pandemia, cerca de 75% dos colaboradores já tinham a possibilidade de prestarem seus serviços de forma remota.

O que a crise sanitária fez foi forçar organizações de todos os portes e, mesmo as conservadoras, a deixarem de lado suas desconfianças e enfrentarem os desafios para a implantação do home office. A experiência desses mais de um ano de popularização do modelo comprovou seus benefícios, tanto que hoje é visto com bons olhos por empresas e funcionários.

Pesquisa da Workana, plataforma que conecta freelancers a empresas da América Latina, comprova a satisfação com o modelo. Segundo o levantamento, 84,2% das lideranças pretendem promover o trabalho remoto após a pandemia. Além disso, 96,7% dos profissionais consideram que daqui para frente a alternativa do home office será determinante para aceitação de uma vaga de emprego.

Aprendizagem no período pandêmico

Então o que o período pandêmico ensinou sobre o home office que angariou tantos adeptos? Bom, pôde-se experimentar em grande escala os benefícios desse regime para todas as partes. Os colaboradores perceberam como vantagens a flexibilização de horários, economia de tempo de deslocamentos e comodidade (evita o estresse de congestionamentos, por exemplo). No caso do trânsito, o mesmo benefício se adequa para o meio ambiente, com a redução da emissão de gases do efeito estufa, provocado pela queima de combustível dos veículos.

Para as empresas, entre as vantagens encontradas estão a redução de custos referentes a espaço físico, entre eles água, energia e aluguel. Outros aspectos positivos diagnosticado foram a otimização das atividades com a redução de interrupções no trabalho e a possibilidade de contratação de especialistas de qualquer lugar do mundo.

Mas o grande trunfo dessa experiência foi quebrar o mito de que o home office poderia derrubar a produtividade. Bem pelo contrário, o que se constatou foi um aumento, como indica a pesquisa da Fundação Dom Cabral, que ouviu 1.075 profissionais neste ano. Quase 60% dos entrevistados afirmaram que são mais produtivos trabalhando de casa. No ano passado, na primeira edição da pesquisa, o índice foi de 44%, o que mostra uma curva de aprendizagem de atuação no modelo.

Desafios para o bom desempenho do modelo

Em geral, as organizações e gestores tiveram de encarar muitos desafios para poderem exercer as atividades com o auxílio do home office. Os mais expressivos foram a comunicação, engajamento de equipes, gestão de tarefas e horas trabalhadas.  

Nesse sentido, as soluções que se mostraram mais eficientes foram reforçar os feedbacks, investir em plataformas de comunicação e gerenciamento, e em intensificação de pesquisas com os colaboradores e medição de indicadores.

O regime a distância também exigiu uma mudança na compreensão da produtividade. Ao invés de controlar o tempo de trabalho, preferir medir a eficiência por entregas. Isto é: focar nos resultados. Assim, o colaborador também teve um desafio administrativo: aprender a autogestão de tarefas e tempo, competências muito valorizadas na atualidade.

Hibridismo: escritório do futuro

O mundo corporativo segue na direção da flexibilidade. Por isso, a prática de dialogar com o colaborador sobre o melhor regime deve ser bem disseminada. Nesse sentido, o trabalho híbrido se prospecta como o modelo mais interessante para empresas e funcionários.

Exemplos não faltam dessa tendência. O Google já anunciou que os escritórios da empresa se preparam para um futuro de trabalho híbrido. Aqui no Brasil, desde setembro, funcionários da Petrobras podem optar em prestar serviços de casa até três vezes por semana. Levantamento interno da estatal constatou que 86% dos colaboradores classificaram a experiência do home office como ótima ou boa.

Enfim, o escritório do futuro sem dúvida será híbrido e flexível. Ele se mostra estratégico por aliar o melhor do home office, como assinalado acima; e do escritório tradicional, que deve ser voltado para receber clientes, reunir pessoas, fazer showroom. Por isso, a infraestrutura dos escritórios de muitas organizações vem sendo revista, com mais espaços colaborativos e menos baias de trabalho.

O trabalho remoto também influenciará na estrutura das moradas daqui por diante. Vemos mais casas sendo planejadas com espaços para home office e condomínios lançados com áreas tipo coworking. Afinal, uma mudança dessa ordem no regime de trabalho ultrapassa as portas das empresas e transforma o nosso modo de vida. Temos que nos preparar. E para você, o home office se manterá como tendência no novo normal?