O home office é pra sempre? Construa uma cultura de trabalho remoto na sua empresa

O home office é pra sempre? Construa uma cultura de trabalho remoto na sua empresa

Falar sobre a cultura do home office é essencial quando essa modalidade se tornou regra para milhões de pessoas ao redor do mundo durante a pandemia. E não importa que essa situação tenha sido temporária para muitos profissionais, o regime de trabalho remoto veio para ficar.

O problema é que o home office praticado pela maioria das empresas não traz a essência do que essa modalidade realmente é. O regime de trabalho remoto faz parte de uma cultura muito bem aprimorada no mundo dos negócios, pela contribuição e prática de muitos líderes, empresas e colaboradores já engajados na construção de experiências de sucesso.

Como é possível fazer isso? É o que vou explicar neste artigo. Vem comigo!

O home office é mesmo inevitável?

Segundo pesquisa da Enterprise Technology Research (ETR), a porcentagem de trabalhadores em todo o mundo que estão definitivamente trabalhando em home office irá dobrar em 2021. A Gartner nos mostra que 74% dos gestores pretendem manter pelo menos 5% dos trabalhadores permanentemente em posições remotas após a pandemia acabar. E até 2025, estima-se que pelo menos 70% da mão de obra mundial trabalhe remotamente.

Não é para menos. A pandemia provou para muitas empresas e lideranças que o trabalho remoto de fato funciona e até aumenta a produtividade das equipes, desde que bem implementado. Pesquisas dão conta que pessoas em home office chegam a trabalhar 1,4 dias a mais por mês, totalizando um ganho de três semanas extras no ano inteiro.

O regime de trabalho remoto significa menos tempo no trânsito para colaboradores (e tempo de trânsito é igual a tempo desperdiçado), mais saúde mental, mais economia, mais possibilidades de mobilidade social e geográfica, mais proximidade da família e maior qualidade de vida. Na medida em que a pandemia for embora e as crianças voltarem às escolas sem interrupções, essas vantagens ficarão muito mais evidentes.

É forçoso admitir que profissionais de qualidade que experimentarem alguns desses benefícios nos últimos meses não irão querer retornar a um modelo antigo, principalmente com as possibilidades que se abriram no mercado, com empresas fazendo seleção de RH remotamente e a importância da networking física diminuindo consideravelmente para encontrar uma boa posição.

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Portanto, muitas empresas terão que escolher entre ter as melhores equipes e resultados ou permanecerem no modelo antigo, excessivamente apegadas à presença da pessoa física no escritório, ainda que isso signifique pessoal insatisfeito, ou, pior ainda, uma qualidade menor do que seria possível com mudanças que nem são mais tão ousadas. 

Por onde começar

A cultura remota começa pela gestão e precisamos pensar nessa gestão de forma mais moderna e realista para não cairmos num modelo presencial digitalizado, que carrega diversos problemas.

O fato é que muitas empresas continuam apegadas a um modelo antigo de comando e controle, herança de séculos de uma gestão conservadora, excessivamente apegada ao uso mais otimizado possível do tempo e de cada gesto dos colaboradores. Ainda que as metodologias ágeis tenham se tornado mais e mais atuais, com ênfase na delegação de tarefas, entrega e rotinas mais flexíveis de trabalho, muitas empresas simplesmente optaram por investir seu dinheiro em ferramentas de controle do tempo do trabalhador em regime remoto.

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Eu não considero que esse seja um caminho satisfatório para a construção de uma cultura de home office verdadeiramente produtiva, que deve se estabelecer com ênfase nas entregas, na flexibilidade, no empoderamento do pessoal, na confiança e nas vantagens que o modelo oferece tanto para empregados quanto para empregadores.

Porém, nada disso pode se tornar uma realidade se não houver uma mudança de comportamento das lideranças envolvidas no processo.

Papel do líder

O trabalho remoto começa pelo líder. Não tem jeito. Uma boa liderança é a base da cultura de sua empresa, não o trabalho presencial. E se é verdade que essa transferência maciça do trabalho remoto revelou vários líderes ausentes, também é verdade que eles já estavam ali, ocupando um espaço indevido e incapazes de fazer a diferença de fato nas suas equipes.

A cultura organizacional existirá desde que as lideranças a exerçam diariamente a defendam. A empresa HP despontou no mercado durante anos como um ótimo exemplo disso. Nas conversas que tive com as lideranças da empresa, ficou claro para mim que a preocupação que tinham de se integrar verdadeiramente com a rotina e a individualidade do seu pessoal era o que fazia sua liderança se destacar de fato. Não era só delegar tarefas e cobrar resultado. As lideranças da HP conseguiram construir uma cultura de proximidade com as equipes, com líderes gerenciando mais de 2000 pessoas de maneira remota em todo o mundo.

Conheça a sua equipe

Ou seja, o foco de uma boa gestão deve estar nas pessoas e não em técnicas, por isso, temos que interagir e conhecer a equipe com quem trabalhamos, não só no âmbito profissional como pessoal também.

O líder precisa ser capaz de criar “um senso de nós” na sua equipe. Ele traz para as pessoas a cultura da empresa, nas trocas, no cuidado, na atenção, no feedback que presta para os liderados.

A cultura empresarial é mais do que criar uma sala de descanso amigável com cadeiras confortáveis e comprar chocolates para todos na sexta-feira. Desenvolvê-la significa procurar envolver as pessoas, trazer formação e conhecimento, fornecer locais de interação, fomentar trocas etc.

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É verdade que isso tem sido feito ao vivo por séculos nos espaços das empresas ou em eventos em locais externos ao trabalho. Porém, o mundo virtual já conta com ferramentas que permitem uma adaptação. As plataformas de reuniões evoluíram ao ponto de permitir uma interação intensa e visual, replicando a sensação de “estar lá”.

Essa cultura de home office vai mesmo além das sessões interativas. Ela começa no onboarding, mas passa pelo suporte constante do líder para as equipes, que precisam saber que têm apoio e acompanhamento para o que for necessário.

Confiança

Trabalho remoto é sobre construir confiança. Talvez a principal preocupação nesta modalidade seja a performance. Tanto para o gestor quanto para a sua equipe. Gestores ficam preocupados se a equipe está fazendo seu trabalho e a equipe fica preocupada em mostrar serviço. Pode ser mais difícil avaliar essa performance de longe e muitas vezes isso causa estresse em ambos os lados.

Para que esse processo seja o mais positivo possível, é importante inserirmos a cultura da confiança em nosso ambiente remoto. Saber abrir mão do controle a todo tempo faz parte. Se a sua equipe é bem orientada, ela vai continuar tendo um bom desempenho mesmo a distância.

Criar estratégias de avaliação de performance é importante, mas também é essencial permitir certa liberdade para que os funcionários possam trabalhar da forma mais saudável possível; sem cobranças constantes e vigilância virtual.

Autonomia

Falar sobre cultura de trabalho remoto é falar sobre liberdade com responsabilidade. Estabelecer metas, objetivos e prazos, e deixar a equipe trabalhar. Promover autonomia entre a equipe faz com que as pessoas se sintam mais valorizadas e tenham mais iniciativa para buscar atitudes inovadoras.

Focar no trabalho feito e na performance ao invés da quantidade de horas trabalhadas, por exemplo, é uma estratégia eficiente para o home office. As equipes ágeis estão ganhando mais espaço, mas não dá pra ter uma empresa ágil sem esse mindset e essa cultura. Repensar metas e objetivos é crucial para administrar o trabalho remoto, novas métricas de performance pensadas para essa modalidade serão provavelmente mais eficazes.

Feedback constante também é importante nessa nova organização. Ajuda a equipe a organizar melhor suas responsabilidades e a alinhar as expectativas.

Mudar do presencial para o remoto exige coragem. Grandes empresas estão perdendo excelentes oportunidades de contratação e talentosos profissionais porque estão muito agarradas a modelos tradicionais de gestão. Essa abertura para o novo, se antes era ousadia, agora se tornou obrigação. Simplesmente não dá para ficar para trás. Essa é a nova realidade em que todos vamos ter que viver daqui para frente, com ou sem pandemia. Ela veio para ficar.

Henrique Canhete dos Santos Felisbino

Gerente Contábil International Desk Brazil en Auxadi

3 a

Artigo excelente Mona, muito bom mesmo, abrange muitos pontos positivos do Home Office. Hoje trabalho de casa quase todos os dias e vou ao escritório uma vez por semana que, de verdade, vejo ainda como necessário para manter a interatividade humana com a equipe. Home Office, Teletrabajo ou Trabalho de Casa é uma ótima opção para muitos profissionais e empresas.

Hugo Tadeu Ghiraldini

Sócio-Diretor Executivo - Gestão Empresarial.

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Monalisa Gomes Parabéns Monalisa. Excelente e esclarecedor o seu artigo. Mindset, confiança, cultura, apego, zona de conforto, relacionamento humano ... Um conjunto de fatores que, se, no mínimo um deles, não for bem trabalho o "castelo" pode vir a cair. O interessante é que não são fatores "novos". O HO "forçou" o "novo", algo que algumas empresas, vc citou a HP, já praticavam, mas, não criaram seguidores em escala. Nós, por termos dois verticais, o maior, o de SGSI, já era uma prática usual. O que fizemos, pelo impedimento ao acesso físico, foi ampliar o que já existia, com as seguranças e protocolos necessários, para prover o nosso maior Capital, o humano. Eu, particularmente, acredito no modelo "Híbrido", ou seja, que já praticávamos e vamos intensificar. Muitas empresas, que não tinham programas de retenção ou que não se preocuparam com o fator humano como o seu principal "Capital Reverso" (lembrando que Reverso é um fator de controle de desequilíbrios), dificilmente, sobreviveram. No Brasil, como o maior empregador é a PME, 60%, esta realidade não terá um efeito a curto prazo, mas, nas Médias+ e as Grandes, será uma obrigatoriedade para a sua continuidade de negócio. Maus uma vez, parabéns.

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