Qual o momento certo de profissionalizar a gestão da sua empresa?

Qual o momento certo de profissionalizar a gestão da sua empresa?

Muitas empresas familiares estão sendo compradas por empresas estrangeiras ou seus concorrentes nacionais de maior porte. Essa é realidade do mercado brasileiro há alguns anos.

Há diversas razões para tal, mas aponto quatro que considero principais, ou melhor, recorrentes.

São elas:

1- As pequenas e médias empresas familiares trabalham e atendem a um segmento específico (nicho) de mercado - seja serviço ou produto - com maestria, mas normalmente tem um limite de escalabilidade;

2- O negócio normalmente começa pequeno, ganha alguma escala e acaba vivenciando um crescimento muito além da previsão inicial, para o qual os pequenos e médios empresários não estão preparados: o “problema bom” como muitos dizem, certo ?

3- A dificuldade em manter as gerações seguintes interessadas em trabalhar no negócio. Muitos filhos foram estudar fora do Brasil e fizeram carreira em outras áreas. Falta política de sucessão. Assim, a venda se torna a melhor opção para a sobrevivência empresarial;

4- Há segmentos que viraram um verdadeiro oceano vermelho, um rio de sangue que faz muitas empresas perderem a competitividade. A lógica é “te quebro e te compro”. Tão simples quanto isso.

Bem, a venda da empresa nem sempre é a única ou melhor opção para sobrevivência ou crescimento do negócio. A busca de um investidor externo pode garantir a capitalização necessária para escalar e organizar a operação de forma que a empresa consiga “surfar na onda” do momento e se transformar numa potência.

Vou contar para vocês um pouco do que vi e vivi nesses anos todos na área...

Obviamente, tudo começa com um bom produto e/ou uma boa prestação de serviços. Nada vem de graça. Muito trabalho, boas idéias, rentabilidade, reputação, participação direta dos donos no negócio e por aí vai...

Caso, em algum momento, o caminho escolhido seja o de venda do negócio, temos alguns passos tortuosos a serem percorridos. A propósito, é tanta energia consumida de todas as partes, que já vi desistências acontecerem à toa. Teriam sido grandes negócios!

A correta e justa avaliação do valor da empresa (valuation), a realização de “due dilligence” (às vezes mais de uma!!), a escolha da forma de pagamento do “share agreement”, a avaliação de riscos e passivos ocultos e as discussões entre os departamentos jurídicos são potenciais causas de desistência.

Concluída esta etapa, começa mais um capítulo desta história: o início da participação/controle da empresa multinacional.

Possíveis questões que os investidores / compradores normalmente encontram:

  • Como substituir a “figura do dono”? – nas empresas familiares, o processo decisório é centralizado. Vai ficar sem rumo na ausência do dono?·
  • Dificuldade de comunicação (poucos da equipe local falam inglês);
  • ERP (quando existe) não está preparado para uma consolidação com os sistemas da matriz;
  • Compliance e governança nem sempre existem de forma organizada.

Segredo do sucesso: Em minha experiência profissional, afirmo com segurança que o melhor caminho para potencializar a atratividade da empresa no mercado e/ou garantir a assertividade de uma possível transição é PROFISSIONALIZAR A GESTÃO ! Diante dos pontos citados acima, já imaginou o diferencial na análise do potencial investidor quando for avaliar a empresa e constatar transparência, confiabilidade nos números, repetibilidade de processos e etc?

A implantação - independentemente da possibilidade concreta de venda - de um processo de governança ativo através da criação de um conselho consultivo, composto pelos fundadores, que ficará a frente das decisões estratégicas da empresa, e a contratação de executivos profissionais para comandar o negócio, um sistema de ERP consistente com relatórios adequados e transparentes, orçamentos anuais, fechamentos contábeis mensais, DRE´s estruturados, fluxos de caixa bem montados e etc são algumas das características que transformam uma empresa familiar num investimento mais seguro e atrativo. Na pior (ou melhor) das hipóteses – se a empresa não for vendida, ela terá muito mais chances de se tornar uma potência.


Maurício Rocha Neves

Certificação para Conselheiro de Administração, para Conselheiro Fiscal e para Conselheiro Consultivo.

4 a

Nao poderia ter sido mais assertivo Arnaldo Haft e ao mesmo tempo hiper em linha com as diversas situações que passamos nestas digamos etapas das empresas familiares. Parabéns pelo poder de síntese e pela senioridade no tratar do tema!!! Muito orgulhoso de ler um artigo seu, neste nível!!! Parabéns!!!

Flávia Montes

Fundadora da Agência Brand You Up - Branding para C-levels e Cofundadora da See You - Public Relations

4 a

O momento de profissionalizar a gestão é agora. Excelente conteúdo Arnaldo Haft

Mariana Lewin Haft

Executiva Jurídica /CLO/Advocacia Corporativa/Gestão Jurídica e Empresarial/Shipping/Direito Marítimo

4 a

Perfeito!

Luciene Dias

Conselheira Consultiva Certificada | Co-fundadora e Sócia da Triever | Co-fundadora e Membro da ABC³

4 a

Excelente análise, Arnaldo Haft! Compartilhamos das mesmas crenças e temos atuado em projetos de profissionalização de empresas familiares. Grande oportunidade de contribuir para o desenvolvimento de um segmento com enorme potencial. Que venham muitas oportunidades de compartilharmos experiência. #triever #profissionalismoemgeastao #governançacorporativa #emlresasfamiliares

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