Qual o nosso compromisso profissional em situações de iatrogenia?
A complexidade cada vez maior dos tratamentos médicos, muitos deles sem o devido embasamento científico, que frequentemente envolvem hormônios, drogas estimulantes e outras substâncias de difícil categorização, tem trazido à tona um desafio ético significativo. Como os médicos devem agir quando se deparam com pacientes que sofrem de condições graves causadas por prescrições inadequadas feitas por colegas? Profissionais da saúde, ao se depararem com casos graves de iatrogenia, enfrentam um dilema ético entre priorizar o bem-estar do paciente ou proteger o corporativismo da classe médica.
A autonomia é um dos pilares da ética médica, enfatizando que as decisões devem sempre considerar os melhores interesses do paciente. Quando um médico se depara com um paciente prejudicado por uma prescrição inadequada, o dever ético principal é agir em defesa desse paciente, oferecendo tratamento adequado e buscando corrigir os danos causados. A relação médico-paciente é baseada na confiança. Reconhecer e tratar um erro cometido por outro profissional reforça essa confiança, mostrando ao paciente que seu bem-estar é a prioridade.
Existe uma pressão implícita para que médicos protejam a reputação de seus colegas, evitando críticas públicas ou ações que possam manchar a imagem da profissão. No entanto, isso pode entrar em conflito com o compromisso ético com o paciente. O corporativismo, quando exagerado, pode resultar em uma cultura de silêncio, onde erros são encobertos em vez de corrigidos. Isso não só prejudica os pacientes, mas também a evolução da prática médica, que se baseia na identificação e correção de falhas.
Recomendados pelo LinkedIn
É fundamental que os médicos abordem os casos de iatrogenia com transparência, comunicando ao paciente o que aconteceu e quais serão os próximos passos para remediar a situação. Em casos complexos ou onde há incerteza sobre o impacto de uma prescrição inadequada, pode ser útil buscar uma segunda opinião de outro especialista, garantindo que o tratamento correto seja seguido. Promover a educação contínua e a discussão aberta sobre erros médicos dentro das equipes de saúde pode ajudar a prevenir futuros erros e melhorar a qualidade do cuidado prestado.
Em casos onde o erro foi cometido de maneira negligente ou imprudente, o médico que identificou o problema tem o dever de reportar a situação aos órgãos competentes, seguindo as diretrizes éticas e jurídicas aplicáveis. Garantir que o paciente receba toda a proteção legal necessária, caso deseje tomar ações jurídicas contra o responsável pela prescrição inadequada.
A atuação médica exige um compromisso contínuo com a ética, colocando o bem-estar do paciente acima de outros interesses. Embora o corporativismo possa pressionar os médicos a proteger seus colegas, é fundamental que o foco esteja sempre na promoção da saúde e no tratamento justo e eficaz dos pacientes. A adoção de práticas transparentes e a educação contínua são passos essenciais para garantir que erros sejam corrigidos e que a confiança no sistema de saúde seja mantida.