Qual a vacina para as doenças emocionais provocadas pela pandemia?
Por Karina Uchôa*
Em toda a estória da humanidade quando surgem rupturas como as que acontecem com as doenças e guerras, a sociedade tende a sofrer as mesmas sequelas com traumas e consequências devastadoras para a sua e as próximas gerações.
Se fizermos uma recapitulação em relação aos fatos históricos, verificaremos que por mais que procuremos, não existirá um remédio para sanar as feridas que acometem internamente os seres humanos. Identificamos as causas, procuramos sanar as consequências, mas as mazelas permanecem.
Muitos especialistas apontaram que a depressão é a doença do século XXI, e além dela existem outras patologias, síndromes e transtornos pelos quais estamos passando em especial no período da pandemia. O que ainda não sabemos é como lidar com tantas questões e fatores psicológicos que se desdobram a todo momento.
Nossa rotina retornará? Trabalharemos em sistema híbrido, teletrabalho ou voltaremos ao físico? Os jovens e os idosos conseguirão o equilíbrio entre o necessário distanciamento que passamos e o retorno a proximidade física que ainda voltará? Como seremos depois de tudo isso: melhores, piores ou os mesmos? Saberemos lidar com as diferenças formas de encarar a vida após essa metamorfose?
Para cada uma dessas perguntas e para outras que surgirão faltarão respostas. Não por falta de conhecimento, mas talvez por excesso de informações. E nesse paradoxo viajaremos, celebraremos, ficaremos em luto, compartilharmos, seremos mais egoístas, mais solidários, partiremos para novos mundos ficando ao mesmo tempo nos nossos.
O aprendizado nessa experiência é o que realmente vai ficar de herança para todos nós. E aqueles que ainda se recusam em aprender, ficará o vazio da incompreensão humana que destoa com o imprescindível desenvolvimento de toda a sociedade. Não existe vacina para as doenças emocionais, mas existe a possibilidade de nos curarmos através da simples observação, da paciência em sabermos esperar, nos acostumarmos com o silêncio e entendermos que todos somos diferentes e cada um terá o seu tempo para curar suas próprias feridas.
*Pesquisadora em Qualidade de Vida no Trabalho (@kariuchoa). Criadora do projeto "O mundo do trabalho mudou...E agora?" no Instagram. Autora de artigos sobre Assédio Moral, Sexual, Síndrome de Burnout e Qualidade de Vida no trabalho.