A qualidade nos produtos de sinalização viária

A qualidade nos produtos de sinalização viária

O conceito da qualidade é estudado por muitos anos, e já se tem muitas informações, técnicas e estudos para a aplicabilidade para o aumento de performance das empresas. Esse resultado pode ser observado de forma financeira.

Porém é necessário que a análise dos dados, principalmente financeiros, precisam ser avaliados com todas as informações relacionadas, para a comparação igualitária e resultados reais.

A proposta desse artigo, é propiciar um nível de conhecimento maior, além do atendimento puro e simples das normas de referências dos produtos descritos nos memoriais de concorrências dos clientes.

O barato que sai caro

Esse é um ditado popular muito antigo e muito realista. E isso pode ser provado através de dados.

Para comparação, observemos um produto e suas variações de preço:

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A escolha pela compra, provavelmente vai recair no fornecedor A. Porém esse número precisa sempre verificado com outros fatores importantes.

Apesar dos dois produtos atenderem a norma ABNT 15576, os fatores de durabilidade não podem ser comparados. Mais adiante, discutiremos a questão de atendimento de normas.

A tabela abaixo compara itens em relação à durabilidade hipotética em campo versus preço.

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Se for feita uma análise relacionando esses dois fatores, podemos chegar em um gráfico e verificar, ao longo do tempo e a médio prazo, qual o produto mais barato:

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Nesse comparativo, não foi considerada o custo de mão de obra para a troca do produto, que em muitos casos é muito maior que a própria peça.

Ou seja, somente o valor da peça versus a qualidade do produto já justifica a compra do produto de maior custo unitário.


E as normas de qualidade vigentes, não resolvem problemas da qualidade?

Vamos usar como estudo um produto e uma norma básica na sinalização viária. Um cone de sinalização de acordo com a norma ABNT NBR 15071:2015.

De acordo com essa norma, são selecionados os seguintes ensaios para aprovação:

1-        Dureza Shore (Max 80 Shore A)

2-        Limite de resistência à tração (mínimo 7 mPa)

3-        Alongamento em 50mm (mínimo 200%)

4-        Cor

5-        Intemperismo artificial (120 horas de acordo com a ASTM G 155)

6-        Refletividade

 Em primeiro lugar, a norma não define como é a obtenção de corpo de provas para todos os testes. É sabido para especialistas na área de materiais e ensaios, que a definição do corpo de provas é fundamental, principalmente para testes de tração, alongamento e dureza.

Outra falha no descritivo da norma é a condição de ensaio para o intemperismo não é definida. Só como exemplo, existe 8 ciclos diferentes na norma ASTM G 155. Além disso, essa norma de intemperismo abrangem o teste com luz de arco de xênon, que é mais próximo da luz solar. O espectro da luz ultra violeta não é o foco desse teste.

Outros testes muito importantes para a qualidade do produto não são citados nas normas de produto. Além disso, sistemas construtivos, fabricação, escolha ideal da matéria prima e responsabilidade do fornecedor não podem ser abrangidos pela a norma NBR.

Como discutido no item anterior, a norma não aborda itens de durabilidade e resistência durante o uso.

Dessa Forma, é possível verificar que a norma atual (ABNT NBR 15071:2015) não consegue abranger de forma completa a qualidade do produto. As normas norteiam quesitos, principalmente relacionados à segurança, para que o produto tenha a eficácia necessária.

E como se precaver de surpresas indesejáveis com aquisições?

Em primeiro lugar, é muito importante ter conhecimento do produto que se compra. E na área dos materiais construtivos e resistências deles. E como já discutimos anteriormente que somente o atendimento da norma não é suficiente.

Muitas vezes inclusão de testes complementares garantem a qualidade do produto e limitam fornecedores durante os processos de compras. E equalizam a concorrência no fornecimento.

As auditorias e homologação de fornecedores e plano de amostragem nos produtos entregues, auxiliam à minimização de problemas futuros quando da utilização dos produtos em sua aplicação. É sabido que muitos fornecedores são apenas escritórios de importação sem conhecimento técnico e sem a possibilidade de garantir assistência técnica em falhas.

O treinamento das equipes de compras diminui muito o risco de aquisições erradas. E não somente por parte da área de engenharia de tráfego. Treinamentos básicos em engenharia de materiais e engenharia civil costumam auxiliar muito os compradores nas escolhas e comparações de orçamentos oferecidos.

E finalizando, a análise de falhas em materiais, previnem a repetição de problemas, além do auxílio em ações de indenizatórias em caso de problemas.


Kleber Augusto Zotovici

Mestre em engenharia

Engenheiro Químico

Especialista em polímeros

kleber@asteca.eng.br

www.asteca.eng.br



Parabéns Kleber, muito interessante seu artigo. Espero que muitos gestores público possam ler este artigo.

Rodrigo Cunha

Diretor Técnico de Dados e Inovação | Engenheiro de Transportes | Transporte Público | Mobilidade | Data & Innovation & Tech Lead

4 a

Muito interessante, Kleber Zotovici, essa sua visão da Engenharia de Materiais nos elementos de sinalização viária. Mesmo atuando há 6 anos no setor sempre achei que exigir a norma seria suficiente para garantia dos requisitos mínimos de qualidade. Qual caminho você acha que seria mais adequado aos órgãos gestores na aquisição desses elementos de sinalização viária? Exigir uma durabilidade mínima em contrato, uma declaração de durabilidade mínima assinada por responsável técnico habilitado na área de Engenharia de Matérias, assim como a fiscalização disso? Seria suficiente?

Daniela Zechmeister

Gerente industrial na Porta Cabos Industria e Comércio

4 a

Fantástico este artigo Kleber. Realmente muitas empresas não estão levando em conta os custos relacionados à manutenção ou reposição, devido à falta de qualidade dos produtos. Nem sempre o produto mais caro a primeira vista, terá um custo maior.

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