Quando a falta de tempo é falta de outra coisa. Qual foi a última vez que você esteve com a agenda livre?
“Você consegue apresentar rapidinho? Tenho uma reunião logo em seguida.” Quantas vezes, aí nas suas relações de trabalho, você já não ouviu algo parecido com isso? Certamente, você já deve ter falado com alguém que parou com muita pressa para te ouvir antes de ir para um compromisso inadiável ou até mesmo você já deve ter usado essa fala para apressar uma pessoa que precisava te mostrar algo.
Ainda mais hoje em dia, época na qual podemos estar presentes ao mesmo tempo em vários lugares e participar de várias atividades sem precisar se deslocar fisicamente, parece que estamos sempre nos desdobrando. Com tantas possibilidades permitidas pela tecnologia, ampliamos nossa participação e estendemos a nossa presença, mas reduzimos o nosso tempo.
Essa é uma sensação geral e bem comum: “eu não tenho tempo para nada!” Raramente, ouviremos de alguém do nosso convívio: estou livre hoje, precisa de ajuda nesse projeto? Não tenho nada para fazer amanhã, vamos tomar um café? Não tenho reuniões hoje, não gostaria de me apresentar aquela sua ideia?
Dessa forma, a maior conquista que podemos ter, atualmente, é o tempo de alguém. Mais do que outros recursos, como dinheiro, bens materiais ou negócios fechados, é o tempo o bem mais valioso que podemos conseguir de uma pessoa.
Agora, será que estamos conseguindo conquistar esse bem da pessoa mais importante da nossa existência: nós mesmos?
Qual foi a última vez que você obteve essa conquista: conseguiu tempo suficiente para você mesma(o)?
Para que você possa evitar de falar para si mesma(o): “deixa eu fazer isso aqui logo, porque já tenho outra coisa mais urgente para fazer depois”, gostaria de compartilhar 3 aspectos importantes sobre gestão do tempo que são resultado das minhas próprias observações do dia a dia, em contato com meu time, clientes e parceiros.
1. O tempo para si mesmo também é um compromisso inadiável
A nossa atual cultura de trabalho e negócios implantou uma ideia comum na sociedade, a de acreditar que quando não estamos produzindo nada, estamos perdendo tempo. Você já deve ter sentido aquela culpa ao final de um dia ocioso ou não muito bem-sucedido de “poxa, hoje eu não consegui fazer nada”.
Porém, os momentos que temos com nós mesmos são tão produtivos e importantes do que aquele no qual estamos trabalhando. Revendo essa sensação de “perda de tempo” ou, ainda mais importante, de “perda de dinheiro” quando não estamos fazendo algo diretamente ligado ao trabalho, entenderemos que o tempo para cuidar de si também deve ocupar espaço na agenda.
Geralmente, desmarcamos com facilidade encontros com amigos, passeios com familiares, aulas ou atividades físicas porque surgiu um “compromisso mais importante”. Ora, qual compromisso é mais importante do que aquele consigo mesmo?
Aqui na agência, por exemplo, temos o slogan: “sonhe, ame, viva intensamente e trabalhe”. Quando eu propus essa frase para o nosso ambiente interno, quis mostrar justamente que, antes dos compromissos que “produzem”, vem o tempo que temos conosco, tão valioso quanto qualquer outro.
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2. Não, a tecnologia não precisa ser a vilã desse assunto
Quando falamos sobre falta de tempo, sempre surge a maior culpada da atualidade: a tecnologia. Ninguém mais consegue participar de uma reunião inteira ou prestar atenção em algo do começo ao fim sem dar aquela olhadinha no celular. Não podemos esperar pelo próximo episódio daquela série favorita, temos que ver tudo agora e maratonar. Áudio de mais de 30 segundos na velocidade 1x? Nem pensar!
A questão nisso tudo é que os recursos tecnológicos não foram pensados para tirar o nosso tempo ou atenção, mas para facilitar a nossa vida. A forma com que os utilizamos é que expressa a nossa falta de tempo, falta essa que certamente não foi gerada pelo fato de esses recursos estarem à nossa disposição.
Antes de satisfazer aquela ânsia de encontrar um culpado, repense como a tecnologia tem feito parte do seu cotidiano e, sobretudo, de que maneira você poderia utilizá-la para te ajudar com a gestão da sua agenda. Com certeza, não será o áudio na velocidade 2x que fará você economizar tempo.
3. A reflexão nunca será perda de tempo
No Brasil, você já deve ter percebido, temos uma cultura bastante focada no “fazer”, no “colocar em prática”. E, como bons “makers”, geralmente olhamos para o pensar, refletir e planejar como atos que não servem de muita coisa. É como se o “estar parado” para pensar no próximo passo fosse uma perda de tempo, afinal “será que você não pode pensar enquanto faz outras coisas”?
No entanto, gostemos ou não, a escolha do próximo passo demanda reflexão, e pode ser que uma pausa na rotina extremamente corrida possa ajudar. Porém, não me refiro à pausa do ócio, mas sim àquela que fazemos para repensar o agir do dia a dia, para refletir acerca dos movimentos que reproduzimos de modo quase que automático.
Por isso, tire um tempinho (aquele tempo só para você, inadiável) e pense sobre como está sendo a organização do seu cotidiano. Pode ter certeza de que a resposta para a sua falta de tempo cabe nas 24 horas e 7 dias da semana de que dispomos.
E aí, conseguiu chegar ao fim deste texto sem perder sua atenção? Se eu consegui conquistar alguns dos seus minutos tão valiosos com essa leitura, então me conte o que você tem feito em prol da sua gestão de tempo. Será um prazer trocar ideias com você.
Forte abraço!
Fernanda Ibañez
@formatoib