Quando a infância não fica na infância

A questão aqui é pensar um pouco sobre maturidade e seu reflexo na nossa vida profissional e pessoal, tendo como objetivo nos tornar adultos mais felizes e livres;

Então refazendo a pergunta de forma mais direta:  

"O que acontece quando a infância, não fica na infância ?"

Uma resposta simples pode ser: " Ela fica para a vida toda ! "

Importante ! Não estamos falando das coisas boas e preciosas que aprendemos e guardamos desta fase da vida, mas do perigo dos tantos adultos que permanecem a vida toda presos a eterna "adolescência" e assim se tornam pessoas e profissionais imaturos e cheios de dificuldades de se tornar donos da suas vidas, pouco criativos e produtivos.

Podemos aqui citar uma frase famosa do livro "Alice no país das maravilhas" de Lewis Carroll, que de forma lúdica nos mostra muito da dificuldade de amadurecer.

"  No decorrer da viagem,  Alice encontra muitos caminhos que seguíam em várias direções.  Em dado momento, ela perguntou a um gato sentado numa árvore:   -  Podes dizer-me,  por favor,  que caminho devo seguir para sair daqui ?   -  Isso depende muito de para onde queres ir -  respondeu o gato.   -  Eu não sei.   O gato, então, respondeu sabiamente:  -  Sendo assim, qualquer caminho serve. "

Mas mesmo com anos de estudo de psiquiatria,  podemos ainda questionar esta relação, então vamos organizar as perguntas relevantes:

• Porque nossa vida infantil e tão importante para a vida adulta ?

• Como podem, momentos esquecidos na nossa infância, estar ligados a tantas situações atuais  ? 

• Será a  possível que a infelicidade na carreira ou a dificuldade de viver em família é fruto destas experiências na infância ?

Baseados na ideia usada em desenvolvimento e  treinamento e que chamamos de Teoria do C-H-A , vamos relatar alguns exemplos bem simples, todos ligados a ausência de Competências (C) que buscamos nos profissionais atuais e que podem ser relacionados diretamente a problemas de infância e que quando não "resolvidos" eram Atitudes (A) muito problemáticas: 

1) Pró Atividade - Pense em uma criança que naturalmente  chora quando tem fome,  mas por escolha da mãe ou pai é ignorada para aprender a esperar a hora correta de comer; então ela recebe o alimento apenas quando fica em silencio (mesmo faminta). Ela provavelmente vai relacionar o "silencio" a conseguir as coisas que necessita. Quando adulto provavelmente vai ser uma pessoa passiva, que não se posiciona ou luta pelo que acredita, tenderá a ficar sempre esperando que os outros percebem as suas necessidades se mantendo "obedientemente em silêncio". 

2) Criatividade - Por ser daltônico, fui alfabetizado pelo Método Montessori que privilegia a busca direta e pessoal do aprendizado, por meio do manuseio dos objetos e de muitas atividades práticas, ou seja o aluno é protagonista do aprendizado. Esta foi a forma que consegui aprender junto com crianças que tinham a percepção do mundo (visualização das cores) diferentes da minha, na escola era comum receber uma folha em branco e sem linhas e ter que criar um desenho, sem estímulos pré selecionados por livros didáticos que eu não conseguia utilizar por não destingir cores. Com isto todo desafio que surgia na minha vida dali para frente eu encarava como uma "folha em branco", sem medos e limites e assim aprendia a inventar a solução, nunca esperava uma diretriz pronta dos professores e futuramente dos meus chefes.

3) Perseverança/Resiliência - Tenho 3 filhos e é comum ver atitudes de famílias de amigos onde observo um grande risco ao desenvolvimento de adultos saudáveis. Um jovem amigo de meu filho iniciou 3 cursos universitários em  menos de 6 meses, ao meu ver neste caso a liberdade escolha está sendo  confundida com falta de compromisso,  as famílias fazem parecer natural a falta de perseverança e apoiam a ideia como forma de possibilitar a "felicidade" do seu filho. Não existe este atalho ! O investimento na escolha é a única forma de se tornarem profissionais resilientes capazes de  a pressão natural de um emprego. Como comprovação, basta olhar quantos perfis encontramos no LinkedIn de jovens que acumulam "6 empregos em 6 anos", o que podemos produzir e aprender em tão pouco tempo ?

"Não somos responsáveis por nossa infância. mas somos completamente responsáveis pela infância de nossos filhos e no caso profissional pelo desenvolvimento dos nossos funcionários, aprendizes e estagiários" 

Então não devemos fugir do seu papel de líder e formador de opinião, vá e faça a diferença para esta nova geração de profissionais, todos somos treinadores e podemos ajudar os jovens a serem melhores e em troca aprender tantas coisas que eles têm a nos ensinar.

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