Quando o “bicho papão do FOMO” te alcança
Gordon Johnson from Pixabay

Quando o “bicho papão do FOMO” te alcança


Por Vivian de Albuquerque


Nas mídias sociais, os convites são diversos: curso gratuito, palestra, interação... E mais, aquela nova ferramenta que você precisa conhecer, aquele novo grupo para o qual você precisa entrar... E o fato é que o que surge, muito mais que uma motivação em tempos de pandemia, é um enorme cansaço. Uma vontade imensa de desconectar de toda essa vida virtual e buscar conexões reais.

Vale caminhar na rua, ler um livro de um tema nem um pouco ligado ao seu dia a dia, cozinhar algo que nunca experimentou antes... e viver. Sim! Viver. Se antes da pandemia já éramos facilmente “abduzidos” para as telas dos computadores e celulares, agora isso parece ter se intensificado de forma exponencial. É quase impossível desligar o telefone, é impensável ficar sem conexão de internet, e – claro – é preciso estar sempre atualizado.

Mas e o nosso emocional, como fica? Confesso que, nas últimas semanas – com o anúncio de um novo lockdown, minha energia parece ter despencado. E sim, havia mais uma reunião, mais um curso, mais uma tecnologia que eu precisava conhecer...

E será que é só comigo que isso acontece? Claro que não. Nunca o termo FOMO fez tanto sentido. A sigla em inglês para “Fear Of Missing Out” poderia facilmente identificar um novo vírus que vem tomando conta da humanidade. O tal do medo de estar perdendo algo – de que alguém esteja tendo uma experiência que a gente não tem – nos faz ultrapassar os limites e chegar à exaustão.

Tudo precisa ser compartilhado, todos os acessos às reuniões do Zoom precisam estar disponíveis, tudo precisa estar gravado para se um dia você quiser assistir novamente... e assim surge o vício, a dependência, e a depressão.

Você perde aquela live e a sensação que tem é realmente de perda. Você vê amigos fazendo exercícios e sente culpa por não estar fazendo. Cada escolha representa um número infindável de renúncias. E em vez de agir, a sensação é de paralisia.

Lendo sobre o FOMO, um dia – porque afinal eu tinha que saber o que era isso também – vi que os estudos conduzidos por Dan Herman, que cunhou a sigla, dizem que este medo é resultado de processos cognitivos e emocionais de avaliação; até o esgotamento de oportunidades. Primeiro vem uma fase de muitas escolhas e possibilidades diferentes. Depois a avaliação e a escolha pensando no que é importante para a sociedade, a família, os amigos, os outros... E tudo termina – ou será que é aí que começa? – com a imaginação dos resultados e consequências não só da opção escolhida, mas também da NÃO escolhida.

E é nas redes sociais que isso é ampliado. Por mais que você estude, se atualize, participe disso ou daquilo, sempre terá a sensação de que tem gente fazendo bem mais que você.

A dica dos especialistas? Viva o momento! Curta o caminho que está percorrendo, e não fique olhando para os desvios e pensando onde irão levar. O foco deve estar no que você está vivendo... e não no que está perdendo. E quando as mãos ficarem trêmulas – levadas pelo FOMO – e você rolar a tela para dar aquela espiada no que fulano ou beltrano estão fazendo; e você não... lembre-se de que a vida nas mídias sociais nem sempre é tudo aquilo que parece. Seja feliz, mesmo que longe da internet, e fuja do bicho papão.

Leila Honorato

Consultora na Verità Desenvolvimento Organizacional

3 a

Excelente Vivian!!

Aurea Regina de Sá

Facilitadora de Media Training desde 2001 |Treinamentos presenciais e online, em grupo e individuais |🎙️ Mentoria de Media Training para porta-vozes • Colunista CBN Curitiba | @aureareginadesaoficial

3 a

Dá um alivio ler isso, Vivian de Albuquerque. É sempre bom lembrar que cada um tem o seu tempo. Respire, se acalme e siga.😊😘

Schirlei Freder

Governança | ESG | Sustentabilidade | Novas Economias, Cidades e Organizações | Doutorado em Gestão Urbana | Docente em Pós-graduação | Conteudista | Pesquisadora

3 a

Teu texto trouxe alento e serenidade em meio ao caos. De fato, mais do que nunca é necessário "viver o momento presente" e deixar o trem bala passar, quantas vezes for necessário. E olha, vou te dizer, tem muitos desses trens convidando a gente pra embarcar. Parabéns pela clareza de suas palavras.

Cristiane Maziero

Fundadora da Allure Desenvolvimento Humano | Psicologia Transpessoal, Neurocoaching

3 a

maravilhosa como sempre! isto realmente é o nosso calcanhar de Aquiles neste "novo normal" e que frio no estômago desta aventura que apenas esta começando. Vamos respirar fundo e graças a Deus as comunidades colaborativas nos apoiam a ficar um pouco menos enlouquecidos.

Nicole Orfali

Gestão, Excelência, Inovação, Design Thinking, LEGO SERIOUS PLAY, Data Science

3 a

Excelente texto! Para fugir do FOMO não participo de lives, que em geral tomam tempo e têm conteúdo raso, tento estar realmente presente nos compromissos que escolho estar, não assisto gravações e limitei meu acesso às redes sociais a 45 minutos por dia. Também aprendi a escolher bem o que quero participar ou assistir. E quando não quero, simplesmente deleto o convite, sem a menor culpa...

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos