Quantas mortes o Brasil poderá suportar?

Quantas mortes o Brasil poderá suportar?

Estamos diante de um cenário nunca antes imaginado, coisas que assistíamos pela TV, apenas nas grandes produções de Hollywood, tornaram-se reais, e seus efeitos podem ser maiores do que se projeta. Os problemas que serão causados após o Covid-19 tendem a ser piores que o próprio vírus e suas implicações.

Importante ressaltar e enfatizar que esse texto não desfaz as ações de saúde pública, não contrariam nem visam criar alternativas aos grandes esforços feitos pelos governos e agentes de saúde, apenas trazer para o debate o que acontecerá após o pico das infecções, após o controle do coronavírus.

Alguém poderá pensar: “como ele está falando de economia quando precisamos salvar vidas?”

Sim, precisamos manter as políticas para salvar vidas, mas precisamos falar de economia. Uma questão não exclui a outra. Acatar as medidas de prevenção não exclui que se projete o que virá no futuro. Talvez ai esteja o grande problema do Brasil: a falta de planejamento, de pensar o futuro de estabelecer políticas de longo prazo. 

Estudos da FIOCRUZ e IPEA mostram uma correlação direta entre o aumento do desemprego e o número de mortes em decorrência das crises econômicas. Dados consolidados entre 2014 e 2017, durante a grande recessão protagonizada pelo governo petista de Dilma Roussef, atribuíram-se 31.000 mortes adicionais no país devido ao encolhimento da economia, um índice de 4.3% adicional na mortalidade do país.

No Brasil possuímos um dos mais elevados índices de suicídio do mundo, e em crescimento. São 6,1 suicídios a cada 100 mil habitantes. Isso é mais ou menos 12 mil brasileiros que tiram a sua vida a cada ano. Já é mais do que provado que problemas econômicos e desemprego trazem outros efeitos colaterais como: aumento da violência doméstica, feminicídio, drogadição, furtos e roubos.

Precisamos sim nos preocuparmos com as vidas que podem ser tomadas pelo cornavírus, afinal, toda vida importa. Mas precisamos urgentemente começar a pensar em como salvar dezenas de milhares de vidas que podem ser ceifadas e destruídas pela depressão econômica, que não será exclusividade do Brasil, como no período de 2014 à 2017, será mundial.

Nossas estruturas públicas de suporte como CAPES, CRAS, Conselho Tutelar, Delegacia da Mulher etc, não dão conta do cotidiano, sem crises, apesar dos esforços dos profissioanis envolvidos, imagine após um período como este, onde uma histeria tomou conta das pessoas. Se o Brasil já era um dos países mais ansiosos e depressivos do mundo, a onda de más notícias e falência econômica-social irá agravar ainda mais essa situação.

Como se todo esse cenário pós-apocalíptico não bastasse, precisamos conviver com uma oposição estúpida e populista, que ao menor sinal de problemas, busca intensificar o caos na tentativa de retomada do poder. O coronavírus pode trazer inúmeras mortes (Deus nos ajude que não), contudo, os efeitos posteriores podem ser muito mais perversos e mortais que o próprio vírus.


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