Freio de Arrumação - Só sabemos que não sabemos

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Neste momento, começo de maio, tem uma bagunça instalada no país. Embora eu não tenha a intenção de tratar de política nessa série de artigos, fica difícil explicar a pandemia no país, sem dizer que existem forças cada vez mais antagônicas, se digladiando sobre: “existe ou não existe pandemia”; “morrem ou não morrem muitas pessoas”; “deve existir isolamento ou abrir tudo de vez” e outras tantas dicotomias de variados tipos, desde que os radicais de direita estejam de uma lado e os radicais de esquerda estejam de outro. Correndo por fora, está ainda a imprensa formal de um lado e as redes sociais do outros, como se noticiassem informações de mundos diversos. É triste ver amigos, pessoas que até então se pensava serem sensatas, espalhando pela internet, mentiras deslavadas, e quando você tenta avisar, escuta na lata: “eu sei que é mentira, mas nesta guerra vale tudo”. Enquanto isso, nós, reles mortais, que queremos viver nossa vida com o mínimo de normalidade possível, ficamos olhando para um lado e para o outro, vendo as notícias, e tentando entender como vamos conseguir sair dessa.

Percebo que quando o país optou por um governo de direita, tentando se livrar de uma esquerda corrupta, acabou saindo da “frigideira para cair no fogo”, e no meio de uma pandemia. O fato é que agora estamos com problemas sérios de chegarmos ao caos na saúde em diversas cidades do país, e um bando de irracionais, incluindo o presidente, negando veementemente que este problema existe. No meio de tudo isso, a verdade e a ciência se embolam com os achismos e os aprendizes de feiticeiros. Quando tentamos olhar para fora, para outros países, encontramos alguns cenários ruins também, e pouca informação que esclareça o que realmente está acontecendo. Hoje, há teses de que o vírus começou bem antes do que se achava; que ele muda muito de país para país e de pessoa para pessoa; a cada momento se descobre um novo sintoma ou consequência que ele provoca; e até mesmo, que ele some e depois aparece de novo nas pessoas, dificultando a criação de uma vacina.

Os governos dos vários níveis – municipal, estadual, federal – e os 3 poderes, se chocam, usando a pandemia para justificar suas ações, incluindo compras fraudulentas, e suas atitudes políticas. Uns querem autorizar o funcionamento de tudo, outros querem que as coisas voltem aos poucos, já que não se sabe o que seria melhor para evitar que o vírus se propague. Como em alguns municípios e estados ele pouco se manifestou, os dirigentes públicos ficam receosos de estarem sendo muito rígidos e começam a liberar a rotina, com máscara, com álcool gel, com desinfecção e tudo o mais que entrou em nossas vidas, de supetão. Pode ser que daqui há pouco, tenhamos que nos recolher novamente, mas torço que este seja mesmo o princípio de uma vida mais normal, ou como dizem hoje, em um “novo normal”.

A economia debilitada, tenta levantar seus prejuízos, mas ainda é cedo para saber o que vai acontecer, precisa primeiro fazer a “roda girar” para ver o que vai conseguir sobreviver e o que vai acabar saindo fora de vez. As empresas penaram e ainda tentam catar seus caquinhos, mas será que foi suficiente para que os empreendedores tenham aprendido alguma coisa de realmente valioso? Será que o que passaram já foi suficiente para mudar sua forma de agir e pensar sobre o novo consumidor a sociedade ao seu redor? Neste momento, nós consumidores, só sabemos que temos que usar máscara e ficar em casa, mas, aos poucos, temos que adquirir a coragem de botar a cara pra fora, vamos querer consumir e as empresas precisam estar preparadas para nos atender.

Quanto a política, nosso país vem passando por muitas epidemias de corrupção, desmandos, autoritarismos, falta de ética, perdendo as oportunidades e ficando para trás em relação aos lugares que almejava alcançar, parece que não temos aprendizado político. Agora, por exemplo, vai ser um momento de novas oportunidades econômicas para os países, pois há uma espécie de nivelamento, como se estivéssemos em uma corrida, naquele momento em que ela é paralisada para entrar o carro-madrinha, igualando todos nas posições. Quem está estável politicamente para poder aproveitar o momento de parada para se preparar, pode ter vantagens quando suspenderem a “bandeira amarela”, mas o que nós, brasileiros, fizemos com nosso momento de parada? Aumentamos o fosso entre nós.

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