Quanto vale o seu trabalho?
Ei você aí, politizado de plantão, já vou te avisando que não se trata de um manifesto sobre a luta de classes, então antes que você se decepcione, vaza!
Mas se você chegou aqui porque ficou curioso sobre de fato como a gente faz pra valorizar no nosso próprio trabalho, bora divagar juntos?
Passei por uma situação semana passada que me deu plena consciência de que eu vendo valor, não vendo horas trabalhadas.
Agora que eu te contei, fica até fácil encarar a coisa por esse lado né?
Mas pensa bem em como você tem usado seu tempo produtivo no dia a dia, e em como você tem permitido que as pessoas te meçam.
Precisei passar por uma fita estranha pra entender a figura mais ampla desse tema…
Uma galera que tem um problema cascudo pra resolver, pediu minha “ajuda” pra elaborar uma proposta de valor pra solucionar a tal treta, até aí tudo bem, acho legal essa forma de abordar relações de trabalho.
Você percebe que não vai conseguir resolver seu problema sozinho, procura a ajuda de alguém que consegue, e assim estabelece um contrato de serviço ganha-ganha.
Só que quando eu passei minha cotação, recebi a famigerada resposta “entendi, mas são só 8 horas de trabalho, por que você está cobrando esse valor cheio fechado, e não a taxa hora de mercado?”
Cara, a pergunta é boa, e até pertinente, e em negociações comerciais vale tudo, tá certinho até aqui.
Mas quando se chega a esse ponto numa venda, a gente tem que parar e refletir direitinho sobre o que está em jogo toda vez que a gente cede a argumentos como esses.
Quando eu aceito que todo o meu trabalho se resume ao número de horas que eu dediquei a ele, eu estou me reduzindo a um vendedor de horas, percebe?
Falta ponderar quanto valor eu entrego a cada hora de trabalho, senão um conceito fundamental da “precificação” do serviço fica “marotamente” de fora, e é o conceito do valor percebido.
E isso é muito grave galera, muito mesmo.
Chego a dizer que toda vez que você vende somente horas de trabalho, sem adicionar a elas o valor que o seu cliente obterá à partir da execução desse trabalho, você automaticamente diz que seu trabalho é altamente substituível por exemplo por inteligências artificiais, ou robôs - que até produzem entregas finais de valor, mas sempre através da execução de algoritmos matemáticos pré-configurados, ou seja, trabalham de forma repetitiva, exatamente igual a uma linha de produção previsível onde o que conta é a especialização, e não a subjetividade (e por subjetividade entenda criatividade, imaginação, etc.)
Afinal, se eu não agrego nada àquela atividade, mas somente ao produto final, então que diferença faz se a tal atividade é executada por mim ou por uma máquina?
Máquinas não reclamam, não se cansam, não erram - depois de aprender bem o que precisa ser feito - e não têm autoconsciência, portanto não se valorizam.
Ou seja, vamos perder todas as concorrências comerciais em cenários como esse, sempre, todas as vezes, seja na disputa por empregos, seja na disputa por contratos.
Eu até fiquei bem ofendido com o fato de a pessoa ter reduzido meus 25 anos de experiência de mercado, minha grande macaco-velhice em solucionar problemas corporativos complexos no nível executivo, e meu alto conhecimento prático no uso de metodologias inovadoras aplicadas em empresas gigantescas, ao simples “cálculo do número de horas, vezes o preço médio da hora de um mercado medíocre que naquele momento não me representava”.
Mas o que me preocupou de verdade foi o fato de que, por causa de diversas outras circunstâncias que às vezes abalam a nossa segurança financeira, muitos bons profissionais estejam cedendo às tais circunstâncias, aceitando qualquer migalha pelo seu trabalho - e de novo, eu entendo que a vida é loka e que muitas vezes aqueles trocados vão fazer muita diferença - e com isso abaixando demais a régua pela qual todos nós, em algum momento, seremos medidos.
É o famoso tiro no pé, mas como ele demora um pouquinho pra voltar, tipo num efeito bumerangue, a gente não se conscientiza dele, e pelo contrário, acaba fortalecendo a parada.
No fim das contas, sempre que e eu aceito "uma oferta meia-boca qualquer" pelo valor que eu entrego, automaticamente eu me desvalorizo, seja ali no momento, seja numa negociação futura.
Obviamente eu recusei a proposta comercial, assumindo todos os riscos inerentes à minha decisão.
Mas e daí?
Prefiro isso, do que abaixar a minha régua só porque você pensa que deve me pagar por hora, quando eu tenho plena consciência que meu valor está naquilo que eu entrego num determinado número de horas, e não na quantidade de horas que eu dedico àquele trabalho.
Faz um favor pra si mesmo, e consequentemente pra todo o seu mercado?
Pare de vender horas, e comece a vender valor.
E rápido, por favor.
Pronto, falei.
Rodrigo Giaffredo
Co-fundador da Super-Humanos Consultoria (procura no Google depois), apaixonado por Inteligência Relacional, entusiasta de Design Thinking, Storytelling, cultura Ágil, e todas essas paradas incríveis que fazem do trabalho uma coisa legal de ser feita. Fabricado no Brasil.
* Siga a Company Page da Super-Humanos Consultoria no #LinkedIn (copie e cole o nome do campo de busca que você acha a gente fácil) e tenha acesso a cursos GRATUITOS que vão te tornar protagonista da sua carreira!
A crise nos oferece a oportunidade de mudar conscientemente. “Em tempos de crise, os sábios constroem pontes"!!!
5 aMuito bom seu artigo. Genial!!
Representante de vendas Octomed/SPI
5 aSensacional reflexão !!
Big Data Engineer | Cloud Data Architect | Data Specialist| 2x AWS Certified | Google Cloud
5 aApoiado Giaffredo. No Brasil a concorrência acaba criando um tipo de prostituição que acaba com a qualidade e a culpa é dos dois lados, prestador e tomador.
Product Owner PSPOI | Product Manager | Produtos Digitais | Inovação e Transformação Digital
6 aMaria Cristina Tanio, Me.
Project Manager/ Civil Engineer
6 aExcelente Texto!!!