QUE CONFLITO É ESSE?
Freud já dizia que somos seres de conflitos. Desde que nascemos vivemos em conflito, saímos do conforto da barriga da mamãe para o mundo frio e barulhento da sala de parto, logo nos vemos de ponta cabeça, segurado pelos pés com a nítida impressão que vão nos deixar cair e aí desandamos a chorar em nosso primeiro sinal de angústia proveniente deste provável primeiro conflito dos muitos que iremos ter ao longo de nossas vidas.
Mas afinal, de onde vem tantos conflitos. Eles são verdadeiros ou fazem parte de nossas fantasias inconsciente?
Sim, nossos conflitos são reais, e por vezes nos trazem bastante angústia e desespero, porém o que precisa ficar claro é que eles não são como nós pensamos, nossos conflitos não fazem parte do nosso mundo externo, eles são internos, estão na nossa mente.
Ok. Se eles estão em nossa mente, onde eles se iniciam então?
A semente do conflito se da na junção entre os "Símbolos" e os "Fatos". Os Símbolos são aquilo que desejamos, imaginamos, ou seja, o que achamos que deveria ser ou gostaríamos que fosse. E os Fatos são o mundo real, o concreto, ou seja, aquilo que é.
Quando estamos em conformidade, significa que somos coerentes e fazemos aquilo que pensamos, quando se quebra essa junção nasce o conflito.
De que maneira podemos administrar o conflito então?
Existem duas saídas: ou se muda os "Fatos" ou os "Símbolos", ou seja, tudo se resume ao entendimento e condução da dinâmica entre Fatos e Símbolos percebendo que é possível mudar Símbolos o tempo todo, já os Fatos....bem, os fatos são a vida como ela é, ou seja, a vida sempre será como ela se apresenta para nós, como ela quer, e não como nós gostaríamos que ela fosse. A vida não se comunica e nem entende palavras ou conceitos, apenas se manifesta como fatos e acontecimentos. O mais sábio é aceitar a vida como ela é, e assim conseguir a pacificação.
A pacificação é aceitar os fatos como fatos, ou seja, o "deveria ser" ou o "gostaria que fosse", não tem mais sentido, e isso não é conformismo é pacificação.
Só as pessoas pacificadas podem ajudar a si, ao mundo e aos outros. Pessoas em estado de ansiedade, tensão, conflitos, depressão e guerra; tem pouca condição de ajudar, normalmente são mais parte do problema do que da solução e infelizmente trata-se da maioria.
Portanto, lembre-se: Se o cachorro do vizinho late, é porque cachorro late mesmo. Devemos aceitar e conviver com os fatos da vida, mas não nos entregar ou nos curvar a eles.
O início da cura é o acolhimento do que é. E só com paz e aceitação conseguimos nos transformar.
Marcos C. Ciciarelli, Psicanalista, Filósofo e Coach.