Que tipo de Inspiração o seu Anjo lhe traz?
Você, por acaso, já teve um momento de transcendência criativa, como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, García Lorca ou Cecília Meireles?
Com suas obras tão diferenciadas, os quatro autores têm um ponto em comum:
o sentimento ou a impressão de que algo ou alguém (de fora) os ajudou a escrever alguns de seus textos mais celebrados.
Os depoimentos estão reunidos no livro A Inspiração Espiritual na Criação Artística, da professora e pesquisadora Cristina da Costa Pereira.
E não são só esses quatro, vários outros artistas de fama internacional relatam experiências semelhantes. Ao terminarem um trabalho, ficam admirados e se perguntam:
como foi que eu fiz isso?
No caso de Fernando Pessoa, a memória do poeta carregava lembranças um pouco vagas de um transe mediúnico que o marcou especialmente.
Durante uma “interminável noite de insônia”, ele escreveu direto (psicografou?) grande parte do que viria a ser O Guardador de Rebanhos.
Os versos que brotaram ali, para se tornar um livro célebre, são apontados como a obra-prima de seu heterônimo Alberto Caeiro.
Ninguém está livre disso
Nas frenéticas ilhas de edição do telejornalismo diário, em que as hard news se sucedem sem parar, frequentemente “milagres” também acontecem.
Em meio à correria insana do fechamento dos jornais, por incrível que pareça, a coisa mais rara do mundo é uma matéria não ir ao ar. Mesmo quando o caos se instala e tudo parece perdido, o universo conspira mais uma vez, e tudo dá certo...
Pode ser algo de menor importância – os factuais meio repetitivos do noticiário – em comparação com a Poesia ou com a Filosofia, mas o fato é que:
os Anjos também parecem atuar no cotidiano das emissoras de TV: para que os jornalistas não percam seus empregos, para que a roda da história continue a girar, com cada um desempenhando o seu papel e com todos interagindo entre si...
Ainda que efêmero e brutal, o jogo da vida também se constrói com essas preciosas oportunidades – de troca, embates e encontros, aprendizado e crescimento.
Pelo menos, assim eu creio. E acredito que o cineasta Wim Wenders também.
Que a luz se faça!
Mesmo os que não acreditam na presença de Anjos ou na intervenção de Forças e Poderes similares em nossas rotinas, mesmo pessoas céticas, dificilmente assistirão com indiferença ao filme Asas do Desejo.
O realizador alemão lançou em 1987 este clássico do Cinema. São muito marcantes várias cenas em que anjos da guarda (ou amigos espirituais) procuram influenciar positivamente os seres humanos encarnados:
- para que eles produzam obras artísticas ou científicas relevantes para a humanidade
- para que alguns “predestinados” se engajem em causas e se tornem úteis ou até mesmo imprescindíveis para a evolução planetária
- ou simplesmente para que alguém que está tomado (ou obsidiado) por ideias sombrias não cometa o suicídio, achando que assim se libertará de sua consciência.
Simultaneamente à atuação desses Anjos, existiriam também no cosmos os gênios do mal, agindo com intenções contrárias.
Em vez de palavras de conforto, otimismo e esperança, eles viveriam a sussurrar nos ouvidos (de nossas almas) as piores ideias: suicidas, bélicas, niilistas, raivosas, depressivas – sempre com o intuito de desarmonizar e desestabilizar os seres humanos.
Mas podem ser também “inspirações tortas”, que levem à produção de filmes, livros, peças de teatro, canções, obras de arte em geral impregnadas de negatividade.
O objetivo seria o de gerar reflexões ou sensações que conduzam o público a um pessimismo em grau máximo, a um completo abatimento, ao consumo de drogas, ou então à escravidão da gula e da luxúria, à ganância e ao egoísmo, ao preconceito, ao ressentimento, ao ódio, à agressividade, discórdias e guerras. Opções não faltam.
Zapeando no menu televisivo, à procura de algo que seja interessante ao nosso paladar, quantas vezes nos deparamos com “criações artísticas” tão mórbidas e sádicas, tão incômodas e perturbadoras que – nos perguntamos:
– Como alguém pôde conceber uma coisa tão horrenda e nefasta?!
Talvez o roteirista do filme (assim como o diretor, etc.) possa responder à pergunta olhando para o invisível – e indagando:
– Será que foi invenção só minha, ou será que............?
Liberdade de escolha
No longa-metragem de Wenders, também encontramos um outro tipo de Anjo. O que é interpretado pelo ator Bruno Ganz (o personagem Damiel) não é propriamente “um anjo caído”, mas está doidinho para cair – aqui na Terra.
Seu espírito muitas vezes solitário tem vontade de viver encarnado no planeta. Apesar de tudo de pesado e sofrido que possa lhe advir ou que possa lhe estar reservado, ele deseja muito se mudar para cá.
Damiel sente uma certa “invejinha” dos homens e mulheres de carne e osso. Além disso, apaixonou-se perdidamente por uma trapezista de circo.
Mas lá, na eternidade um pouco entediante do plano espiritual, ele sabe que ainda há muito trabalho a ser feito. São pessoas demais (milhões, bilhões de seres) que necessitam de ajuda, proteção e incentivo:
- para que consigam encarar as durezas da vida sem jogar a toalha
- para que consigam se livrar das influências de entidades pouco esclarecidas, ainda embrutecidas, mal intencionadas
- para que consigam expandir seu discernimento e sua sensibilidade, de modo que elas (mesmo ainda encarnadas) também ajudem a espalhar boas vibrações pelo mundo.
Em Asas do Desejo, quem vai ajudar Damiel é o personagem de Peter Falk (o famoso detetive Columbo da série de televisão), que interpreta ele mesmo. Na ficção criada por Wim Wenders, Falk está em um set instalado na melancólica Berlim pós Segunda Guerra, para participar de uma filmagem.
Ninguém ali sabe, mas o ator também era um Anjo, que existia desde antes do surgimento da Terra. Em algum momento, ele descobriu como fazer a transição do espaço celestial para a vida aqui embaixo.
Se vale a pena? Não dá para generalizar. Damiel tem que fazer sua escolha, para depois descobrir na balança o valor do custo e do benefício.
(a tradução literal do título em alemão seria: O Céu Sobre Berlim)
Quanto aos artistas que vivem hoje no planeta, Salve-Salve a Liberdade de Expressão, para sempre!
Com uma única ressalva cabível: a de que somos responsáveis pelos conteúdos que colocamos em circulação para consumo da sociedade.
Arte e Cultura contêm e propagam informações e energias, positivas ou negativas.
O que não significa dizer que as criações artísticas precisem ser chatas, enfadonhas, mesmo quando pretendem ser educativas. Pelo contrário, elas podem e devem ser espirituosas, divertidas, envolventes, instigantes!
De uma forma ou de outra, sempre torço para que esses trabalhos auxiliem na consolidação de uma paisagem mental e emocional coletiva que esteja:
em sintonia com a Luz e não com as trevas
em comunhão com o Amor e não com qualquer outra coisa que represente o oposto dessa Bênção Maior que nos foi concedida.
Quanto ao livro citado no início do artigo, ele foi publicado originalmente em 1999, mas já conta com uma série de reedições.
Um dos relançamentos foi em 2016, em um evento realizado no Lar de Frei Luiz, no Rio de Janeiro.
Atualmente, a obra pode ser encontrada em lojas físicas e virtuais. Sobre o tema e a abordagem, a autora comentou:
“A proposta deste livro é sugerir que a inspiração do artista pode também lhe chegar pela via espiritual e, nesse momento específico, ou o artista perceberá a sua voz interior, o seu próprio espírito, com toda a bagagem adquirida ao longo das várias encarnações, ou será uma antena, exercendo um tipo de mediunidade, o que lhe exigirá disponibilidade e humildade, através da consciência de que, por vezes, ele é um canal da espiritualidade para conduzir a arte à Terra.
Isto sem nos esquecermos do sonho, pois, durante o sono, ao se libertar da matéria, outros espíritos podem inspirar-lhe músicas, poesias, pinturas, coreografias etc.
A criação do artista parece-me então marcada de fenômenos anímicos e mediúnicos.
E isto, em absoluto, não significa que não há todo um árduo trabalho do artista no sentido de burilar, aprimorar sua criação. Paralelamente à inspiração, existe a necessidade da busca de informação, de pesquisa intensa, de estudo teórico e prático.
Não partilha este livro a ideia de que a obra cai pronta na mente, nas mãos do artista, como num passe de mágica, nem se tem a intenção de tirar o mérito e o valor do artista.
É preciso também ressaltar que neste livro não trataremos da arte mediúnica, pois já há uma vasta literatura neste sentido.
Interessa-nos abordar aqui a relação que se processa entre os componentes material e espiritual na criação de uma obra de arte. Se o artista consegue processar estes dois elementos com harmonia, despojando-se da vaidade e desvestindo-se da arrogância, tanto melhor.”
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Rogério Imbuzeiro
Revisor e Redator Final de Textos para empresas e profissionais autônomos – sites, blogs, ebooks, artigos e outras publicações. Editor de Conteúdo. Jornalista.