Que venha 2018!
Apesar do caos político, em 2017, o Brasil finalmente deixou para trás a mais profunda, longa e dura depressão econômica da sua História. O PIB cresceu nos 3 primeiros trimestres do ano e os indicadores já conhecidos sugerem que o ritmo de crescimento se acelerou no 4º trimestre. A confiança dos consumidores e de empresários de todos os setores da economia vêm melhorando desde dezembro de 2015. Desde abril, os empregos começaram a voltar e 2,3 milhões de pessoas antes desempregadas voltaram a trabalhar. A nova legislação trabalhista deve ajudar a sustentar esta tendência.
Com a inflação caindo para o nível mais baixo em 20 anos, a taxa Selic caiu para o menor nível da História. Recentemente, isto começou a impulsionar também os setores de bens duráveis – sempre os últimos a se recuperarem após crises econômicas. Em outubro, as vendas e a produção de veículos cresceram mais de 40% em relação a outubro de 2016 e as vendas de imóveis no país cresceram mais de 20% no ano. As vendas de papelão ondulado – o melhor indicador das expectativas da indústria para o futuro - cresceram 4% no ano e 8% no último mês. O comércio espera o melhor Natal em pelo menos 3 anos; talvez, em 5 anos.
O futuro é sempre incerto e, com relação a 2018, não é diferente. A Reforma da Previdência e a Reforma Tributária serão aprovadas? Se forem, podem contribuir para melhorar as contas públicas e fortalecer a competividade da economia brasileira, colaborando para o aumento dos investimentos produtivos e, por consequência, para a geração de mais empregos e para um crescimento mais acelerado e mais duradouro.
Maior ainda é a incerteza eleitoral. Ainda não sabemos ao certo quem serão os candidatos, menos ainda o que farão se eleitos. Apesar disso, o risco de uma guinada substancial na política econômica que possa colocar em risco a recuperação parece relativamente limitado.
As maiores preocupações viriam de uma eventual eleição de Lula à Presidência, mas essa possibilidade é mais remota do que parece. Em janeiro, o TRF-4 deve decidir sobre o apelo de Lula à decisão do juiz Sergio Moro, que o condenou a 9,5 anos de prisão. Em 70% das decisões do TRF-4 sobre apelos de decisões da 1ª instância da Justiça em casos da Lava–Jato, o TRF-4 não apenas confirmou a condenação, mas endureceu as penas dadas por Moro. Mantida a condenação, mesmo que a pena seja abrandada, Lula será enquadrado como ficha suja e impossibilitado de se candidatar nas eleições. Uma eventual condenação é passível de embargo pela defesa de Lula, mas os embargos normalmente são rejeitados. Ainda caberia um apelo ao STF sobre a decisão, mas Lula permaneceria impedido de participar das eleições. Assim, a chance de que Lula possa vir a ser candidato é de menos de 30%.
O futuro é sempre incerto e, com relação a 2018, não é diferente.
Em segundo lugar, mesmo que seja candidato, sua chance de ser eleito é menor do que uma leitura rápida das pesquisas eleitorais mais recentes sugeriria. As mesmas pesquisas mostram que a maioria dos eleitores ainda não optou por nenhum dos candidatos e Lula - como aliás a grande maioria dos pré-candidatos conhecidos - tem taxas de reprovação maiores do que as de aprovação, o que mantém o resultado da eleição bastante incerto.
A última questão é, se eleito, Lula mudaria radicalmente a política econômica, colocando a recuperação em risco? Possível, mas improvável. Nunca é demais lembrar que, quando assumiu em 2002, ele fez exatamente o contrário, trazendo para Presidente do Banco Central o atual Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, banqueiro internacional respeitado e então recém-eleito deputado federal pelo PSDB. Lula está magoado com “as elites” e, ameaçado por um número de processos que não para de crescer, deve ter atitudes diferentes se chegar à Presidência desta vez, mas a liberdade de imprensa e a independência da Justiça parecem muito mais em risco do que a política econômica.
Lula não é o único que, se eleito, eventualmente poderia mudar radicalmente a política econômica, colocando a recuperação econômica em risco. Ciro Gomes, Marina da Silva e Jair Bolsonaro também representam algum risco, mas as chances de Ciro Gomes ser o próximo presidente parecem baixas e Marina e Bolsonaro vêm, cada vez mais, apoiando as políticas econômicas atuais. Só teremos certeza se suas conversões à ortodoxia econômica são genuínas se um dos dois vier a ser eleito, mas os riscos de loucuras econômicas parecem estar diminuindo.
Os outros principais potenciais candidatos que se vislumbram hoje – Henrique Meirelles, Geraldo Alckmin, João Dória, João Amôedo e Alvaro Dias – têm diferenças enormes entre si, mas nenhum apoia mudanças de política econômica que colocariam a recuperação em risco.
Em resumo, riscos eleitorais existem – até porque não é possível descartar o surgimento de outros candidatos competitivos – mas parecem limitados. Riscos externos – uma guerra ou uma crise financeira global – talvez sejam até mais significativos, mas o resumo da ópera é que, se nenhum deles se materializar, o mais provável é que o crescimento da economia brasileira em 2018 e nos próximos anos supere - talvez por muito – a expectativa média de crescimento da maioria dos economistas na casa de 2% a.a..
Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner e ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças.
Quer receber meus artigos por e-mail? Cadastre-se aqui.
Clique aqui e conheça as minhas palestras.
CONSULTOR COMERCIAL - (PJ) - RIO DE JANEIRO
6 aVamos consultar a lista dos Deputados que não devemos deixar no Congresso Nacional. Pois os mesmos só nos consideram a cada 2 anos nas eleições municipais e nacional. No dia do voto temos um valor incalculável, somos as pessoas mais adoradas do planeta chamado Brasil. Depois as portas se fecham por quatro anos, só temos uma chance de tentar mudar. Lembrando que entre nós, tem pessoas infiltradas, para nos convencer que eles estão prontos para governar para povo. E estas pessoas depois que garantem a eleição do mau caráter, tiram proveito disto, conseguindo por 4 anos o seu cargo de confiança, com um salário gordo e pronto pra curtir da cara do povo. Vamos nos atualizar e ficar atentos, eles estão entre nós e esta é época da caça aos votos dos "bonzinhos" em pele de cordeiro.
Diretor Comercial na Imobiliaria Comerlato
6 aArtigo claro e conciso , fácil de entender e meditar . Parabéns .
Gerente de Vendas | Engenheira Química
6 aNão compreendo a necessidade de alavancar a economia retirando direitos da grande massa trabalhadora, já tão desgastada. Enquanto os humildes sofrem, grandes empresários batem palmas.
Instituto de Arte e Comunicação Social | Universidade Federal Fluminense
6 aO pior tipo de miopia é a voluntária...