Quem constrói o futuro?
Desconhecido do grande público, o filme Piratas do Vale do Silício (Pirates of Silicon Valley,Direção Martyn Burke Estados Unidos, 1999) mostra o nascimento das duas mais importantes indústrias de informática do mundo: Microsoft e Apple. O filme conta a história de Steve Jobs e Bill Gates, e como um grupo de jovens mudou o mundo a partir de suas pequenas empresas de fundo de quintal.
Dois importantes pontos sobre o desenvolvimento profissional estão presentes no filme: o empreendedorismo e o trabalho em equipe.
Tanto Jobs quanto Gates apostaram tudo o que tinham (e o que não tinham) em suas idéias. Em determinado momento do filme, Jobs vende seu fusca para investir na Apple. E o mais importante: cansado de ser mal recebido nos bancos por suas roupas e cabelo, adota um novo visual mais “aceito” pelo mercado. Já Gates abandona a universidade, se muda para o outro lado do país e monta sua empresa em um quarto de hotel.
A crença que ambos demonstram em suas idéias e na visão de um futuro no qual os computadores pessoais estariam em cada mesa de trabalho se choca frontalmente com o status quo das grandes industrias, representadas pela HP (que não se interessa pelo projeto do computador pessoal) e a IBM (que abre mão dos direitos dos softwares, por acreditar que os lucros estariam na construção dos equipamentos). O empreendedorismo de ambos é ressaltado em diversas cenas do filme. Em uma delas, Gates fecha um contrato de fornecimento de sistemas operacionais com a IBM, sem ao menos ter o programa desenvolvido.
O crescimento vertiginoso de ambas as empresas leva ao segundo ponto de destaque do filme: a importância do trabalho em equipe. Jobs cria uma empresa impregnada por uma cultura informal, mas que exige de seus funcionários uma dedicação quase religiosa: trabalham 90 horas por semana e se orgulham disso. O sentimento de pertencer a uma grande família (que se estende até mesmo aos consumidores da marca Apple) fez com que a empresa se transformasse em uma usina de idéias que mudou o mundo como o conhecemos. Grande parte dos aparelhos e gadgets eletrônicos que usamos são baseados em idéias da empresa. Seu design limpo, elegante e intuitivo influenciou os mais diversos produtos: de automóveis a televisores, de eletrodomésticos a móveis. Mas ao criar um novo grupo de trabalho para desenvolver o computador Macintosh, Jobs cria um racha em sua equipe. O antigo sentimento de grupo dá lugar a uma guerra declarada dentro da própria empresa, que acaba por afastar Jobs de sua direção.
O filme é extremamente interessante por humanizar dois personagens que são ícones de nossa época. Mas sugiro que, após assisti-lo, pense um pouco em sua carreira: até que ponto tem se permitido sonhar grande? E até que ponto tem buscado transformar seus sonhos em realidade?