Quem não separa situações, mistura problemas.

Quem não separa situações, mistura problemas.

Olá!

Neste artigo trago um alerta muito importante para o seu negócio e para a sua vida.

É sobre a importância de não misturar as coisas e os benefícios que essa prática agrega.

Pequenos negócios costumam nascer com sociedade entre amigos ou familiares. Neste quesito já é preciso observar um ponto importante, que é a separação das funções (quem cuida do que) e ter um canal aberto para conversa francas e cobranças de uma parte a outra, sem que isso seja levado para o lado pessoal. Não é nada fácil, concorda?

Crises de comunicação surgem quando um não aceita ouvir o outro, e muitas vezes isso é apenas um reflexo do que já acontece no relacionamento de ambos. Aliás, em casos assim, nem deveria se iniciar um empreendimento conjunto.

Outro erro comum é duas pessoas se tornarem sócias por terem pensamentos e gostos semelhantes. Isso é ótimo para amizade ou relacionamento amoroso, mas de longe é algo que seja útil quando se trata de negócios. Nesse caso, o ideal é quando duas pessoas tem competências e habilidades distintas que se somam em benefício do projeto.

Por exemplo, um tem excelente capacidade de persuasão, é ótimo vendedor e gosta de lidar com o público. O outro já tem perfil mais reservado, é atento aos detalhes e se dá bem com análises de planilhas, controle contábil e de finanças. É um “casamento” que tem grande chance de dar certo.

Quando se trata de pessoas próximas por parentesco ou laços de amizade, cuidado também ao pensar em contratá-las apenas por isso. Podem ser de confiança, mas são de fato capacitadas para executar o que você precisa? Vejo pequenos empresários abrindo um negócio para poder “dar emprego” aos familiares e amigos, sem passar pelo crivo de análise de comportamento e de capacidade para ocupar os cargos, e o resultado normalmente é muito ruim. Pois aí entra o que comentei no início, a dificuldade de se fazer cobranças e críticas, assim como a aceitação das mesmas.

Sua empresa não deve contratar pessoas por dó. Empresa não é assistência social; lembre-se muito bem disso.

Ou seja, só contrate alguém que você não fique desconfortável em demitir se necessário. Quando é alguém da família, pode gerar uma crise familiar com acusações e quem perde é o seu negócio. E se seu negócio sofre, no fim quem sofre é você. Para um empreendimento dar certo, é preciso que você esteja feliz com ele. Simples assim.

Não misturar as coisas em tempos de pandemia e home office se torna um conselho ainda mais fundamental para que sua produtividade não caia.

Não apenas a área de trabalho e o espaço físico precisam estar definidos para cumprir sua jornada, como também mentalmente você precisa separar o fato de estar em sua casa. Nada de distrações como tv, querer levar o notebook para a cama ou sofá... a postura física e mental precisam estar condizentes com o seu compromisso. Elas se tornam indicadores do quanto você está focado nos resultados.

Quando se abre um negócio próprio, você deixa de ter um patrão ou chefe que fique diretamente cobrando resultados. Então essa cobrança deve partir de si próprio, e a falta de disciplina se torna um ingrediente que interfere no crescimento dele. Ou seja, você tem que separar seu “eu” pessoal do seu “eu” empreendedor.

De modo geral, o que é preciso fazer é saber separar os papéis, assim como os atores fazem quando interpretam seus personagens.

Se um negócio é montado pelo casal, eles tem diferentes papéis que devem ser respeitados em cada momento: o papel do marido/esposa, o papel de pai/mãe, o papel de sócio/sócia.

Por exemplo, eu e minha esposa trabalhamos juntos há mais de 13 anos na empresa que fundamos a partir de um carrinho de pipocas, a Pop´s Fantasy. Desde a época em que éramos ambulantes até hoje, quando cada um cuida de uma parte, sempre separamos as funções de acordo com as afinidades de funções. Atualmente, minha esposa gerencia a produção e acompanha o financeiro. Eu faço a administração geral com foco no marketing e novos projetos.

Temos reuniões entre nós para discutir problemas ou ideias que necessitam da aprovação ou a opinião das duas partes, mas temos decisões que cada um tem a liberdade de tomar quando se refere ao seu setor. Coisas que envolvam investimentos e custos costumam ser compartilhados, assim como é preciso haver respeito pelas cobranças que um faz ao outro.

As decisões são baseadas naquilo que cada um enxerga como sendo o melhor para a empresa, e não para o próprio ego ou opinião simplesmente. Às vezes erramos no julgamento, mas temos muito mais acertos do que erros. São comportamentos que vimos lapidando ao longo dos anos. Outra coisa importante a ressaltar é que estamos sempre estudando para aprender novas coisas, então as decisões são alinhadas a conceitos ou ideias que deram certos em outras empresas e organizações; não são puro e simplesmente achismos. Isso impede a briga de egos e leva a discussão a um nível profissional.

Como estou dando ênfase nas relações familiares, sinto que vale a pena ressaltar que não misturar as coisas significa também respeitar as diferenças. Muitos empresários querem que seu negócio seja administrado por algum filho ou filha assim que se aposentarem, mas é preciso entender se um deles tem vocação para empreender, se gostam realmente desse negócio ou segmento.

Tenha portanto cuidado na transição. Porque entendo que você queira que um herdeiro direto cuido de um negócio que fez sentido para a sua vida, para seus valores pessoais. Mas é preciso respeitar e entender que ele possa ter suas próprias vontades e aspirações.

Se você o força a fazer o que não gosta, está levando infelicidade a ele e seu negócio tem grande chance de fechar. Negócio fechado significa prejuízo. Na sua vontade de fazer o certo, você cultiva o resultado inverso. Ele sentir-se-á revoltado, e o negócio que você tratou com tanto carinho e dedicação, é abandonado. A gestão deve ser sempre profissional. Se não há quem possa cuidar com a devida atenção o seu negócio, é melhor vendê-lo sem apego e deixar que cada um siga o caminho que escolher para si próprio, assim como você fez.

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Abraços de cotovelo!


 


Fernando Tobgyal M.e

Professor - Autor - Marketing Digital na Faculdade Católica Paulista com expertise em Mídia e Tecnologia

4 a

Tenho usado sua história nas aulas de Administração de Marketing. Lembro sempre de vocês.

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