Quem quer falar com ele? De onde? Pode adiantar o assunto?

Quem quer falar com ele? De onde? Pode adiantar o assunto?

Como a cultura da síndrome de grandeza e da efetividade inútil afeta o resultado das empresas.

Eu já escrevi isso em alguns posts meus e até um artigo. Que você pode ler aqui.

O profissional brasileiro, em sua maioria, sofre de duas síndromes que considero estúpidas e que impedem qualquer inovação:

A síndrome da grandeza

A pessoa sempre se mostrou empática, acessível, ficava na expectativa de ser procurada para poder oferecer ajuda e mostrar o caminho das pedras com seu conhecimento. Niqui* ela sobe um pouco na vida, pronto, virou rei ou rainha. A medida que o cargo sobe, mais distante o trono vai ficando. Seja supervisor, gerente, head, diretor, C-level. É um calvário conseguir falar com tomadores de decisão. Fora o bando de barreiras humanas que as pessoas criam, sejam assessores, secretárias e atendentes.

*niqui é uma expressão mineira que nada mais é o famoso "No que..."

É impressionante como nas culturas dos países de 1º mundo, você fala com mais facilidade com o dono da empresa. Ele mais do que ninguém sabe o custo de perder um bom negócio só porque ele é o "Ciíôu" da companhia. A cultura desses países é de resultado.

Claro que em grandes corporações, se o assunto for de interesse, rapidinho você está a 2 ligações de um manda-chuva qualquer. Já aqui no Brasil é complicado. A frase que dá título ao artigo resume bastante. Você liga querendo oferecer uma parceria, negócio, serviço, seja o que for. Aí você tem que responder de onde é, qual o assunto, se pode adiantar, etc.

Estou há pouco mais de 5 meses aguardando retorno de um profissional que admiro sobre uma apresentação da minha empresa. 5 meses. Como procuro ser empático com todos, eu sempre fico na expectativa, mas pra mim, por todos os sinais que já recebi, acho que dificilmente esse retorno virá. Como esse exemplo existem muitos outros: propostas urgentes que não são retornadas, ligações que ficam no limbo, e-mails que não são retornados. Acredito que não seja só comigo essa experiência cotidiana.

A síndrome da efetividade inútil.

Em outra situação que estou vivendo, consegui marcar essa semana uma call com um profissional que estou tentando há mais de 6 meses. Gente, 6 meses onde essa pessoa não tem tempo. Aí eu me pergunto, será que as pessoas sabem o quanto de tempo realmente elas estão perdendo e quantas oportunidades jogadas fora? Será que é erro de planejamento? Acúmulo de funções. Gente, tem tanta ferramenta aí pra administrar tempo, controlar tarefas. Parece que estar ocupado e ter uma agenda cheia é algo que demonstra efetividade. O Rodrigo Giaffredo tem um artigo clássico sobre reuniões que poderiam ter sido evitadas com um e-mail.

A metodologia ágil é algo que auxilia demais hoje as empresas e os profissionais a serem mais efetivos, realmente efetivos. O Reclame Aqui tem um formato de reuniões com as equipes que são feitas em pé, sim, todos em pé e não podem consumir mais que 15 minutos.

Mas em muitas organizações vemos as reuniões longas, que geram outras reuniões longas e por fim resultam numa última reunião ainda mais longa para definir tudo que não foi definido nas anteriores. Resultado: gente trabalhando horas extras e prazos ou orçamentos estourados para problemas que poderiam ser resolvidos com uma efetividade verdadeira.

O Eberson Terra postou esses dias sobre os profissionais que precisam estar constantemente ocupados para parecerem eficientes. Eu já convivi, infelizmente, com alguns. Eles minam o acesso das pessoas aos diretores e líderes da empresa para que eles possam ser a vitrine do resultado de seus liderados. Os problemas ficam represados e na hora que estoura, sabe quem é prejudicado, o funcionário que é desligado. Justificativa: uma reestruturação da área. Siga a Frima Steinberg e acompanhe os posts da Dama de Ferro do RH e Top Voice do Linkedin. Ela tem uma experiência incrível.

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Relacionado: Você pode estar sendo limitado na sua carreira e talvez não saiba disso.

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Alguns caminhos que sugiro pra você profissional que está lendo esse artigo, seja qual for o seu nível na organização: seja mais acessível. Comece sendo acessível internamente. Seja acessível para seus liderados e também para seus líderes.

Se sua caminhada na organização for ascendente, lembre-se e sempre de cumprimentar quem estiver descendo ou parar para ouvir os que estão cansados ou parados no meio do caminho. Te garanto que você vai conquistar corações e mentes!
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Espero que tenha gostado do artigo. Por favor deixe seu comentário.

Aproveite e conheça a página da minha empresa, a CR75 Creative Thinking. Se preferir visite meu Instagram para ver alguns conteúdos compartilhados por lá de projetos que já realizei e estou realizando de Branding, Design e Comunicação Estratégica.

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Cristiano Henrique

Cristão, casado, pai, designer, mentor e palestrante. Idealizador do Cafézin, que conecta idéias e pessoas, e do LinkedTalks, que compartilha conhecimento através de entrevistas com especialistas de diversas áreas. Atualmente atua como Outsider Criativo, idealizando processos de comunicação e branding para empresas no Brasil e no exterior.

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José Antonio Franco Ferrari

Conselheiro na UX Group, Professor Associado na Fundação Dom Cabral e Consultor Empresarial

5 a

Ótimo artigo. Comunicação é tudo. Quem se fecha para o mundo, certamente perderá grandes negócios.

Enio Klein

Ajudo pessoas e empresas a desenvolverem modelos de negócios digitais, colaborativos e sustentáveis. Foco em privacidade, proteção e governança de dados.

5 a

Um outro lado da mesma moeda e aí sim o artigo está completamente certo é quando a comunicação é solicitada. Quantas vezes algum Dono, CEO, Diretor ou mesmo um gerente nos faz alguma solicitação ou nos demanda alguma proposição e depois por alguma razão resolve não falar com a gente mais. Solicitam, a gente gasta tempo para entender e responder, daí nunca mais temos retorno. É uma falta de tudo, inclusive respeito com o tempo alheio. 

Enio Klein

Ajudo pessoas e empresas a desenvolverem modelos de negócios digitais, colaborativos e sustentáveis. Foco em privacidade, proteção e governança de dados.

5 a

É um artigo bastante real e creio que todos nós já passamos pelas situações muito bem descritas.  É bom, contudo, levantar algumas questões para a reflexão de todos. A  gentileza de "responder não" não é uma característica não presente na cultura brasileira. Isto é, não sabemos dizer não. Preferimos a omissão ou a conversa paralela a responder com um não a quem nos propõe alguma coisa. Isto é fato e  se incorpora a outros tantos que precisam entrar na nossa formação desde cedo.  Mas não é sobre isso que vou escrever. Prefiro tratar a perspectiva do que fazemos que potencializa esse comportamento. Talvez se  olharmos sob este ângulo, as coisas mudem um pouco. Começo com uma pergunta: a quanto de informação, proposições e convites a comprar somos submetidos de forma não solicitada em nosso dia a dia?  Diria que em quantidade muito maior do que conseguimos processar, mesmo que estivéssemos interessados. Concordam? Pois é. Se a gente for ser educado, olhar cada uma delas e responder educadamente com um não explicado, talvez não sobre tempo para fazer mais nada. Assim, quem usa a comunicação não solicitada como estratégia, não pode esperar resposta. Não basta ser, precisamos parecer  ter e comunicar relevância para ganharmos atenção.

Parabéns pelo artigo!

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