Quem tem medo do Psiquiatra? Meu filho precisa de um psiquiatra?

Quem tem medo do Psiquiatra? Meu filho precisa de um psiquiatra?

Acordar cedo para a escola, esporte, inglês (  muitas vezes logo após deixar as fraldas e a chupeta ), estudar história, matemática, redação...

Acompanhar youtube, instagram, Snapchat, face, tuitter, Tumblr... para não ficar “out”. Compromissos familiares e “sociais” no final de semana, conflitos na escola e na vizinhança... Realmente não está fácil ser criança e adolescente hoje em dia.

Muitos sintomas que aparecem nesta fase refletem alguma condição ou dificuldade de adaptação diante de mudanças, além de singularidade no processo de desenvolvimento e aprendizado. A escola e os responsáveis são fundamentais no processo de reconhecimento de possíveis distúrbios.

Há situações em que a criança ou o adolescente precisam de ajuda e intervenção especializada diante de alguma dificuldade (geralmente temporária). Por exemplo: problemas de relacionamento na escola ou em casa, perdas e lutos, mudanças e dificuldades escolares.

Porem há casos em que estas dificuldades refletem um transtorno, que se não reconhecido e tratado adequadamente, pode acarretar consequências durante toda a vida, tais como: uso abusivo e nocivo de álcool e drogas, depressão e ansiedade, dificuldade nos relacionamentos interpessoais, abandono escolar, mudanças freguentes de curso superior e/ou emprego.

Estudos mostram que cerca de 10%  das crianças tem algum transtorno na face da infância e adolescência, e alguns deles diagnosticados somente na idade adulta já    apresentavam   sintomas  na  infância.  Como resultado, diversos    acontecimentos   ruins   e  prejuízos catastróficos   poderiam  ser  evitados.

Costuma-se classificar os transtornos da Infância e Adolescência em três tipos:

- Transtornos do  Neurodesenvolvimento : Transtorno do Espectro Autista, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Retardo mental e Distúrbios de Aprendizagem;

- Transtornos Emocionais: Depressão, Bipolaridade, Ansiedade;

- Transtorno de Comportamento: Transtorno de Conduta e Opositor Desafiante.

Um bom psiquiatra da Infância e Adolescência consegue identificar às situações em que é necessário intervir e qual o tipo de intervenção. Quero deixar claro que intervir nem sempre é medicar, podemos indicar exames complementares, acompanhamento psicoterápico ao menor ou aos pais, avaliação fonoaudiologia ou pedagógica. Até mesmo mudanças necessárias na rotina da casa ou da escola podem ser uma intervenção oportuna e suficiente.

Porem quando é necessário medicar, é preciso orientar aos pais a importância da medicação adequada em determinado momento da vida.

Como em qualquer área da medicina, a medicação deve ser indicada sempre analisando o fator custo-benefício, e na  pratica clinica vemos grandes benefícios e mudanças positivas na vida da criança e da família.

Concordo que hoje em dia muitas crianças e adolescentes estão sendo medicados de forma errônea e abusiva, mas por outro lado, também vemos muitos casos em que a medicação e a intervenção são necessárias, e a criança vai acumulando os prejuízos desta “não intervenção” .

Além disso, as potencialidades da criança podem não ser aproveitadas e o desenvolvimento emocional e cognitivo serem prejudicados.

Os pais também precisam ficar atentos às expectativas em relação aos filhos, conhecerem o temperamento e respeitarem as limitações de cada um. Refletir sobre estas expectativas é importante, pois o que esperamos de um filho pode não ser o que ele nos dar.

Procure sempre um profissional capacitado!

Drª Gianna Testa

Médica Psiquiatra com atuação em Infância e Adolescência.


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