Querer é Poder? Querer e Poder
Vira e mexe alguém vem com a conversa: “Nossa, não aguento mais meu serviço. O horário me escraviza, a rotina me emburrece e meu chefe, ah, meu chefe me sufoca. Além, é claro, de ser um incompetente”.
Com a mesma cara que escuto, opino: “Sai de lá uai”.
Invariavelmente, salvo raríssimas exceções, recebo de volta olhares esbugalhados, de incredulidade, diante da minha tamanha estupidez simplória.
“ EU NÃO POSSO SAIR DE LÁ!” - É, muitas vezes a resposta já vem em tom alterado. - “Eu tenho aluguel pra pagar, colégio dos meninos, minha faculdade, prestação do meu carro, ração do cachorro, boleto da viagem pra Disney, e mais isso, e mais aquilo”. Normalmente uma lista inesgotável de motivos certeiros que forçam a pobre alma condenada a arrastar suas correntes.
Mantendo a mesma cara, replico: “Eu disse pra você sair de lá, diante das suas tantas queixas. Mas eu não disse que isso não traria consequências”.
Esse é o ponto. Querer é poder, pensando aí no sentido dos verbos? Não, querer é querer, poder é poder. Mas, se você quer, você pode, desde que esteja pronto para assumir as consequências da realização desse seu desejo. Toda escolha traz consequências e enfrentar esta realidade é a única forma madura de sair do lugar de insatisfação ou estagnação.
Tal situação vem de encontro também a uma tecla muito batida atualmente, quando se refere a autoconhecimento, empreendedorismo, processos de Coaching e tudo mais que anda norteando as cabeças mais inquietas. A tecla da responsabilidade. Melhor, da auto-responsabilidade, do indivíduo se responsabilizar pelo seu sucesso (o que é mais fácil), mas também pelo seu eventual fracasso.
Os fatores externos existem? Claro que sim, e obviamente influenciam no andamento dos planos e projetos de cada um. Mas, lidar com eles, se auto-responsabilizando, é diferente de se eximir de culpas e sofrer com uma vida cheia de “não posso”.
Não tenho a pretensão de aconselhar ninguém, mas tenho uma dica pra finalizar a conversa. Se por acaso ajudar, use:
Troque o “não posso” pelo “não quero”. E que esse não quero fique relacionado com todas aquelas justificativas que antes faziam você não poder.
“Não quero porque preciso pagar a prestação do meu carro”, por exemplo.
Acho que, agindo dessa forma, provavelmente aquela bola na ponta da corrente arrastada fique mais leve. Perceber que vivemos a vida que escolhemos com certeza nos aproximará de nossos reais valores, permitindo que o nosso caminhar seja cada vez mais consciente, trazendo realizações mais verdadeira no campo profissional e, consequentemente, também na vida pessoal.