QUERO SER CONSELHEIRO EM 
                    EMPRESAS!

QUERO SER CONSELHEIRO EM EMPRESAS!

                      

Tenho percebido ao longo dos últimos anos um aumento do interesse de pessoas em atuar como conselheiros ou conselheiras em empresas.

Algumas pelo perfil, formação acadêmica ou mesmo experiência anterior mostram predileção por conselhos de administração, outras por conselhos fiscais e um outro grupo – que tem se ampliado consideravelmente - tem uma preferência por comitês de auditoria ou comitês independentes de risco.

A despeito do tipo de colegiado almejado, a procura tem sido maior a cada ano que passa.

Determinados profissionais conseguem acumular ao longo de sua trajetória profissional um conjunto de “skills” que podem ser extremamente úteis e valiosos para a direção das empresas, em situações de estresse, em momentos de acirrada concorrência ou mesmo no apoio aos gestores para tomadas decisões estratégicas complexas e sensíveis para o negócio.

Imagine, por exemplo, a desativação de uma planta industrial, o fechamento de um centro de distribuição ou logística, a decisão sobre a aprovação de um plano de demissão de empregados, projetos de fusões ou aquisições de empresas, ou outras decisões que envolvam orçamentos elevados e tempo de avaliação curtíssimo. Poder contar com profissionais que podem ajudar na travessia de tais situações excepcionais é um alento.

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Para que possamos compreender o âmago da atuação de um conselheiro podemos recorrer ao bom e velho dicionário Aurélio que a apresenta como definição:

“Conselheiro - Substantivo masculino - pessoa dá conselhos, quem aconselha, orienta, dá direcionamentos a outrem, aconselhador, guia ou ainda membro de uma comissão que delibera um assunto”

Outra possibilidade é a busca de sinônimos da palavra conselheiro e assim temos as seguintes possibilidades, senão vejamos:

“Conselheiro - condutor, guia, mentor ou mestre”

Perceba que quando se busca a definição ou o sinônimo do termo, além do esclarecimento indispensável para a correta compreensão, observa-se que o nível de responsabilidade do pretendente a conselheiro deve ser elevado. 

Determinadas pessoas acreditam que a atuação em conselhos poderá contribuir para a criação de uma renda mensal importante e dessa forma auxiliar no reforço do orçamento familiar, o que é verdade e não é nenhum demérito ou desabono ter tal tipo de pensamento ou pretensão.

Ocorre que decorrente da nomeação e respectiva posse em um conselho, a contra prestação pecuniária pelos serviços prestados proporciona, muitas vezes, uma responsabilidade maior que qualquer compensação financeira.

Avalie sempre se sua preparação somada à oportunidade que surgiu pode lhe trazer vantagens e enriquece seu currículo, criando até mesmo novas oportunidades profissionais, ou ao contrário, trará mais dissabores e perturbações pelo passo, nem sempre bem avaliado.  

Procure retroceder um pouco em sua vida profissional e veja se você – sendo ou não conselheiro – teve possibilidade de atuar como um guia, um mestre ou um mentor. Se conseguiu auxiliar alguém na condução de uma questão difícil, deu apoio e colaborou na tomada de decisão importante e crucial, ou ainda chamou para si, a responsabilidade para apresentar um caminho diverso daquele que muitos davam como sendo a melhor alternativa.

Se você já teve no passado experiências ricas e positivas com aconselhamentos ou direcionamentos, e se as pessoas no seu entorno reconhecem que você tem qualidades para ser um bom guia, siga em frente, pois você tem grandes chances de sucesso.

Dado que as questões fundamentais de vocação estão superadas pelo que até agora já avaliamos, o que mais um pretendente a atuar como conselheiro deve fazer?

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Quais são os próximos passos e como fazer para transformar o sonho em algo concreto e real?

Assim, de maneira a contribuir para aqueles que pretendem continuar na busca pelo sucesso também como conselheiro, apresentamos 5 (cinco) passos que poderão ajudar em sua jornada:

1.    Procure definir a sua especialidade. Identifique o seu ponto principal forte e veja como ele pode ajudar na busca de sua vaga de conselheiro. Isso quase que determina qual é o colegiado que você deve perseguir na sua candidatura. Alguns profissionais acreditam que tem perfil multifacetado e assim poderão atuar em qualquer tipo de conselho, mas isso não é verdade! Se alguém ainda não lhe disse, saiba que os debates e discussões requerem um nível maior de profundidade conforme o tipo de colegiado. Portanto defina o seu foco.    

2.    Superado o aspecto anterior, determinado um foco claro e definido, mire em sua especialização. Leia, estude e procure se aprofundar em detalhes que possam lhe diferenciar dos demais. Se você é um especialista em riscos, procure obter as certificações indispensáveis, leia e escreva artigos e livros sobre a sua especialidade. Torne-se uma referência no assunto.  

3.    Amplie seu network buscando contato com pessoas ou instituições que possam lhe indicar para um processo seletivo em uma vaga de conselho ou uma entrevista com o acionista controlador de uma companhia. Faça uma lista de quem pode lhe ajudar e se o número de apoiadores for pequeno, não sossegue até torna-lo significativo e fale de seu projeto. Revise seu currículo com o novo enfoque e saiba que atuação em redes sociais, como o Linkedin, é indispensável. Portanto, dê prioridade a isso.

4.    Pesquise o perfil de conselheiros de sucesso no Brasil e no mundo. Conheça diferentes estilos profissionais, veja de que forma se tornaram destaques pelo trabalho desempenhado e avalie o que você pode adaptar para sua realidade. Não copie. Procure definir o seu próprio caminho e eixo de atuação.

5.    Não desista. Trata-se de um funil com a entrada pequena e a saída ainda mais diminuta, mas com boas chances de êxito. Um conselheiro não precisa, ser alguém que já passou por cargos elevados na hierarquia de empresas ou ter mais de 50 anos. Existem jovens especialistas, empreendedores e, até mesmo profissionais que tiveram algum insucesso na carreira, mas que sejam sábios em determinado assunto, são muito disputados para serem membros de conselhos.  

A formação de um conselheiro não se dá em faculdades ou em bancos escolares. O estudo acadêmico é muito bem-vindo e reconhecido em processos seletivos e entrevistas de indicações, entretanto, tudo aquilo que o profissional vem fazendo desde que entrou no mercado de trabalho tem mais peso e valor.

Certificações, eventos, palestras e cursos diversos auxiliam na visibilidade do seu currículo, mas tenha a convicção de que os seus resultados, os desafios superados, as entregas efetuadas, ou seja, o que você produziu de forma exitosa na carreira profissional, deverá ser o principal ativo a ser apresentado.      

O conselho não é o Olimpo ou um oráculo de deuses, mas sim um ambiente da empresa com mesa, cadeiras e pessoas com propósitos comuns e, sem dúvida, sempre existirão vagas nos conselhos para os profissionais que tem vocação para guiar.


EDMILSON GAMA é especialista em Governança Corporativa e Compliance. Advogado, engenheiro e mestre em economia têm livros publicados em finanças empresariais e governança corporativa.  

Edmilson Gama

Diretor Executivo - CFO do BDMG

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